segunda-feira, 21 de outubro de 2019

NASHA + 2

Quando apenas o clã dos Filas se apresenta para treinar, como aconteceu na manhã chuvosa de Sábado, estamos perante a Nasha e mais dois (Ben e Lexa), devido à diferença de qualidade que separa a cadela vermelha dos outros dois. Sem margem para dúvidas, estamos perante uma cadela multifacetada, pronta para o que der e vier, inclusive para o mundo espectáculo – um animal excepcional. Assim, investimos principalmente nela no decorrer dos trabalhos para melhorarmos a sua concentração, capacidade de ensino e performances atléticas.
É evidente que por detrás do desenvolvimento da Nasha (físico, psicológico, cognitivo e social) esconde-se a figura tímida do seu condutor, um miúdo de 14 anos observador, introvertido e franzino, com uma forte vontade de aprender, de ânimo inquebrantável que de fraco nada tem. Com decorrer do tempo tem melhorado a técnica de condução para não prejudicar ou atropelar o normal desenvolvimento da cadela que conduz.
Para melhor compreensão do que acabámos de dizer, na foto seguinte, com a cadela a saltar para dentro de uma Pick-up no 1º momento do salto, é possível ver a ajuda de mão do condutor, a puxar a trela, com a cadela ainda por ultrapassar inteiramente a linha do taipal, o que obviamente está certíssimo.
No segundo momento do salto, na suspensão, para não estragar a sua convergência e possibilitar a recepção segura do animal, o Afonso liberta-se da ajuda ao abrir a mão, uma vez que o obstáculo já tinha sido ultrapassado pela Nasha e importava que ela saísse dele equilibrada.
Do ponto de vista atlético, as performances da Nasha e da Lexa são muito próximas, muito embora a primeira seja uma tecnicista e a segunda uma “estouvada”, primando a primeira pela exactidão e a segunda pelo desnorte de origem genética. Na foto seguinte, porque força é coisa que não lhe falta, vemos a Lexa também a soltar para cima da Pick-up, conduzida na ocasião pela Svetlana.
Quanto à Nasha, a pensar na sua salvaguarda e uso previsível, importa ensinar-lhe percursos e acções de evasão, para que futuramente possa escapar-se quando for necessário ou desenvencilhar-se de situações complicadas. Ontem instámos com ela para se escapar de um gradeamento apertado.
Na rotineira transição do simples para o complicado que operamos nos exercícios, convidámos a Nasha para ultrapassar a base de um candeeiro artístico de iluminação pública, base que obrigava a um salto de precisão para cima de um quadrado de ferro com 45cm de altura, de vértices inferiores dobrados para dentro e elevado a 90cm do solo.
Como a excitação, o sucesso e a confiança dados pelos saltos podem induzir ao estímulo do instinto de presa, o que nem sempre se justifica, convém alternar os saltos com exercícios de interacção com pessoas, mormente com desconhecidas, para combater as más associações e evitar sequências não ordenadas. Na foto abaixo é possível observar um momento destes captado na via pública com intervenientes ocasionais.
No meio da nossa caminhada pela cidade, por vielas medievais que o “alojamento local” está a ajudar a reerguer, descobrimos um grafíti bastante garrido e pitoresco, mesmo ao tom do casaco da Svetlana, facto que nos obrigou a pedir-lhe que pousasse junto dele com a Lexa.
Quando surgem novos obstáculos de difícil resolução, o Adestrador tende a substituir o condutor habitual dos cães. Não o faz para desautorizar o condutor do cão, mas para garantir ao animal a necessária experiência feliz, experiência essa que transmite simultaneamente maior confiança ao condutor. A foto abaixo reporta-se a um desses momentos.
Quando se fala em cães de resgate e salvamento, fala-se em simultâneo de diferentes equilíbrios sobre díspares plataformas. Ao deparámo-nos com um conjunto de repuxos ladeado por um parapeito abaulado, húmido e escorregadio, lembrámo-nos da incumbência e convidámos a cadela a circular e a parar sobe ele.
Mais para matar o desejo do que por necessidade pedagógica, o Adestrador decidiu ultrapassar com a Nasha uma vertical semi-crua de ferro que encontraram pela frente, obstáculo elevado a 90 cm do solo.
Com a cadela já devolvida ao dono, pedimos ao binómio que ultrapassasse um muro liso de cimento com 160 cm de altura, tarefa que executou prontamente com sucesso. Doravante, a Nasha irá evoluir sobre muros mais altos transportando diferentes objectos.
Perante a novidade de um obstáculo natural de projecção negativa (em forma de cálice), o Adestrador, obedecendo às razões atrás descritas, pegou na cadela e levou-a a ultrapassar aquele obstáculo em segurança.
Segurança bem patenteada na foto seguinte, quando o menino pegou na cadela e levou-a a ultrapassar aquele obstáculo. Queremos avisar os nossos alunos que saltos destes carecem de preparação gradual e específica, não dispensam a boa forma dos cães nem tampouco a experiência dos seus donos, pelo que não devem ser replicados face a inexistência das condições atrás referidas.
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Afonso/Nasha, João/Ben e Svetlana Lexa. As fotografias ficaram ao encargo do José António e o Paulo Jorge ficou na cama a ouvir a chuva a cair, mercê de uma oportuna gripe que o levou até ao vale dos lençóis.
Para a semana, quer chova ou faça sol, oxalá chova, porque as barragens nunca armazenaram tão pouca água e necessitam urgentemente das pluviais, voltaremos com mais novidades e outras explicações, segundo o propósito de esclarecer e ensinar à distância.

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