Quando apenas o clã dos
Filas se apresenta para treinar, como aconteceu na manhã chuvosa de Sábado,
estamos perante a Nasha e mais dois (Ben e Lexa), devido à diferença de
qualidade que separa a cadela vermelha dos outros dois. Sem margem para
dúvidas, estamos perante uma cadela multifacetada, pronta para o que der e vier,
inclusive para o mundo espectáculo – um animal excepcional. Assim, investimos
principalmente nela no decorrer dos trabalhos para melhorarmos a sua
concentração, capacidade de ensino e performances atléticas.
É evidente que por detrás
do desenvolvimento da Nasha (físico, psicológico, cognitivo e social)
esconde-se a figura tímida do seu condutor, um miúdo de 14 anos observador, introvertido
e franzino, com uma forte vontade de aprender, de ânimo inquebrantável que de
fraco nada tem. Com decorrer do tempo tem melhorado a técnica de condução para
não prejudicar ou atropelar o normal desenvolvimento da cadela que conduz.
Para melhor compreensão do
que acabámos de dizer, na foto seguinte, com a cadela a saltar para dentro de
uma Pick-up no 1º momento do salto, é possível ver a ajuda de mão do condutor,
a puxar a trela, com a cadela ainda por ultrapassar inteiramente a linha do
taipal, o que obviamente está certíssimo.
No segundo momento do
salto, na suspensão, para não estragar a sua convergência e possibilitar a
recepção segura do animal, o Afonso liberta-se da ajuda ao abrir a mão, uma vez
que o obstáculo já tinha sido ultrapassado pela Nasha e importava que ela
saísse dele equilibrada.
Do ponto de vista
atlético, as performances da Nasha e da Lexa são muito próximas, muito embora a
primeira seja uma tecnicista e a segunda uma “estouvada”, primando a primeira
pela exactidão e a segunda pelo desnorte de origem genética. Na foto seguinte,
porque força é coisa que não lhe falta, vemos a Lexa também a soltar para cima
da Pick-up, conduzida na ocasião pela Svetlana.
Quanto à Nasha, a pensar
na sua salvaguarda e uso previsível, importa ensinar-lhe percursos e acções de
evasão, para que futuramente possa escapar-se quando for necessário ou
desenvencilhar-se de situações complicadas. Ontem instámos com ela para se
escapar de um gradeamento apertado.
Na rotineira transição do
simples para o complicado que operamos nos exercícios, convidámos a Nasha para ultrapassar
a base de um candeeiro artístico de iluminação pública, base que obrigava a um
salto de precisão para cima de um quadrado de ferro com 45cm de altura, de
vértices inferiores dobrados para dentro e elevado a 90cm do solo.
Como a excitação, o sucesso e a
confiança dados pelos saltos podem induzir ao estímulo do instinto de presa, o
que nem sempre se justifica, convém alternar os saltos com exercícios de
interacção com pessoas, mormente com desconhecidas, para combater as más
associações e evitar sequências não ordenadas. Na foto abaixo é possível
observar um momento destes captado na via pública com intervenientes
ocasionais.
No meio da nossa caminhada
pela cidade, por vielas medievais que o “alojamento local” está a ajudar a
reerguer, descobrimos um grafíti bastante garrido e pitoresco, mesmo ao tom do
casaco da Svetlana, facto que nos obrigou a pedir-lhe que pousasse junto dele
com a Lexa.
Quando surgem novos
obstáculos de difícil resolução, o Adestrador tende a substituir o condutor
habitual dos cães. Não o faz para desautorizar o condutor do cão, mas para
garantir ao animal a necessária experiência feliz, experiência essa que
transmite simultaneamente maior confiança ao condutor. A foto abaixo reporta-se
a um desses momentos.
Quando se fala em cães de
resgate e salvamento, fala-se em simultâneo de diferentes equilíbrios sobre
díspares plataformas. Ao deparámo-nos com um conjunto de repuxos ladeado por
um parapeito abaulado, húmido e escorregadio, lembrámo-nos da incumbência e
convidámos a cadela a circular e a parar sobe ele.
Mais para matar o desejo
do que por necessidade pedagógica, o Adestrador decidiu ultrapassar com a Nasha
uma vertical semi-crua de ferro que encontraram pela frente, obstáculo elevado
a 90 cm do solo.
Com a cadela já devolvida
ao dono, pedimos ao binómio que ultrapassasse um muro liso de cimento com 160
cm de altura, tarefa que executou prontamente com sucesso. Doravante, a Nasha
irá evoluir sobre muros mais altos transportando diferentes objectos.
Perante a novidade de um
obstáculo natural de projecção negativa (em forma de cálice), o Adestrador,
obedecendo às razões atrás descritas, pegou na cadela e levou-a a ultrapassar aquele
obstáculo em segurança.
Segurança bem patenteada
na foto seguinte, quando o menino pegou na cadela e levou-a a ultrapassar aquele
obstáculo. Queremos avisar os nossos alunos que saltos destes carecem de
preparação gradual e específica, não dispensam a boa forma dos cães nem
tampouco a experiência dos seus donos, pelo que não devem ser replicados face a
inexistência das condições atrás referidas.
Participaram nos trabalhos
os seguintes binómios: Afonso/Nasha, João/Ben e Svetlana Lexa. As fotografias
ficaram ao encargo do José António e o Paulo Jorge ficou na cama a ouvir a
chuva a cair, mercê de uma oportuna gripe que o levou até ao vale dos lençóis.
Para a semana, quer chova
ou faça sol, oxalá chova, porque as barragens nunca armazenaram tão pouca água
e necessitam urgentemente das pluviais, voltaremos com mais novidades e outras
explicações, segundo o propósito de esclarecer e ensinar à distância.
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