sábado, 19 de outubro de 2019

AS PINHAS NÃO SERVEM SÓ PARA ATEAR

Quem disse que as pinhas só servem para atear depois de darem pinhões? À falta de melhor e para servir o mesmo propósito, servimo-nos de um conjunto de pinhas para constituir um slalom, com o objectivo de condicionar a Salsa a movimentos de ida e volta para reforço da liderança e melhor preparo operacional.
Num ecossistema dominado por espécies animais selvagens, que englobam sobretudo aves e mamíferos numa terra a perder de vista, os convites para a perseguição da caça são muitos e tentadores, particularmente para uma cadela gigante que não se intimida perante um javali a foçar lagostins nas valas ou diante de cegonhas entregues à mesma faina. Considerando este cenário, torna-se imperativo demarcar uma área de actuação restrita para a cadela e exigir-lhe a pronta resposta ao chamamento do dono, o que equivale a dizer que os comandos de “quieto” e “aqui” terão que ser instalados eficazmente - sem reticências.
Para que isso suceda é necessário obedecer a um conjunto de protocolos (procedimentos) capazes de condicionar a cadela a procurar a parceria do dono, não de forma arbitrária, mas ordenada, para que a liderança saia reforçada e a hierarquia se institua por força do treino com recompensa. Assim, para melhor condicionamento do animal, para facilitar a aquisição da técnica ao condutor e para se poupar tempo, começamos por fazer o “aqui”, à trela ou à guia. Depois do chamamento do dono (“aqui”), o cão deverá vir ao seu encontro pelo lado direito.
Uma vez ali chegado, com o condutor imóvel e debaixo do comando de “Roda”, o cão passará por trás do emitente da ordem até se reunir com ele na posição de “junto”, imobilizando-se quando correctamente paralelo e alinhando o meio do dorso com as pernas do condutor.
A obtenção do “Roda” irrepreensível com o dono parado é a figura mais difícil das 7 que compõem a sequência “Quieto e Aqui” (quieto; aqui; roda; junto; alto; senta e deita). Todavia, a assimilação da figura é deveras facilitada pelo recurso à recompensa que possibilita o desempenho focado e alegre do animal.
A foto acima denuncia inequivocamente a resistência da Salsa aos comandos, porque foi tirada debaixo de circunstâncias especiais, com o dono por perto (pessoa que adora) e com a sua companheira de correrias à solta, uma Labradora chamada Ginja que tudo fez para a distrair e arrancar do treino. Quem é que disse que treino por definição não é rigor? E assim se passou mais um dia de instrução da Salsa, a Cão de Gado Transmontano que lição após lição não pára de me surpreender.

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