Realizaram-se ontem as ELEIÇÕES LEGISLATIVAS PORTUGUESAS
DE 2019 (para a Assembleia da República) cujo maior vencedor
foi a abstenção que atingiu 45,5% (cerca de 4.200.000 eleitores), que ano após
ano vê aumentado o seu número de aderentes, contrariamente ao que sucede com os
partidos políticos que tanto sobem como descem. O partido mais votado foi o
Socialista de António Costa que alcançou 36,65% do eleitorado presente nas
urnas e 106 deputados (não alcançou a maioria absoluta conforme desejada).
Seguiu-se o esfarrapado
Partido Social-Democrata com 27,90% dos votos e 77 deputados eleitos, partido
que não resolveu a tempo as suas questiúnculas internas e que foi penalizado pelo
povo pela instabilidade que o seu líder (Rui Rio) não conseguiu disfarçar,
apesar de o tentar. Juntos e relativamente a 2015, CDS e PSD perderam 17
deputados. A CDU perdeu 5 deputados, o Bloco de Esquerda conservou os 19
deputados que já tinha no Parlamento e o PAN ganhou mais 3 deputados, passando
agora a ter 4.
Diante destes números, os
partidos vencedores deste acto eleitoral foram somente o PS e PAN. Três novos
partidos, CHEGA, INICIATIVA LIBERAL e LIVRE, conseguiram eleger cada um o seu
deputado, pelo que o novo parlamento vai funcionar com 10 formações
partidárias. Há quem diga que nestas eleições a Direita sofreu uma grande
derrota. Se entendermos como “derrota” o menor o menor número dos deputados do
CDS e do PSD, só podemos acusar os seus líderes pelo descrédito popular.
Rui Rio nunca foi um líder
consensual no PSD e encostou-se demais ao PS e às suas políticas, lembrando o
que outrora fizera o finado Freitas do Amaral, que ao encostar-se à Esquerda,
nunca mais foi bem quisto à Direita. O excesso de protagonismo, o histórico
parlamentar e o discurso de campanha de Assunção Cristas, a primeira vítima da
noite eleitoral (já pôs o lugar à disposição), não convenceram o eleitorado,
acostumado há 4 anos aos beijos do Presidente da República e à mensagem de
esperança de António Costa (continuamos a ser um povo de brandos costumes!).
Penso eu, que não sou
comentador político nem disso falo com os cães, por impossibilidade, que o
elevado número da abstenção está directamente ligado ao descrédito dos
políticos e das suas políticas, que adiam sucessivamente aquilo que há muito deveriam
ter feito. Por outro lado, os partidos que habitualmente nos governam, fartos
em compadrio e sem “Sentido de Estado), têm alguma dificuldade em extrair do
seu seio toda a casta de hedonistas, corruptos, oportunistas e borlistas que,
depois da asneira feita e de se terem “aviado”, são convidados a demitir-se
debaixo de uma auréola de inocência. Enquanto isto, os pesados juros da dívida
externa sufocam-nos, travam as obras públicas e sobrecarregam-nos de impostos.
Há por aí quem apadrinhe que Mário Centeio, Ministro das Finanças, de Ronaldo
das Finanças, melhor seria para todos nós que fosse um Robin Wood dos tempos
que correm!
Em
síntese, “ficou tudo na mesma como a lesma”, a geringonça(1)
continua e poderá estender-se a mais gente. Todavia, o diabo seja cego, surdo e
mudo, uma nova crise económica parece ameaçar o Ocidente e se porventura chegar,
não tenho dúvidas – vai lançar a geringonça para lá das calendas gregas, ainda
que os seus autores consigam safar-se “milagrosamente” a tempo, enquanto o povo
ver-se-á, mais uma vez, obrigado a ranger os dentes e a apertar o cinto.
(1)Coligação
de forças políticas para garantir uma maioria parlamentar.
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