quinta-feira, 31 de outubro de 2019

CANICROSS TRAIL & HIKE

Na bonita cidade alemã de AUGUSTUSBURG, no Distrito de Mittelsachsen, na Saxónia, realizou-se ontem pela segunda vez o “CANICROSS TRAIL & HIKE”. Segundo a organizadora da prova, Sascha Winkler, de Chemnitz, foram inscritas quase 30 pessoas, mas somente 15 participaram com os seus cães. Neste tipo de provas, que deveriam acontecer mais entre nós, os cães puxam os seus donos com a ajuda de uma trela flexível, o que permite às equipas atingir velocidades mais altas. O início e o fim da prova tiveram lugar no Schlosshof Augustusburg. Os binómios concorrentes percorreram distâncias entre os 5 e os 20 km. Em Fevereiro do próximo ano haverá nova prova em Johanngeorgenstadt e em Março novamente em Augustusburg, onde deverá haver um grupo inicial de participantes sem cão.
Este tipo de provas está a ser popular em vários países, onde é mais importante chegar ao fim do que vencer, mantém a boa condição física de donos e cães, que dessa maneira experimentam maior cumplicidade e alegria.

TOSCANA: PROJECTO FEEDS

Financiado pela Região da Toscana e coordenado cientificamente pela Universidade de Pisa, o PROJECTO FEEDS, pretende usar resíduos agrícolas para criar insectos (moscas e vermes), a partir dos quais espera obter farinha de proteína para produzir ração animal de qualidade para peixes, galinhas e animais de estimação.
Elisabetta Rossi, professora da Universidade de Pisa e referência científica do projecto, diz que “a ideia é usar restos agrícolas, principalmente decompostos cerealíferos e resíduos de limpeza de vegetais, como substratos para a criação de insectos a serem usados para produzir ração, transformando resíduos em recurso e criando uma nova actividade nos campos agrícolas.” Entre os parceiros científicos está também a Universidade de Florença e a Divisão de Nutrigene SRL da Universidade de Udine.
A Universidade de Pisa enfatiza que nos três anos do projecto “será construída uma estrutura que poderá usar resíduos agrícolas para a criação de duas espécies de insectos, a mosca-preta e o verme de farinha, enquanto o próximo passo será o produção de larvas e pupas1 (secas e moídas) para serem transformadas em farinhas proteicas destinadas a alimentar peixes, animais de estimação e algumas espécies de aves."
Finalmente, aplicando os princípios da economia circular e da bio economia, o Feeds prevê a produção de composto a partir de resíduos da criação de insectos. O ciclo de 5 pontos está no gráfico abaixo. A Universidade de Pisa terá como tarefa desenvolver métodos de criação de insectos com base nos substratos disponíveis e optimizar os processos de produção de farinha.
Perante o que fizemos saber, para não chegarmos mais uma vez atrasados, só nos resta “apanhar o comboio” e deitar mão à produção de moscas e vermes para a alimentação animal. Haverá por cá alguma universidade interessada nisso? Neste momento já há comida para cães à base de larvas de mosca nas Pet Shops inglesas.
Estado de um insecto que passa por metamorfoses entre a larva e a fase adulta (ninfa).

NÓS POR CÁ: E OS OUTROS?

Eu condeno o assassinato e a violação da “Irmã Tona”, Antónia Guerra de Pinho, ocorridos em 08 de Setembro deste ano em São João da Madeira, obra de um cadastrado e violador reincidente. Não ponho em causa as qualidades morais, o fervor religioso e o labor fraterno desta freira sanjoanense, nem me importo que a façam santa ao provar-se que morreu a defender a “a sua castidade e fé”. Todavia, depois das fortes críticas que o Bispo do Porto, D. Manuel Linda, fez à justiça, que diz ter falhado redondamente no caso desta freira, o que não deixa de ser verdade, dei por mim a perguntar pelos outros, os pobres diabos que, sodomizados pelo clero ao longo de anos, não puderam defender a sua castidade e viram a sua fé traída por quem menos esperavam – por pedófilos paramentados e consagrados.
Impedidas de clamar por justiça e amarradas à vergonha, muitas destas vítimas ocultaram os crimes que se abateram sobre elas, sofreram em silêncio, viram as suas vidas destroçadas e deixaram de acreditar em si e nos outros para sempre, havendo quem se suicidasse pelos abusos sofridos(1). Como poderemos reabilitá-las, fazer-lhes justiça, já que santas não querem ser? Só há uma maneira: Obrigar a igreja romana, a mesma que as flagelou, a pedir-lhes perdão, a indemnizá-las e a entregar à justiça os seus algozes.
(1)Treze vítimas de padres pedófilos belgas, entre os anos 1960 e 1990, suicidaram-se devido aos abusos sofridos. Outras seis tentaram pôr termo à vida sem sucesso, concluiu uma comissão católica que recebeu 475 denúncias de violações de crianças (os exemplos não se esgotam infelizmente aqui).

