ANGELO
VAIRA , um adestrador canino italiano, que ganhou
visibilidade internacional ao imitar os passos de Francisco de Assis em prol
dos animais, percorrendo o caminho do santo padroeiro de Itália de Assis até
Roma, onde se vai reencontrar com o Papa, passando por Assis, Foligno, Trevi,
Poreta, Spoleto, Ceselli, Arrone, Piediluco, Poggio Bustone, Rieti e Monte
Sacro, defende que nenhuma paz será possível a menos que incluamos os animais
nos nossos planos para alcançá-la e que ela é também uma questão de empatia,
compreensão e espiritualidade, justificando o encontro com o Papa por entender
que ele é “o maior influenciador do Planeta”.
Vaira parece esquecer-se
que a paz com os animais não tem o poder de reconciliar os homens entre si e
que só o amor pelo próximo poderá levar ao respeito pelos animais. Ele está na
verdade “a colocar a carroça à frente dos bois”, a exaltar a problemática dos
animais acima dos dramas da humanidade, a braços com as alterações climáticas, com
a pobreza, com a guerra, os refugiados e a fome. Como dificilmente virá a ser
beatificado, e para isso teria que morrer primeiro, Vaira corre atrás do politicamente
aceite e certamente colherá bons frutos disso, porque são muitos os que o acompanham,
destacam e louvam o seu gesto.
Gestos destes sempre
acabam por ser autênticas sacudidelas nas igrejas históricas, que não tendo
outro remédio face ao reduzido número de crentes, acabam artificialmente por
reunir doutrinas teoricamente incongruentes entre si sem perderem os traços
perceptíveis das suas doutrinas originais, substituindo ocasionalmente e quando lhes convém, o Criador pela criatura e o Sacro pelo profano (por vezes até o pagão). É importante não esquecer
que o apego exclusivo aos animais resulta muitas vezes de um problema entre
iguais, da exclusão imputada, carregada ou da auto-infligida. Quando os homens
resolverem as suas eternas querelas, os animais depressa deixarão de ter razão de queixa.
Sem comentários:
Enviar um comentário