quinta-feira, 27 de setembro de 2018

MIERDAS ESPAÑOLAS, PECADOS NOSSOS

Sempre ouvi dizer e ninguém até hoje o desmentiu, que os Vândalos foram obrigados a sair da Península Ibérica e que rumaram ao Norte de África. Mas, atendendo a certas práticas cruéis que vitimam galgos e podencos em território espanhol, sou obrigado a não dar crédito ao que sempre me disseram. Muitos destes cães, finda a época da caça à lebre, quiçá por não serem considerados animais de estimação, acabam martirizados de vários modos: abandonados, atropelados, arrastados por viaturas, de ossos quebrados, enforcados em árvores, jogados em poços, queimados vivos, mortos à fome, envenenados e até injectados com lixívia, brutalidade que é alheia à esmagadora maioria dos povos peninsulares, mas que a todos envergonha, porque tendencialmente somos todos colocados dentro do mesmo saco pelos restantes europeus. Finalmente, no dia 1 de Fevereiro deste ano, catorze anos depois da França, a Espanha assinou a CONVENÇÃO EUROPEIA SOBRE BEM-ESTAR ANIMAL, que sujeita os 47 estados membros do Conselho da Europa à sua observação.
Em França, no Departamento da ALTA SABOIA, em HAUTEVILLE-SUR-FIER, todos os anos chegam dezenas de galgos espanhóis que encontram refúgio na ASSOCIAÇÃO LÉVRIERS 74, em cuja origem se encontra BÉATRICE BOUVIER, que a fundou há 8 anos atrás e que desde daí não pára de resgatar cães provenientes da Andaluzia, uma verdadeira “nuestra señora de y para los galgos españoles”, porquanto continua a insistir em dar-lhes uma segunda chance, ao recolhê-los, tratá-los e proceder à sua adopção.
Seus já tem vários e todos de origem andaluza. Desde 2010 já adoptou quase 400 galgos e podencos, a sua associação trabalha em conjunto com dois refúgios no sul de Espanha, um dos quais cuida de 250 a 300 cães. Os dois abrigos mandam-lhe os seus exemplares mais fracos, acompanhados dos seus documentos actualizados (passaporte e vacinas) e observados por um veterinário 48 horas antes da sua viagem através dos Pirinéus e da França, até chegar a Hauteville-sur-Fier. O último cão que lhe chegou às mãos foi uma cadelinha podenca (na foto seguinte), com 1 ano de idade, muito submissa, que se negava a comer, a quem foi posto o nome de BRISA e que viajou da Península Ibérica até à Alta Saboia. 
Estes cães resgatados são, na boca de quem os recolhe, trata e recupera, extraordinariamente “fofinhos e calmos”. Para além disso, como animais de matilha e acostumados a viver nela, adaptam-se muito bem aos outros cães, constituindo com facilidade matilhas heterogéneas. Os malfadados galgos espanhóis, agora transformados em radiantes lévriers français, por terem o pêlo raso, irão necessitar de casacos para o rigoroso Inverno francês, ainda mais na Alta Sabóia com os Alpes ali ao lado.  

Sem comentários:

Enviar um comentário