LÁ VAI MAIS UM!

O menino da foto acima, Benjamin Cobb, com 4 anos de idade, que tanto gostava de bombeiros e dos seus carros, já não será um soldado da paz, porque na passada Terça-feira, em Hazel Park, Detroit/USA, foi assassinado por um Pitbull, animal que tinha sido adoptado pela família (onde é que a mãezinha de 38 anos tinha a cabeça?). Quando a Mãe do menino viu o Pitbull a atacá-lo, agarrou de imediato numa faca e saltou sobre o cão, infelizmente sem sucesso, de acordo com a Detroit Free Press.
O Pitbull continuou a sacudir a criança até que a sua irmã, uma adolescente de 14 anos, alertou a polícia que se encontrava a rondar por perto. Os agentes policiais só conseguiram parar o furioso cão com Tasers(1). O garoto e a mãe foram levados imediatamente para um hospital. A mãe, que não corria risco de vida, safou-se e o menino veio a ser declarado morto. O cão, que nunca se tinha mostrado agressivo até ali, foi abatido. Entretanto, uma página de angariação de fundos, GoFundMe, foi lançada para ajudar a família enlutada nas despesas fúnebres.
Este trágico caso é mais um a juntar a muitos que lamentavelmente sucedem por todo o lado e que continuarão a acontecer enquanto a ignorância imperar. Pais devidamente esclarecidos jamais escolheriam, para companheiro de um filho de tenra idade, um cão com forte potência de mordedura, porque os meninos são traquinas, os cães não conseguem renunciar à sua natureza e os acidentes acontecem. E quando acontecem com cães destes… é raro não morrer alguém! O sucedido em Detroit é um sério aviso que, como tantos outros, voltará a ser esquecido pelos tolos e ignorantes, gente que não sabe cuidar dos seus e que ainda lhes traz a morte.
(1)Armas de electrochoques.

FAREJAR O SCAT PARA CONSERVAR RÉPTEIS

Cães de detecção treinados especialmente para farejar a dispersão de um lagarto em extinção no vale de San Joaquin, na Califórnia, em combinação com a identificação genética de espécies, podem representar uma nova técnica de amostragem não invasiva para a conservação de lagartos em todo o mundo, o que parece ser comprovado por um estudo publicado ontem pela Universidade da Califórnia, em parceria com a Working Dogs for Conservation, organização sem fins lucrativos, o US Geological Survey e o Bureau of Land Management dos Estados Unidos.
Os cientistas têm vindo a usar CÃES DE CONSERVAÇÃO treinados para localizar amostras de DNA e coletar amostras de quase tudo, de ursos e raposas a gorilas e baleias. Mas esta técnica ainda não tinha sido usada para répteis até ao presente estudo, para o qual os cientistas desenvolveram uma nova abordagem para identificar a presença do LAGARTO LEOPARDO (GAMBELIA SILA) na área de recreação de Panoche Hills e no Monumento Nacional da Carrizo Plain, ambos gerenciados pelo Bureau of Land Management dos Estados Unidos, através de novos métodos para recuperar o ADN de fezes e identificar geneticamente espécies de lagartos na mesma área. Este estudo foi publicado no JOURNAL OF WILDLIFE MANAGEMENT.
MARK STATHAM, principal autor do estudo e pesquisador associado da Unidade de Ecologia e Conservação de Mamíferos da Escola de Medicina Veterinária da UC Davis, referindo-se à situação dos répteis e à novidade do método disse: “Muitas espécies de répteis foram atingidas fortemente. Uma grande parte delas está em perigo ou ameaçada. Esta é uma maneira realmente valiosa para as pessoas poderem pesquisá-las." Os métodos até aqui utilizados para o levantamento de espécies de lagartos dependem geralmente da captura ao vivo ou da pesquisa visual. A AMOSTRAGEM SCAT permite que os biólogos estudem animais esquivos, raros ou perigosos sem a necessidade de contacto directo. Para além de informar sobre a presença, habitat e genética de um animal, o scat(1) também pode ser analisado para informar os pesquisadores sobre dieta, hormónios, parasitas e outros factores de saúde.
Ao usar o novo método, os autores do estudo conseguiram identificar geneticamente várias espécies específicas nas 327 amostras colectadas pelos binómios de conservação ao longo de quatro anos. A maioria dos identificados (82%) foi confirmada como sendo de lagartos leopardo. Pôr um cão a procurar vestígios de presas não parece difícil, mais difícil será induzi-lo a procurar um e fazê-lo desinteressar-se pelos outros, muito embora a potenciação de odores, o reforço positivo e paciência tudo alcancem. E porque estamos a falar de animais e de vida selvagem, seria melhor reforçar a guarda dos parques naturais no Quénia, onde todos os dias são abatidas duas girafas destinadas ao consumo humano, porque doutro modo não sobrará nenhuma.
(1)Scat – Fezes; esterco.

