segunda-feira, 7 de outubro de 2019

NÓS POR CÁ: GANHOU A ABSTENÇÃO!

Realizaram-se ontem as ELEIÇÕES LEGISLATIVAS PORTUGUESAS DE 2019 (para a Assembleia da República) cujo maior vencedor foi a abstenção que atingiu 45,5% (cerca de 4.200.000 eleitores), que ano após ano vê aumentado o seu número de aderentes, contrariamente ao que sucede com os partidos políticos que tanto sobem como descem. O partido mais votado foi o Socialista de António Costa que alcançou 36,65% do eleitorado presente nas urnas e 106 deputados (não alcançou a maioria absoluta conforme desejada).
Seguiu-se o esfarrapado Partido Social-Democrata com 27,90% dos votos e 77 deputados eleitos, partido que não resolveu a tempo as suas questiúnculas internas e que foi penalizado pelo povo pela instabilidade que o seu líder (Rui Rio) não conseguiu disfarçar, apesar de o tentar. Juntos e relativamente a 2015, CDS e PSD perderam 17 deputados. A CDU perdeu 5 deputados, o Bloco de Esquerda conservou os 19 deputados que já tinha no Parlamento e o PAN ganhou mais 3 deputados, passando agora a ter 4.
Diante destes números, os partidos vencedores deste acto eleitoral foram somente o PS e PAN. Três novos partidos, CHEGA, INICIATIVA LIBERAL e LIVRE, conseguiram eleger cada um o seu deputado, pelo que o novo parlamento vai funcionar com 10 formações partidárias. Há quem diga que nestas eleições a Direita sofreu uma grande derrota. Se entendermos como “derrota” o menor o menor número dos deputados do CDS e do PSD, só podemos acusar os seus líderes pelo descrédito popular.
Rui Rio nunca foi um líder consensual no PSD e encostou-se demais ao PS e às suas políticas, lembrando o que outrora fizera o finado Freitas do Amaral, que ao encostar-se à Esquerda, nunca mais foi bem quisto à Direita. O excesso de protagonismo, o histórico parlamentar e o discurso de campanha de Assunção Cristas, a primeira vítima da noite eleitoral (já pôs o lugar à disposição), não convenceram o eleitorado, acostumado há 4 anos aos beijos do Presidente da República e à mensagem de esperança de António Costa (continuamos a ser um povo de brandos costumes!).
Penso eu, que não sou comentador político nem disso falo com os cães, por impossibilidade, que o elevado número da abstenção está directamente ligado ao descrédito dos políticos e das suas políticas, que adiam sucessivamente aquilo que há muito deveriam ter feito. Por outro lado, os partidos que habitualmente nos governam, fartos em compadrio e sem “Sentido de Estado), têm alguma dificuldade em extrair do seu seio toda a casta de hedonistas, corruptos, oportunistas e borlistas que, depois da asneira feita e de se terem “aviado”, são convidados a demitir-se debaixo de uma auréola de inocência. Enquanto isto, os pesados juros da dívida externa sufocam-nos, travam as obras públicas e sobrecarregam-nos de impostos. Há por aí quem apadrinhe que Mário Centeio, Ministro das Finanças, de Ronaldo das Finanças, melhor seria para todos nós que fosse um Robin Wood dos tempos que correm!
Em síntese, “ficou tudo na mesma como a lesma”, a geringonça(1) continua e poderá estender-se a mais gente. Todavia, o diabo seja cego, surdo e mudo, uma nova crise económica parece ameaçar o Ocidente e se porventura chegar, não tenho dúvidas – vai lançar a geringonça para lá das calendas gregas, ainda que os seus autores consigam safar-se “milagrosamente” a tempo, enquanto o povo ver-se-á, mais uma vez, obrigado a ranger os dentes e a apertar o cinto.
(1)Coligação de forças políticas para garantir uma maioria parlamentar.

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