Quase 133 anos depois do final
da CONFERÊNCIA DE BERLIM,
ocorrida entre 15 de Novembro de 1884 e 26 de Fevereiro de 1885, onde as potências
imperiais europeias (Alemanha, Áustria-Hungria, Bélgica, Dinamarca, Espanha,
França, Grã-Bretanha, Itália, Noruega, Países Baixos, Portugal, Rússia e
Suécia) decidiram como dividir entre si o Continente Africano e diante da
actual invasão massiva da Europa por migrantes vindos de África, os líderes da
França e dos 3 países do Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo) propuseram, há
4 dias atrás, uma cimeira informal europeia em Salzburgo, marcada para o dia 20
deste mês, visando o apoio comunitário aos países africanos que enfrentam a
crise migratória.
Este anúncio foi feito
pelos líderes dos 4 países, após uma reunião que teve lugar no Luxemburgo e que
juntou o Presidente francês, EMMANUEL
MACRON, e os primeiros-ministros luxemburguês, XAVIER BETTEL,
holandês, MARK RUTTE,
e belga, CHARLES MICHEL.
Estes Chefes de Estado desejam um compromisso menos vago do que o alcançado na
Cimeira da União Europeia em Junho deste ano e colocar em prática “acordos como os alcançados com a Turquia”,
segundo fez saber Mark Rutte (em Março de 2016, a Turquia aceitou reduzir
fortemente o fluxo migratório através do seu território em troca de uma
importante ajuda financeira da UE). Charles Michel, primeiro-ministro belga, entende
que “a União Europeia deve implementar
uma versão do 'Plano Marshall' em África, com uma ambição operacional concreta
com os parceiros africanos".
A questão dos migrantes
está a fracturar a União Europeia e os seus estados membros, a pôr em causa a
política externa comum, a exaltar nacionalismos e a fazer recrudescer os
partidos de extrema-direita, que obviamente são contra a actual corrente
migratória contínua com destino à Europa, conforme fazem saber os nacionalistas
italianos e húngaros no poder, que não querem ser invadidos nem tampouco desejam
ser corredores de acesso ao Espaço Schengen. Enquanto os políticos se
confrontam nos seus parlamentos e comissões, o número de migrantes vindos de
África não pára de aumentar, o que aponta para a necessidade urgente de se encontrar
uma solução.
A possibilidade de se
implementar um “Plano Marshall” em África seria o ideal e ao mesmo tempo justo,
uma vez que os europeus depauperaram de tal maneira este Continente que agora
se vêem confrontados com a chegada dos seus famintos habitantes. Do ponto de
vista estratégico a ideia faz sentido, resta saber quem subsidiaria tal plano e
quanto isso custaria a cada estado membro, particularmente agora que as
economias europeias se apresentam pouco estáveis. Dar condições de vida aos
africanos para não saírem da sua terra seria óptimo e desejável, coisa que os
chineses já estão a fazer, mas não de forma desinteressada, na procura
desenfreada por matérias-primas. Se os europeus foram os leões devoradores das
riquezas africanas, os chineses virão a ser os seus abutres.
Também no que respeita aos
migrantes, a defesa da Europa deverá acontecer para além das suas fronteiras e
não dentro, porque doutro modo traremos a guerra para a soleira da nossa porta
e facilmente seremos vencidos pela surpresa. Tornar este mundo próspero é a
única via eficaz para preservar a multivariedade de culturas e diferentes
modelos de sociedade, pois é a sobrevivência de todos que está em causa! Parece-me
que a proposta do Sr. Macron & Companhia é a melhor que ouvimos até aqui e faz todo o sentido!
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