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

KIYO: PARA AFUGENTAR MACACOS

Os japoneses costumam juntar a minúcia à prática, o que os torna extremamente engenhosos e capazes de soluções inovadoras. Em MATSUYAMA, cidade do Japão Ocidental, na Província de Ehime, na Ilha de Shikoku, numa cerimónia ocorrida anteontem, dia 28 do corrente mês, foi apresentado o cão mais recente para assustar macacos – a cadela KIYO, uma cadela de raça mista a rondar os 3 anos de idade.
Kiyo é o sexto cão e o primeiro em três anos a ser reconhecido como “CÃO-MACACO”, próprio para afugentar macacos que arruínam as culturas. A cerimónia de entrega do certificado de nomeação teve lugar na filial de Ehime Chuo, na União Central das Cooperativas Agrícolas (JA-Zenchu), no Distrito de Kyaku. A cadela apresentou-se com um uniforme especial que lhe foi dado durante os procedimentos pelo Prefeito de Matsuyama, Katsuhito Noshi, sendo recebida pelos residentes como estrela local.
Os “cães-macaco” são treinados em centros de treino especializados em afugentar macacos e desde o Ano Fiscal de 2014, Matsuyama é a única cidade na Província de Ehime, na Ilha de Shikoku, a empregar este método. A cidade cobra taxas para garantir o treino dos cães, subsidia-os anualmente até 30.000 ienes pela busca dos primatas e recruta novos proprietários caninos quando necessário.
O proprietário da Kiyo, HIDEKI MIYOSHI, um produtor de citrinos com 58 anos de idade, disse que a cadela é tímida e facilmente assustada, mas que, como preparação para os seus deveres, leva-a a patrulhar duas vezes por dia, deixando-a livre da trela para melhor se acostumar aos macacos e às montanhas. Umas das tarefas mais importantes de um cão-macaco é voltar depois de assustar os alvos, mas houve uma vez em que a Kiyo demorou cinco dias a ressurgir.
Com outro cão-macaco já a funcionar na cidade desde 2014, Miyoshi foi informar-se e ficou a saber que também ele experimentou dificuldades de início. Este produtor de laranjas está apostado em transformar a Kiyo na cadela mais experiente do Distrito, capaz de aprender a encontrar e expulsar macacos sózinha (oxalá assim seja, o que não me parece). A solução encontrada pela Prefeitura de Matsuyama não podia ser mais amiga dos animais e do ambiente, pelo que está de parabéns.

