quinta-feira, 31 de outubro de 2019

FAREJAR O SCAT PARA CONSERVAR RÉPTEIS

Cães de detecção treinados especialmente para farejar a dispersão de um lagarto em extinção no vale de San Joaquin, na Califórnia, em combinação com a identificação genética de espécies, podem representar uma nova técnica de amostragem não invasiva para a conservação de lagartos em todo o mundo, o que parece ser comprovado por um estudo publicado ontem pela Universidade da Califórnia, em parceria com a Working Dogs for Conservation, organização sem fins lucrativos, o US Geological Survey e o Bureau of Land Management dos Estados Unidos.
Os cientistas têm vindo a usar CÃES DE CONSERVAÇÃO treinados para localizar amostras de DNA e coletar amostras de quase tudo, de ursos e raposas a gorilas e baleias. Mas esta técnica ainda não tinha sido usada para répteis até ao presente estudo, para o qual os cientistas desenvolveram uma nova abordagem para identificar a presença do LAGARTO LEOPARDO (GAMBELIA SILA) na área de recreação de Panoche Hills e no Monumento Nacional da Carrizo Plain, ambos gerenciados pelo Bureau of Land Management dos Estados Unidos, através de novos métodos para recuperar o ADN de fezes e identificar geneticamente espécies de lagartos na mesma área. Este estudo foi publicado no JOURNAL OF WILDLIFE MANAGEMENT.
MARK STATHAM, principal autor do estudo e pesquisador associado da Unidade de Ecologia e Conservação de Mamíferos da Escola de Medicina Veterinária da UC Davis, referindo-se à situação dos répteis e à novidade do método disse: “Muitas espécies de répteis foram atingidas fortemente. Uma grande parte delas está em perigo ou ameaçada. Esta é uma maneira realmente valiosa para as pessoas poderem pesquisá-las." Os métodos até aqui utilizados para o levantamento de espécies de lagartos dependem geralmente da captura ao vivo ou da pesquisa visual. A AMOSTRAGEM SCAT permite que os biólogos estudem animais esquivos, raros ou perigosos sem a necessidade de contacto directo. Para além de informar sobre a presença, habitat e genética de um animal, o scat(1) também pode ser analisado para informar os pesquisadores sobre dieta, hormónios, parasitas e outros factores de saúde.
Ao usar o novo método, os autores do estudo conseguiram identificar geneticamente várias espécies específicas nas 327 amostras colectadas pelos binómios de conservação ao longo de quatro anos. A maioria dos identificados (82%) foi confirmada como sendo de lagartos leopardo. Pôr um cão a procurar vestígios de presas não parece difícil, mais difícil será induzi-lo a procurar um e fazê-lo desinteressar-se pelos outros, muito embora a potenciação de odores, o reforço positivo e paciência tudo alcancem. E porque estamos a falar de animais e de vida selvagem, seria melhor reforçar a guarda dos parques naturais no Quénia, onde todos os dias são abatidas duas girafas destinadas ao consumo humano, porque doutro modo não sobrará nenhuma.
(1)Scat – Fezes; esterco.

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