Eu condeno
o assassinato e a violação da “Irmã Tona”, Antónia Guerra de Pinho, ocorridos
em 08 de Setembro deste ano em São João da Madeira, obra de um cadastrado e
violador reincidente. Não ponho em causa as qualidades morais, o fervor
religioso e o labor fraterno desta freira sanjoanense, nem me importo que a
façam santa ao provar-se que morreu a defender a “a sua castidade e fé”.
Todavia, depois das fortes críticas que o Bispo do Porto, D. Manuel Linda, fez
à justiça, que diz ter falhado redondamente no caso desta freira, o que não
deixa de ser verdade, dei por mim a perguntar pelos outros, os pobres diabos
que, sodomizados pelo clero ao longo de anos, não puderam defender a sua
castidade e viram a sua fé traída por quem menos esperavam – por pedófilos paramentados e consagrados.
Impedidas
de clamar por justiça e amarradas à vergonha, muitas destas vítimas ocultaram
os crimes que se abateram sobre elas, sofreram em silêncio, viram as suas vidas
destroçadas e deixaram de acreditar em si e nos outros para sempre, havendo
quem se suicidasse pelos abusos sofridos(1). Como poderemos reabilitá-las, fazer-lhes
justiça, já que santas não querem ser? Só há uma maneira: Obrigar a igreja romana,
a mesma que as flagelou, a pedir-lhes perdão, a indemnizá-las e a entregar à
justiça os seus algozes.
(1)Treze vítimas de padres pedófilos belgas,
entre os anos 1960 e 1990, suicidaram-se devido aos abusos sofridos. Outras
seis tentaram pôr termo à vida sem sucesso, concluiu uma comissão católica que
recebeu 475 denúncias de violações de crianças (os exemplos não se esgotam
infelizmente aqui).
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