MORRERAM GRATUITAMENTE

As notícias alemãs sobre animais do dia do hoje são dominadas pelo ocorrido em FORST, cidade do Distrito de Karlsruhe, em Baden-Württemberg, onde um homem de 42 anos, revendedor de automóveis, ao abrir a vedação das viaturas, na Forster Heinrich-Hertz-Straße, pelas 07H10, foi atacado pelos seus dois Rottweilers. Pouco tempo depois, um colega chegou ao local e tentou atrair sobre si as atenções dos cães, até que chegou outro que finalmente conseguiu fechá-los nos canis. Atendendo ao seu estado, a vítima teve que ser transportada por via aérea para receber a assistência devida. Por ordem do Prefeito, que entretanto chegou ao local, os dois cães foram sacrificados pelo veterinário municipal, estando os seus cadáveres a ser autopsiados para descortinar eventuais razões médicas por detrás do ataque(?!).
Desfechos destes são sempre esperados, quando queremos ter em simultâneo cães bastante sociáveis e exímios guardiões, animais que não reajam a um grupo mais ou menos numeroso de pessoas (que mal conhecem) e que carreguem sobre desconhecidos, mormente durante a noite. Cães nestas circunstâncias, por terem sido implantados no terreno desde cachorros e não terem causado qualquer problema, também devido à complexidade da sua missão, acabam por não ter qualquer tipo de ensino, crescendo e amatilhando-se naturalmente sem o concurso da liderança humana.
Com o crescimento e o alcance das respectivas maturidades, os cães tendem a mudar o seu comportamento, reclamando acções e desempenhando serviços por conta própria, de acordo com a sua selecção, particular individual e carga genética (o cachorrinho que nos lambia e seguia por toda a parte, rosna-nos agora e não quer que entremos no seu território). Dois cães criados juntos e libertos da obediência em relação aos humanos e de qualquer regra, depois de atingida a sua maturidade emocional, poderão encabeçar confrontações por tudo e por nada, atacar quem sempre lhes deu de comer ou quem com eles sempre brincou (para tudo há uma idade e nos cães não é diferente).
Pelo pouco que nos é adiantado, estou em crer que o ataque ficou a dever-se à ausência de rotinas, a um conjunto de regras suficiente para evitar incidentes destes, que neste caso poderiam ter consequências bem mais funestas e estender-se a outros indivíduos. Regrar cães adultos assim criados não é tarefa fácil e muito menos será para quem não tem queda nenhuma para isso, por não ter perfil de líder e/ou temer confrontações. Por outro lado, a subordinação dos cães não será gratuita, porque a vida ensinou-lhes que são “senhores e donos do seu nariz”, pormenor que os fará resistir à sua despromoção social, podendo revoltar-se mais ou menos violentamente contra quem intenta discipliná-los, particularmente se o instrutor sempre brincou com eles desregrada e abusivamente.
Nos tempos que correm, em que os cães são abatidos sumariamente e poucos acreditam na reeducação ou não estão dispostos a pagá-la, a castração surge como a melhor das panaceias, ainda que nem sempre surta efeito. E surge assim porque o cão perde os testículos sem obrigar o dono a uma mudança de atitude, à implementação de regras ou à aquisição de novos conhecimentos, o que a acontecer seria para muitos um crime contranatura, um transtorno lesa-majestade, um esforço desmedido ou um sério desconforto. Hoje, mais do que nunca e desde que seja possível, toda a gente paga para não fazer nada!
Se os Rottweilers de Forst tivessem tido a sorte de ter um líder que lhes estabelecesse regras desde tenra idade e cuja autoridade respeitassem, ainda hoje estariam vivos, alguém destinado a encerrá-los ao abrir das portas, apto para olhar por eles e a controlá-los. É possível que o ataque tenha sido despoletado por algo estranho no abrir das portas, uma vezes que o Rottweiler faz a prévia identificação ao ouvido e não ao olfacto. Seja lá como for, estes Rottweilers morreram gratuitamente, porque a estupidez humana fará com que o incidente se repita e serão os mesmos a morrer!

