quarta-feira, 30 de outubro de 2019

MORRERAM GRATUITAMENTE

As notícias alemãs sobre animais do dia do hoje são dominadas pelo ocorrido em FORST, cidade do Distrito de Karlsruhe, em Baden-Württemberg, onde um homem de 42 anos, revendedor de automóveis, ao abrir a vedação das viaturas, na Forster Heinrich-Hertz-Straße, pelas 07H10, foi atacado pelos seus dois Rottweilers. Pouco tempo depois, um colega chegou ao local e tentou atrair sobre si as atenções dos cães, até que chegou outro que finalmente conseguiu fechá-los nos canis. Atendendo ao seu estado, a vítima teve que ser transportada por via aérea para receber a assistência devida. Por ordem do Prefeito, que entretanto chegou ao local, os dois cães foram sacrificados pelo veterinário municipal, estando os seus cadáveres a ser autopsiados para descortinar eventuais razões médicas por detrás do ataque(?!).
Desfechos destes são sempre esperados, quando queremos ter em simultâneo cães bastante sociáveis e exímios guardiões, animais que não reajam a um grupo mais ou menos numeroso de pessoas (que mal conhecem) e que carreguem sobre desconhecidos, mormente durante a noite. Cães nestas circunstâncias, por terem sido implantados no terreno desde cachorros e não terem causado qualquer problema, também devido à complexidade da sua missão, acabam por não ter qualquer tipo de ensino, crescendo e amatilhando-se naturalmente sem o concurso da liderança humana.
Com o crescimento e o alcance das respectivas maturidades, os cães tendem a mudar o seu comportamento, reclamando acções e desempenhando serviços por conta própria, de acordo com a sua selecção, particular individual e carga genética (o cachorrinho que nos lambia e seguia por toda a parte, rosna-nos agora e não quer que entremos no seu território). Dois cães criados juntos e libertos da obediência em relação aos humanos e de qualquer regra, depois de atingida a sua maturidade emocional, poderão encabeçar confrontações por tudo e por nada, atacar quem sempre lhes deu de comer ou quem com eles sempre brincou (para tudo há uma idade e nos cães não é diferente).
Pelo pouco que nos é adiantado, estou em crer que o ataque ficou a dever-se à ausência de rotinas, a um conjunto de regras suficiente para evitar incidentes destes, que neste caso poderiam ter consequências bem mais funestas e estender-se a outros indivíduos. Regrar cães adultos assim criados não é tarefa fácil e muito menos será para quem não tem queda nenhuma para isso, por não ter perfil de líder e/ou temer confrontações. Por outro lado, a subordinação dos cães não será gratuita, porque a vida ensinou-lhes que são “senhores e donos do seu nariz”, pormenor que os fará resistir à sua despromoção social, podendo revoltar-se mais ou menos violentamente contra quem intenta discipliná-los, particularmente se o instrutor sempre brincou com eles desregrada e abusivamente.
Nos tempos que correm, em que os cães são abatidos sumariamente e poucos acreditam na reeducação ou não estão dispostos a pagá-la, a castração surge como a melhor das panaceias, ainda que nem sempre surta efeito. E surge assim porque o cão perde os testículos sem obrigar o dono a uma mudança de atitude, à implementação de regras ou à aquisição de novos conhecimentos, o que a acontecer seria para muitos um crime contranatura, um transtorno lesa-majestade, um esforço desmedido ou um sério desconforto. Hoje, mais do que nunca e desde que seja possível, toda a gente paga para não fazer nada!
Se os Rottweilers de Forst tivessem tido a sorte de ter um líder que lhes estabelecesse regras desde tenra idade e cuja autoridade respeitassem, ainda hoje estariam vivos, alguém destinado a encerrá-los ao abrir das portas, apto para olhar por eles e a controlá-los. É possível que o ataque tenha sido despoletado por algo estranho no abrir das portas, uma vezes que o Rottweiler faz a prévia identificação ao ouvido e não ao olfacto. Seja lá como for, estes Rottweilers morreram gratuitamente, porque a estupidez humana fará com que o incidente se repita e serão os mesmos a morrer!

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