domingo, 23 de setembro de 2018

UM LOBINHO COM 50.000 ANOS

Em Klondike, na região do Yukon, no noroeste do Canadá, local famoso pela corrida ao ouro que ali despoletou em 1896, parou na década de 60 do século passado e que continuou dali até aos nossos dias, lugar com um clima extremamente severo que é muito quente e húmido no curto Verão e extraordinariamente frio no prolongado Inverno, com a liquefacção do permafrost, dois mamíferos da era do gelo – uma cria de lobo e um caribu, foram ali descobertos em 2016 por garimpeiros e revelados ao público na última Quinta-feira na cidade de Dawson, no Yukon, com uma idade datada pelo radiocarbono acima dos 50.000 anos!!!
O lobinho apresenta-se completo, com a cabeça, o corpo, a cauda, o manto e a pele intactas, o que é extremamente raro, porque a preservação da pele e dos tecidos musculares não costuma acontecer no registo fóssil. “Tanto quanto se sabe, este é o único lobo da idade do gelo mumificado já encontrado no mundo”, disse Grant Zazula, um paleontólogo local que trabalha em parceria com o governo Yukon, que enfatizou a colaboração recebida dos garimpeiros locais e da comunidade mineira nesta pesquisa paleontológica.
O caribu foi encontrado parcialmente conservado, apenas com a cabeça, o tronco e dois membros anteriores intactos.
Julie Meachen (na foto abaixo), uma morfologista carnívora que trabalha com mamíferos da era do gelo na Universidade de Des Moines e que brevemente fará pesquisas sobre o filhote de lobo, disse: “Quando Grant me enviou as fotos e pediu-me para participar, eu fiquei realmente excitada e um pouco fora de mim” e "Queremos fazer um antigo teste de DNA para ver com quem está relacionado e observar seu microbioma para ver se ainda há bactérias intestinais". Outros pesquisadores ao redor do mundo reagiram com idêntica empolgação à descoberta deste antigo predador e das suas presas, que estão bem preservadas para permitir futuras investigações de factores como causa da morte, dieta, saúde, idade e genética.
Este achado científico mereceu inúmeros comentários de paleontólogos de todo o lado, como foi o caso de Elsa Panciroli, paleontóloga da Universidade de Edimburgo/Escócia/UK, que a determinado trecho disse: “Os ossos de lobo da idade do gelo são relativamente comuns no Yukon, mas ter um animal preservado com pele e pêlo é simplesmente excepcional - você só quer agarrá-lo e acariciá-lo. É um vislumbre evocativo do mundo da era do gelo ”. Também Thomas Higham (na foto seguinte), um especialista em datação arqueológica da Universidade de Oxford, comentou: “Os restos são altamente evocativos porque permitem-nos fazer uma conexão quase cara a cara com animais que têm dezenas de milhares de anos, e que parecem muito mais recentes."
“Acredita-se que o lobo e o caribu tenham habitado numa paisagem de tundra seca ao lado de outros animais, como os mamutes-lanudos. A preservação da pele e do manto sugere que eles viveram num período frio” - considerou Jan Zalasiewicz (na foto abaixo), paleobiologista da Universidade de Leicester, que adiantou ainda: “Um clima mais seco e mais árido ajudará a preservar a pele e o manto, o que geralmente acontece quando o clima fica mais frio” e "O truque aqui é encontrar um meio de liofilizar a carcaça nestas condições áridas e enterrá-la ... É preciso encontrar uma maneira de secá-la e colocá-la no frigorífico muito rapidamente". Panciroli terminou dizendo: "Espero que estudos mais detalhados sobre esta ‘cria de lobo’ possam encontrar um DNA antigo" que poderia fornecer novas informações sobre as populações de lobos que viviam no Yukon naquele momento, como por exemplo: donde vieram e como estão relacionados com lobos modernos”.
E os cientistas esperam encontrar respostas, nós queremos dissipar dúvidas, pelo que seguiremos este assunto de perto e com rara curiosidade.

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