OLHO POR OLHO, CÃES POR GATO

No dia em que se inventaram as armas de fogo, os cobardes e os fracos puderam enfrentar os valentes e os fortes, retaliá-los e vingarem-se deles, o mundo não voltou a ser o mesmo e o número de vítimas não parou de aumentar. Fazer justiça com as próprias mãos tornou-se prática corrente e ainda há quem defenda o livre acesso às armas, o que iria aumentar a insegurança de todos. Na pequena e pacata cidade de Longview, no Condado de Cowlitz, Estado de Washington/USA, um homem, Gregory Swanson, foi acusado de matar a tiro os dois cães de um vizinho.
Os cães, chamados Link e Marley, respectivamente com 3 e 2 anos, segundo o KATU, canal virtual e estação de televisão filiada à ABC, foram executados a tiro e lançados no Rio Columbia. Os seus donos acreditam que foram baleados por terem morto um gato do bairro. Luke Moore, proprietário dos cães, diz que um deles matou o gato de Swanson há uns meses atrás.
Gregory Swanson, o atirador, será presente a tribunal no próximo mês, acusado de “levar, ocultar, ferir ou matar um animal de estimação”. Não se sabe ao certo em que circunstâncias o seu gato foi morto pelos cães, mas sabe-se que o homem, perante o desgosto, pegou numa arma e fez justiça pelas próprias mãos, sem que isso lhe trouxesse o gato de volta, acção vingadora feita provavelmente debaixo do propósito: “estes já não matam mais nenhum gato!” Infelizmente, casos destes irão repetir-se amiúde daqui para a frente, porque os animais são hoje família e os seus donos defendê-los-ão com unhas e dentes, sendo capazes de vingar a sua morte como fariam perante o assassinato de um filho. Se é verdade que os cães trazem muita paz e tranquilidade a quem os tem, eles também poderão vir a ser causa de muitas “guerras”.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

RECEITA ANTIGA: ROTTWEILERS A GURDAR ROTTWEIL

Naquela que os Romanos há 1946 anos chamaram de “ARAE FLAVIE”, hoje cidade alemã de ROTTWEIL, no Distrito com o mesmo nome, na Região Administrativa de Freiburg im Breisgau e que é a cidade mais antiga do Estado de Baden-Württemberg, localizada entre a Floresta Negra e os Alpes Suábicos, berço do Rottweiler, famosa pelo seu centro medieval e pelo seu tradicional Carnaval, FASTNACHT, o seguro continua a morrer de velho e as autoridades da cidade não se deixam dormir em pé.
Depois do que sucedeu em 2016, na Breitscheidplatz, em Berlin, quando o terrorista tunisino Anis Amri mandou um camião para cima do Mercado de Natal, junto à Igreja Memorial da cidade, matando 12 pessoas e ferindo 70, muitos municípios alemães muniram-se de postes de travamento, construídos em betão, para evitarem novas tragédias. Como esteticamente os postes não são nada apelativos, cada cidade está a criá-los de acordo com os seus símbolos e tradições.
Dando azo à criatividade e à sua história, na cidade de Rottweil, os postos de travamento adquiriram a forma de cães Rottweilers, obra de artistas locais com um peso de 1.600 kg cada. A ideia não é nova e já havia sido posta em prática na cidade de Ulm, que adoptou blocos em forma de pardal, animal que é um símbolo desta cidade do Danúbio.
Os alemães, ao contrário de outros povos, preferem prevenir do que remediar, proteger as suas populações dos perigos que podem assolá-las. Pela opção tomada, é caso para se dizer: OS ROTTWEILERS VOLTARAM PARA GUARDAR AQUILO QUE ERA SEU.

