terça-feira, 4 de setembro de 2018

HIMENÓPTEROS E COLEIRAS INSECTICIDAS

Os cães nunca se deram muito bem com as abelhas e muito menos com a vespas, cujas picadas, para além da dor, podem provocar-lhes choques anafiláticos, contratempos que não impedem os mais teimosos de continuar a dar-lhes caça e comê-las. Apesar de imprescindíveis à nossa agricultura e fruticultura, o número de abelhas está a diminuir drasticamente entre nós, numa percentagem bem acima do aumento das vespas, porque os incêndios florestais também não têm poupado as colmeias.
Abelhas e vespas são insectos himenópteros, animais que já fizeram as delícias dos pioneiros entomologistas, e chamam-se assim porque têm 4 asas nuas e membranosas. Ambas têm ferrão e o seu ataque em grupo pode matar um cão, uma pessoas ou várias. As abelhas só picam uma vez, perdem o ferrão e morrem; as vespas continuam a picar enquanto se sentirem ameaças, muito embora o ferrão só esteja presente nas fêmeas. Se as abelhas são indispensáveis nas explorações frutícolas, as vespas, que também polinizam diversas espécies vegetais, funcionando como vectores de pólen, são extremamente importantes no controle de pragas, já que são o predador natural dos insectos assim catalogados.
As abelhas que visitam os nossos jardins, contrariamente às vespas, dificilmente ali residirão, a menos que se assista a formação de uma nova colónia (enxame). Elas correm as flores, carregam o pólen e dirigem-se às colmeias, trajecto que repetirão ao longo dos dias. São por norma pacíficas e não se mostram agressivas. As vespas tanto podem fazer o seu ninho no nosso jardim como dentro da nossa casa, isto se nos meses mais quentes mantivermos uma porta ou uma janela constantemente aberta.
Sempre tivemos na Europa uma espécie de vespa que é natural do Hemisfério Norte, a Vespula Germanica, que se encontra disseminada na Europa, norte da África e sudoeste da Ásia, assim como na Argentina e no Chile, na América do Norte, sul de África, Austrália e Nova Zelândia. Em 2004, a Vespa velutina nigrithorax, vulgarmente conhecida por “vespa asiática”, entrou no continente europeu por via marítima, calcula-se que no porto francês de Bordéus, num carregamento de bonsai proveniente da China. Dois anos depois, em 2007, já haviam sido detectados em todo o território gaulês 1.613 ninhos desta espécie invasora.
O primeiro ninho de vespa asiática encontrado em Portugal aconteceu perto de Viana do Castelo. Em Dezembro do ano seguinte, já haviam sido confirmados 9 ninhos no Alto Minho. No final de Fevereiro do ano seguinte, o seu número já havia subido para 50. Daí até ao final de 2015 foram registados 1215 desses vespeiros, que se expandiram do Distrito de Viana do Castelo para Braga e Vila Real. O problema são os ninhos na floresta, pois é por ali  que as velutinas vão continuar a progressão para sul (já foram vistas no Alentejo). Em Outubro do ano transacto esta espécie invasora já tinha sido avistada em 12 dos 18 distritos continentais portugueses.
As vespas no geral, as nativas e as invasoras, têm estado particularmente activas este Verão, causando sérios amargos de boca um pouco por toda a Europa. Segundo noticia hoje o Der Spiegel, na tarde do último Domingo, em Weingarten, no Estado alemão de Baden-Württemberg, perto da fronteira suíça, 18 pessoas foram atacadas por um enxame de vespas e 13 foram hospitalizadas quando se encontravam num festival de vinho. Na França, em Saint-Pierre-du-Mont, Departamento de Landes, na Nova Aquitânia, um cinema foi atacado por 2.000 vespas asiáticas, vindas de um ninho situado num terreno baldio próximo daquela casa de espectáculo. Também em França, na Comuna de Warlaing, na região norte do país, um agricultor morreu no mês passado em consequência de uma picada de vespa asiática. O homem era alérgico à picada de insectos, sofreu um choque anafiláctico de grau 4 e não resistiu.
Depois do que fizemos saber, deixamos uma pergunta no ar: deveriam as coleiras antiparasitárias caninas ser também repelentes de himenópteros? Nós achamos que sim, porque o perigo ronda, inimigos destes não faltam e os cães são alvos preferenciais. Ainda dentro deste tema, coleiras antiparasitas, apenas uma à venda no mercado garante ter o repelente activo contra os flebótomos responsáveis pela transmissão da leishmaniose, as outras serão boas no combate a pulgas e carraças e talvez próprias para afoguentar mosquitos. Como alguém já disse, acautele-se, elas (as vespas) andam aí!     

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