A ignorância continuar a
matar e as suas vítimas preferenciais são as pessoas mais vulneráveis e os
animais, que impotentes morrem às mãos dos seus algozes por qualquer motivo, por
mais insignificante que ele seja. No passado dia 9 deste mês, em SOLESMES,
perto de Cambrai, no norte de França, um caçador matou a tiro o seu jovem de
caça por volta das 23H20. Os residentes locais chamaram a GENDARMERIE
depois de surpreendidos pelos tiros e pelos gritos.
Uma patrulha policial
chegou rapidamente ao local. Os gendarmes entraram naquela casa, encontraram um
indivíduo que segurava uma arma de caça e perto dele o cadáver de um cão
rodeado de sangue. Quando questionado pelos polícias, o homem disse-lhes que
havia deixado o cão sozinho em casa e que ao voltar o animal havia comido
lenços de papel e alguma da sua roupa interior, comportamento que lhe dessagrou
e que o levou a abater aquele cão. O homicida animal foi imediatamente preso e
colocado sobre custódia, sendo encontradas naquela casa várias armas longas que
também lhe foram apreendidas.
Apesar de nada justificar
a morte deste cão, a não ser a ignorância, pelo enunciado que nos é dado pelo
corpo da notícia, é possível compreender o que o levou aquele comportamento,
considerando que se tratava de um indivíduo jovem que havia sido deixado
sozinho em casa. Também o facto de ter rasgado as roupas mais íntimas do dono é
esclarecedor, como esclarecedor é ter despedaçado os lenços de papel. Tudo leva
a crer que estamos perante um caso de ansiedade de separação, depressão que
afecta os cães que não forem convenientemente preparados para ficar sozinhos em
casa, os demasiado mimados, ao privados de cumplicidade, os que passam horas
infindas isolados e os que raramente saem à rua, que acabam por operar um sem
número de destruições como manifestação da sua insatisfação ou desagrado.
Ao comer parcialmente a roupa
íntima do dono, certamente impregnada com o seu odor, o cão estava a tentar
identificar-se com o seu proprietário, a arranjar um espólio próprio que melhor
se acomodar naquela casa e atenuar assim a solidão. A maioria dos cachorros
rouba chinelos, desaparece com as meias dos donos na boca, surripia as coisas
que mais usam ou aquelas a que dedicam maior atenção. Esta fase de adaptação ao
lar, também descrita como instalação doméstica, tem breve duração e tende a ser
vencida pelas rotinas que tornam possível a interacção entre homens e cães.
E depois, se o homem não
queria que o animal lhe roesse a roupa, por que raio a deixou ao seu alcance?
Tê-la-ia espalhado pela casa? É bem possível! Contudo, não deixa de ser
estranho esperar-se dos cães aquilo que os seus donos não souberam ensinar-lhes! Não restam dúvidas, este caçador deverá ser exemplarmente punido, proibido de voltar a ter cães e de voltar a pegar numa arma.
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