Cães de detecção treinados
especialmente para farejar a dispersão de um lagarto em extinção no vale de San
Joaquin, na Califórnia, em combinação com a identificação genética de espécies,
podem representar uma nova técnica de amostragem não invasiva para a
conservação de lagartos em todo o mundo, o que parece ser comprovado por um
estudo publicado ontem pela Universidade da Califórnia, em parceria com a
Working Dogs for Conservation, organização sem fins lucrativos, o US Geological
Survey e o Bureau of Land Management dos Estados Unidos.
Os cientistas têm vindo a
usar CÃES DE CONSERVAÇÃO
treinados para localizar amostras de DNA e coletar amostras de quase tudo, de
ursos e raposas a gorilas e baleias. Mas esta técnica ainda não tinha sido
usada para répteis até ao presente estudo, para o qual os cientistas
desenvolveram uma nova abordagem para identificar a presença do LAGARTO LEOPARDO (GAMBELIA SILA)
na área de recreação de Panoche Hills e no Monumento Nacional da Carrizo Plain,
ambos gerenciados pelo Bureau of Land Management dos Estados Unidos, através de
novos métodos para recuperar o ADN de fezes e identificar geneticamente
espécies de lagartos na mesma área. Este estudo foi publicado no JOURNAL OF WILDLIFE MANAGEMENT.
MARK
STATHAM, principal autor do estudo e pesquisador associado da
Unidade de Ecologia e Conservação de Mamíferos da Escola de Medicina
Veterinária da UC Davis, referindo-se à situação dos répteis e à novidade do
método disse: “Muitas espécies de répteis foram atingidas fortemente. Uma
grande parte delas está em perigo ou ameaçada. Esta é uma maneira realmente
valiosa para as pessoas poderem pesquisá-las." Os métodos até aqui
utilizados para o levantamento de espécies de lagartos dependem geralmente da
captura ao vivo ou da pesquisa visual. A AMOSTRAGEM
SCAT
permite que os biólogos estudem animais esquivos, raros ou perigosos sem a
necessidade de contacto directo. Para além de informar sobre a presença,
habitat e genética de um animal, o scat(1) também pode ser
analisado para informar os pesquisadores sobre dieta, hormónios, parasitas e
outros factores de saúde.
Ao
usar o novo método, os autores do estudo conseguiram identificar geneticamente várias
espécies específicas nas 327 amostras colectadas pelos binómios de conservação ao
longo de quatro anos. A maioria dos identificados (82%) foi confirmada como
sendo de lagartos leopardo. Pôr um cão a procurar vestígios de presas não
parece difícil, mais difícil será induzi-lo a procurar um e fazê-lo
desinteressar-se pelos outros, muito embora a potenciação de odores, o reforço positivo e paciência tudo
alcancem. E porque estamos a falar de animais e de vida selvagem, seria melhor
reforçar a guarda dos parques naturais no Quénia, onde todos os dias são
abatidas duas girafas destinadas ao consumo humano, porque doutro modo não sobrará
nenhuma.
(1)Scat – Fezes; esterco.
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