PARA QUEM GOSTA DE ANDAR PREVENIDO

Sempre aconselhámos e continuamos a aconselhar os nossos condutores caninos que se façam acompanhar de uma bolsa de primeiros socorros binomial, a transportar na sua inseparável mochila, particularmente quando vão de férias, estão acampados de longe de casa, percorrem grandes distâncias, enveredam pela exploração de matas e grutas, executam desportos radicais conjuntos ou optam viagens de Asa Delta ou pelo lançamento de pára-quedas, levando consigo o seu devotado companheiro de quatro patas preso num saco ou arnês.
A juntar ao que sempre aconselhámos, solicitamos agora uma ligadura elástica, compressas, uma tesoura e algo que possa ser usado para aplicar pressão sobre uma ferida sangrenta (um pedaço de madeira, um isqueiro ou outra coisa do mesmo tamanho) para valer ao animal e evitar que entre em choque hipovolémico(1) até chegar ao veterinário, primeiro-socorro que poderá salvar a vida ao animal.
Para proceder ao estancamento da ferida, se ela acontecer numa perna do cão, convém deitar cuidadosamente o animal de lado, colocando sobre a ferida uma compressa e segurá-la depois com algumas passagens da ligadura elástica. Seguidamente coloque algo sobre a ferida algo para exercer pressão, que ficará fixo com algumas passagens da ligadura elástica. Esta pressão não deverá impedir a circulação sanguínea do animal e nenhuma pomada deverá ser aplicada à compressa, porque este curativo é apenas usado para a hemóstase(2), sendo por isso uma medida de emergência.
PS: Para melhores e mais detalhadas informações, porque não somos veterinários, consulte o veterinário-assistente do seu cão, porque ele melhor do que ninguém saberá esclarecê-lo.
(1) O choque hipovolémico, também chamado choque hemorrágico, é a principal causa de morte de vítimas politraumatizadas (acidentes, quedas, etc.). É ocasionado pela diminuição do fluxo sanguíneo, proporcionando uma perfusão tecidual diminuída e uma lesão celular irreversível; o que normalmente leva à falência do sistema circulatório. Pode ter ser originado por desidratação, queimaduras e por severas perdas sanguíneas. (2) Hemóstase, o mesmo que hemostasia, diz respeito à estagnação do sangue.

A ÊNFASE NOS CÃES

A determinada altura, quando me encontrava a gravar para uma série junto ao Castelo de Sesimbra, numa pausa das filmagens e a sofrer horrores com o calor, uma senhora bem-intencionada e avançada na idade acerca-se de mim e diz: “Parabéns. Tem um cão muito inteligente!” Sem paciência e incomodado pela interpelação, respondi-lhe que o inteligente era eu e que o animal se encontrava a descansar na carrinha. O vulgo das pessoas, quando vê algum cão fazer algo de extraordinário, tende a aplaudir o animal e a esquecer-se do esforço do seu líder, como se o cão não espelhasse a qualidade do seu mestre. Essa omissão é por vezes intencional e usada pelos governos, quando importa dar um cunho heróico a determinada acção e granjear o apoio da opinião pública. Assim se passou mais uma vez no abate de ABU BAKR al-BAGHDADI, terrorista e líder do DAESH, ocorrido no passado fim-de-semana, operado pela DELTA FORCE do 75TH RANGERS REGIMENT dos Estados Unidos, força da qual constavam vários cães de guerra, merecendo especial destaque o que encurralou o terrorista num túnel e fê-lo explodir junto com os seus três filhos.
Torna-se por demais evidente que o sucesso desta operação ficou a dever-se mais à sua preparação(1) do que à acção do cão, que atendendo a vários factores, podia até não ser a esperada (falhar). Assim, o mérito deste GOLPE DE MÃO vai inteirinho para os rangers norte-americanos e se os cães cumpriram o seu papel, é porque alguém os treinou afincadamente para isso. A exaltação do papel do cão nesta operação militar é descaradamente estratégica e aponta para vários destinatários, ainda que Trump queira arranjar-lhe mais um – os emigrantes vindos da fronteira mexicana. O primeiro destinatário são os terroristas e extremistas islâmicos, para quem morrer à boca dos cães é algo inimaginável e repugnante, uma vez que estes animais são por eles considerados impuros, capazes de contaminar os seguidores do Profeta e impedi-los de alcançar o paraíso. A ênfase do papel do cão acaba por ser para eles uma clara ameaça – fica quieto ou vais morrer assim!
O segundo destinatário é interno e tem a ver com a opinião pública americana, país onde existem para cima de 75 milhões de cães de companhia, tradicionalmente amigo do cão e apto a maravilhar-se com as suas façanhas em detrimento de outros factos, como a invasão de um país soberano e o desespero que levou à morte dos 4 indivíduos, sendo três deles menores segundo se crê (deverão os filhos pagar pelos crimes dos pais?). A exaltação da façanha do cão tende a deixar toda a gente feliz e a possibilidade de feridos ou baixas passa para segundo plano - deixa de ser questionada (as lições da Guerra do Vietname não foram esquecidas). O terceiro destinatário abrange os cidadãos dos países aliados dos Estados Unidos e a opinião pública mundial, que andam fartos de terroristas e ataques à bomba, a quem importa transmitir uma mensagem de poder, segurança e normalidade, suavizando uma acção militar com os feitos heróicos de um cão.
O cão agora elevado ao estatuto de herói é uma cadela chamada CONAN segundo revelou a NEWSWEEK(2), uma PASTORA BELGA MALINOIS que ficou levemente ferida na operação, mas que já se encontra totalmente recuperada e apta para o serviço. O Pastor Belga Malinois está a tornar-se num cão de guerra preferencial, por ser rústico, valente, decidido, leve e ser mais fácil de transportar, rivalizando apenas com o Pastor Alemão em algumas missões. Quanto à morte do líder do Daesh, enquanto cristão e homem livre, eu não posso congratular-me com a morte de ninguém, mas acordo mais alegre e sinto-me muito mais seguro ao saber que há menos um assassino à solta!
(1)Uma operação destas, que existe precisão, só é possível mediante informações detalhadas, estudo rigoroso e uma preparação minuciosa, para além de não dispensar a informação de forças no terreno e a colaboração de países aliados. (2) Segunda maior revista de notícias norte-americana, publicada em Nova Iorque e distribuída nacional e internacionalmente.

