Em Klondike, na região do
Yukon, no noroeste do Canadá, local famoso pela corrida ao ouro que ali despoletou
em 1896, parou na década de 60 do século passado e que continuou dali até aos
nossos dias, lugar com um clima extremamente severo que é muito quente e húmido
no curto Verão e extraordinariamente frio no prolongado Inverno, com a
liquefacção do permafrost, dois mamíferos da era do gelo – uma cria de lobo e
um caribu, foram ali descobertos em 2016 por garimpeiros e revelados ao público
na última Quinta-feira na cidade de Dawson, no Yukon, com uma idade datada pelo
radiocarbono acima dos 50.000 anos!!!
O lobinho apresenta-se
completo, com a cabeça, o corpo, a cauda, o manto e a pele intactas, o que é
extremamente raro, porque a preservação da pele e dos tecidos musculares não
costuma acontecer no registo fóssil. “Tanto quanto se sabe, este é o único lobo
da idade do gelo mumificado já encontrado no mundo”, disse Grant Zazula, um
paleontólogo local que trabalha em parceria com o governo Yukon, que enfatizou a
colaboração recebida dos garimpeiros locais e da comunidade mineira nesta
pesquisa paleontológica.
O caribu foi encontrado
parcialmente conservado, apenas com a cabeça, o tronco e dois membros
anteriores intactos.
Julie Meachen (na foto
abaixo), uma morfologista carnívora que trabalha com mamíferos da era do gelo
na Universidade de Des Moines e que brevemente fará pesquisas sobre o filhote
de lobo, disse: “Quando Grant me enviou as fotos e pediu-me para participar, eu
fiquei realmente excitada e um pouco fora de mim” e "Queremos fazer um
antigo teste de DNA para ver com quem está relacionado e observar seu
microbioma para ver se ainda há bactérias intestinais". Outros
pesquisadores ao redor do mundo reagiram com idêntica empolgação à descoberta
deste antigo predador e das suas presas, que estão bem preservadas para
permitir futuras investigações de factores como causa da morte, dieta, saúde,
idade e genética.
Este achado científico
mereceu inúmeros comentários de paleontólogos de todo o lado, como foi o caso
de Elsa Panciroli, paleontóloga da Universidade de Edimburgo/Escócia/UK, que a determinado
trecho disse: “Os ossos de lobo da idade do gelo são relativamente comuns no
Yukon, mas ter um animal preservado com pele e pêlo é simplesmente excepcional
- você só quer agarrá-lo e acariciá-lo. É um vislumbre evocativo do mundo da
era do gelo ”. Também Thomas Higham (na foto seguinte), um especialista em
datação arqueológica da Universidade de Oxford, comentou: “Os restos são
altamente evocativos porque permitem-nos fazer uma conexão quase cara a cara
com animais que têm dezenas de milhares de anos, e que parecem muito mais
recentes."
“Acredita-se que o lobo e
o caribu tenham habitado numa paisagem de tundra seca ao lado de outros
animais, como os mamutes-lanudos. A preservação da pele e do manto sugere que
eles viveram num período frio” - considerou Jan Zalasiewicz (na foto abaixo),
paleobiologista da Universidade de Leicester, que adiantou ainda: “Um clima
mais seco e mais árido ajudará a preservar a pele e o manto, o que geralmente
acontece quando o clima fica mais frio” e "O truque aqui é encontrar um
meio de liofilizar a carcaça nestas condições áridas e enterrá-la ... É preciso
encontrar uma maneira de secá-la e colocá-la no frigorífico muito
rapidamente". Panciroli terminou dizendo: "Espero que estudos mais
detalhados sobre esta ‘cria de lobo’ possam encontrar um DNA antigo" que
poderia fornecer novas informações sobre as populações de lobos que viviam no
Yukon naquele momento, como por exemplo: donde vieram e como estão relacionados
com lobos modernos”.
E os cientistas esperam encontrar respostas, nós queremos dissipar
dúvidas, pelo que seguiremos este assunto de perto e com rara curiosidade.
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