As notícias alemãs sobre
animais do dia do hoje são dominadas pelo ocorrido em FORST,
cidade do Distrito de Karlsruhe, em Baden-Württemberg, onde um homem de 42
anos, revendedor de automóveis, ao abrir a vedação das viaturas, na Forster
Heinrich-Hertz-Straße, pelas 07H10, foi atacado pelos seus dois Rottweilers. Pouco
tempo depois, um colega chegou ao local e tentou atrair sobre si as atenções
dos cães, até que chegou outro que finalmente conseguiu fechá-los nos canis.
Atendendo ao seu estado, a vítima teve que ser transportada por via aérea para
receber a assistência devida. Por ordem do Prefeito, que entretanto chegou ao
local, os dois cães foram sacrificados pelo veterinário municipal, estando os
seus cadáveres a ser autopsiados para descortinar eventuais razões médicas por
detrás do ataque(?!).
Desfechos destes são
sempre esperados, quando queremos ter em simultâneo cães bastante sociáveis e exímios
guardiões, animais que não reajam a um grupo mais ou menos numeroso de pessoas (que
mal conhecem) e que carreguem sobre desconhecidos, mormente durante a noite.
Cães nestas circunstâncias, por terem sido implantados no terreno desde
cachorros e não terem causado qualquer problema, também devido à complexidade
da sua missão, acabam por não ter qualquer tipo de ensino, crescendo e
amatilhando-se naturalmente sem o concurso da liderança humana.
Com o crescimento e o
alcance das respectivas maturidades, os cães tendem a mudar o seu
comportamento, reclamando acções e desempenhando serviços por conta própria, de
acordo com a sua selecção, particular individual e carga genética (o
cachorrinho que nos lambia e seguia por toda a parte, rosna-nos agora e não
quer que entremos no seu território). Dois cães criados juntos e libertos da
obediência em relação aos humanos e de qualquer regra, depois de atingida a sua
maturidade emocional, poderão encabeçar confrontações por tudo e por nada,
atacar quem sempre lhes deu de comer ou quem com eles sempre brincou (para tudo
há uma idade e nos cães não é diferente).
Pelo pouco que nos é
adiantado, estou em crer que o ataque ficou a dever-se à ausência de rotinas, a
um conjunto de regras suficiente para evitar incidentes destes, que neste caso
poderiam ter consequências bem mais funestas e estender-se a outros indivíduos.
Regrar cães adultos assim criados não é tarefa fácil e muito menos será para
quem não tem queda nenhuma para isso, por não ter perfil de líder e/ou temer
confrontações. Por outro lado, a subordinação dos cães não será gratuita,
porque a vida ensinou-lhes que são “senhores e donos do seu nariz”, pormenor
que os fará resistir à sua despromoção social, podendo revoltar-se mais ou
menos violentamente contra quem intenta discipliná-los, particularmente se o
instrutor sempre brincou com eles desregrada e abusivamente.
Nos tempos que correm, em
que os cães são abatidos sumariamente e poucos acreditam na reeducação ou não
estão dispostos a pagá-la, a castração surge como a melhor das panaceias, ainda
que nem sempre surta efeito. E surge assim porque o cão perde os testículos sem
obrigar o dono a uma mudança de atitude, à implementação de regras ou à
aquisição de novos conhecimentos, o que a acontecer seria para muitos um crime
contranatura, um transtorno lesa-majestade, um esforço desmedido ou um sério
desconforto. Hoje, mais do que nunca e desde que seja possível, toda a gente
paga para não fazer nada!
Se os Rottweilers de Forst
tivessem tido a sorte de ter um líder que lhes estabelecesse regras desde tenra
idade e cuja autoridade respeitassem, ainda hoje estariam vivos, alguém
destinado a encerrá-los ao abrir das portas, apto para olhar por eles e a controlá-los. É possível que o ataque tenha sido despoletado por algo estranho
no abrir das portas, uma vezes que o Rottweiler faz a prévia identificação ao
ouvido e não ao olfacto. Seja lá como for, estes Rottweilers morreram
gratuitamente, porque a estupidez humana fará com que o incidente se repita e
serão os mesmos a morrer!
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