ATÉ QUANDO SE LEMBRARÃO DE NÓS?

A história de PAQUITO, um pequeno cão mexicano, está a provocar um verdadeiro reboliço nas redes sociais, porque através de dois vídeos ficamos a saber da forte ligação que ainda mantém com o seu falecido dono, há seis anos desaparecido, ao ponto de reconhecer o seu odor nas roupas e delas não querer sair. Até quando seremos lembrados pelos cães após a nossa morte? Sinceramente não faço ideia e não conheço nenhum estudo ou comprovação científica que o diga.
Contudo, parece-me que quanto mais forte for a relação afectiva entre o cão e o seu dono, mais tempo se lembrará o animal do seu mestre e maior será a sua perca, porque conheci cães que, negando-se a comer, morreram poucos dias depois do desaparecimento dos seus donos e outros que continuaram até à sua morte à espera do regresso do dono nos locais por onde passava ou junto à sua sepultura. Eu não sei se isto provém da fidelidade ou do desespero, mas sei que ambos podem provir e ser consequência de algo maior devido ao facto dos cães serem seres emocionais. Eu amo os meus e agrada-me a ideia de ser correspondido, mesmo sem saber se é amor aquilo que sentem por mim.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

SABIA QUE…

Sabia que a resistência à hipoxia(1) registada nos Mastins Tibetanos que sobrevivem e proliferam no alto das montanhas, onde a rarefacção do ar mataria outras raças, deve-se à sua mestiçagem com lobos tibetanos ocorrida algures no passado? É verdade e os seus descendentes herdaram as mutações genéticas que codificam dois aminoácidos, pequenos pedaços de proteína, que tornam o sangue destes mastins melhor para capturar e liberar o oxigénio. Já se sabia que os Mastins Tibetanos e os Lobos Tibetanos tinham um par de mutações comuns que não estavam presentes noutras raças, o que não se sabia era a função destes aminoácidos alterados.
(1)Diminuição da concentração de oxigénio no sangue ou nos tecidos.

