sexta-feira, 25 de outubro de 2019

A SALSA “ABRIU O LIVRO” E O FOTÓGRAFO ESTAVA LÁ!

Ontem fui mais uma vez treinar a Salsa e levei comigo o nosso fotógrafo, o Paulo Jorge, que apesar de se encontrar de baixa, teve “que se chegar à frente”. E em boa hora foi, porque a Cão de Gado Transmontano decidiu “abrir o livro” e mostrar todo o seu potencial. Iniciámos o treino com um Slalom em liberdade, dando continuidade aos conteúdos de ensino adiantados na sessão de treino anterior.
Vencido o trabalho relativo à obediência dinâmica, passámos para a transposição de um Castelo Vertical, com 110 cm, que mais tarde transformaríamos em Exel. A cadela venceu o obstáculo com alegria e naturalidade, o que fez-nos aumentar o grau de dificuldade nos obstáculos posteriores.
Depois de constituirmos o obstáculo num Exel, colocámos no seu meio uma senhora, para que a Salsa deixe de temer os humanos e com isso possa defender a propriedade onde se encontra instalada. É evidente que existem outros métodos para o mesmo efeito, quase todos baseados na instigação e na constituição de presas, muitas vezes responsáveis por acidentes e ataques indevidos. Quando o grau de dificuldade dos obstáculos aumenta, o Adestrador deverá ir em socorro do animal para lhe garantir o sucesso e transmitir confiança ao seu condutor.
Na incerteza do sucesso dos condutores, o adestrador deverá capacitar os cães a despeito da menor valia técnica dos seus líderes, mecanizando-lhes as acções através da menor ajuda e do aumento das dificuldades.
Uma coisa é pedir a um cão que salte sobre uma pessoa constituída em barreira, outra bem diversa e mais difícil é saltar de frente para ela, encará-la na linha de salto, o que obviamente exigirá do animal maior coragem, independentemente da pessoa a saltar ser o seu líder ou um desconhecido.
Quando o adestrador antevê todas as dificuldades dos cães e ajuda-os a vencê-las, a passagem para as mãos dos donos não resultará num menor desempenho, mas na continuidade do acerto.
A meio do treino convidámos uma amiga nossa para nos acompanhar nos trabalhos, ensinando-lhe a pegar na trela e a solicitar os comandos de “junto”, o “alto” e o “senta”. Para além das questões pedagógicas relativas à senhora, importava capacitar a cadela a ser conduzida por uma segunda pessoa e verificar a assimilação dos códigos.
Debaixo dos mesmos propósitos e certos de que não estávamos a prejudicar ou a malbaratar o desenvolvimento atlético da Salsa, pedimos à senhora convidada que conduzisse a cadela num salto sobre um castelo vertical. Tudo correu conforme o esperado.
E como entre nós “convidado” é sinónimo de voluntário, pedimos à senhora que aumentasse com o seu corpo a altura do obstáculo a transpor, convite que ela aceitou de bom grado e com rara alegria, tanta que nem conseguia abrir os olhos!
Depois foi-lhe pedido que conduzisse uma cadela Labradora sem qualquer tipo de ensino, certos das dificuldades que encontraria, para que pudesse compreender de imediato a importância do treino canino e as vantagens que ele oferece.
No final da aula, uma vez que o aquecimento estava feito, pedi-lhe que fizéssemos uma corrida de velocidade. Ela não esteve mal e eu não esperava estar tão bem! E eu que não queria acreditar que a mocidade é por vezes um estado de espírito!
Voltando à Salsa, sem medo das pessoas e bem sociabilizada com os outros animais (vejam por onde anda o gato na foto abaixo), é possível que venha a desempenhar funções que à partida não estariam ao seu alcance.
E assim terminou mais um dia de instrução desta magnífica cadela Cão de Gado Transmontano, uma gigante no tamanho, na aprendizagem e na dedicação, um animal único que tem muito para dar e cujo limite ainda se desconhece.

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