O CASO BRUGNERA

Parem de mentir! Estou farto de ouvir dizer que todas as raças caninas nascem boas e que são os donos que as fazem más, que os indivíduos de determinada raça necessitam de um dono experiente, decidido e disponível, como se todos os donos fossem experientes, disponíveis, seguros e valentes, quando sabemos que sucede exactamente o contrário, como se a liderança, o sangue frio e a coragem fossem uma questão de opção. E mesmo que assim fosse, as possíveis vítimas dos cães teriam essas características, nomeadamente as crianças e os idosos que são os alvos preferenciais dos seus ataques? Há por aí demasiada gente a palrar sobre cães, na sua maioria urbana e provavelmente bem-intencionada, que ao abraçar teorias, coloca em risco a sua vida, a dos seus e a dos outros. Por outro lado, e isto é importante que se diga, há por aí quem procure, deliberadamente, cães “filhos da mãe” para assustar ou fazer mal a outrem, acabando sempre por encontrá-los! E quando o disparate acontece e alguém vai desta para melhor, as razões dos ataques são na sua maioria desconhecidas?!
Em BRUGNERA, comuna italiana da Região de Friuli-Venezia Giulia, Província de Pordenone, no nordeste do país, um homem de 74 anos foi atacado e morto por dois AMSTAFF pertencentes a um parente seu vizinho que os tinha para defesa, quando os foi alimentar. O defunto já conhecia os cães há anos e nunca tinha havido até ali algum mal-entendido entre eles. Quando o septuagenário gritou de dor, a sua esposa veio em seu socorro, acabando também ela mordida, ainda que sem gravidade. Antes da chegada de socorro e vendo a aflição em que os seus pais se encontravam, o filho do casal pegou numa arma e abateu um dos cães. O cão sobrevivente foi confiado a um veterinário até ser decidido o seu futuro, os donos dos cães irão responder a tribunal e o Prefeito de Brugnera, Renzo Dolfi, estendeu as suas condolências à família enlutada.
Apesar de ser possível, não creio que o dono dos cães tenha mandado a vítima alimentá-los face ao serviço a que se destinavam, a menos que fosse por demais ignorante, sofresse de algum delírio súbito ou intentasse livrar-se do septuagenário. O mais provável e nisso deverá basear-se a defesa dos proprietários dos cães, é que o idoso tenha entrado no recinto confiado aos animais de livre e espontânea vontade, provavelmente com restos de comida. E dizemos isto porquê? Porque a vítima e os cães já se conheciam há anos e também devido ao facto da sua esposa ter sido mordida sem gravidade, o que aponta para a comida como causa provável do ataque e não para a territorialidade presente na raça dos animais. É possível, perante a dificuldade em distribuir a comida, que o idoso tenha repreendido ou impedido algum dos cães de alcançá-la, o que seria motivo mais do que suficiente para ser atacado, atendendo à habitual sofreguidão canina por comida confeccionada, carne crua e ossos.
Todavia, pergunta-se: cães menos poderosos e com uma menor potência de mordedura teriam morto aquele homem quase instantaneamente como foi o caso? É evidente que não, como é evidente que há uma vontade latente do dono dos animais em se constituir justiceiro e causar sério dolo a terceiros. No caso dos Amstaff, que receberam uma infusão de territorialidade que os Pitbulls seus primos-irmãos não têm, o que os torna mais propensos para atacar pessoas do que os seus parentes dos ringues, sabe-se ainda que em algumas linhas da raça proliferam indivíduos que se descontrolam quando cheiram sangue, tornando-se praticamente impossível detê-los, pormenor que tem levado alguns a dar-lhes dietas sensíveis à vegetariana.
Este fim-de-semana assisti a uma exibição onde um cão pretensamente ia resgatar uma criança. Atendendo ao tamanho e fragilidade do resgatado, o tratador do cão achou por bem açaimá-lo e agiu correctamente, porque os acidentes acontecem e tanto a procura como a captura de uma pessoa dependem do mesmo instinto canino – o de caça, sendo por isso difícil encontrar um cão que desempenhe cabalmente estes dois distintos serviços (por alguma razão usamos labradores e outros cães de boa índole na detecção de drogas). Se usássemos Amstaffs no resgate de pessoas que não os seus donos, teríamos obrigatoriamente que açaimá-los, particularmente diante de resgatados feridos. Cães com esta potência de mordedura, caso aguentassem, estariam melhor no Alasca do que nas nossas cidades, porque lá seriam úteis para defender os seus donos da gula e dos ataques dos ursos pardos, podendo também dar uma preciosa ajuda aos russos da República da Carélia.
Um cão assim é uma arma e as armas não deverão ter venda livre diante dos direitos humanos, conforme temos visto noutras latitudes, onde as vítimas inocentes não param de aumentar e jamais pararão enquanto qualquer um puder adquirir a arma que pretender. Como a maluqueira da corrida aos cães perigosos não difere da corrida às armas de defesa, vale a pena perguntar: os cães de raça perigosa têm eliminado mais bandidos ou pessoal de casa? Quem mais atacam, quem lhes faz frente ou crianças e idosos? Há em tudo isto muito desrespeito, ignorância, cobardia e maldade. Um cão destes, mesmo que cesse os seus ataques imediatamente à ordem, pode já ter provocado danos irreversíveis numa vítima acidental.