Os cães nunca se deram
muito bem com as abelhas e muito menos com a vespas, cujas picadas, para além
da dor, podem provocar-lhes choques anafiláticos, contratempos que não impedem
os mais teimosos de continuar a dar-lhes caça e comê-las. Apesar de
imprescindíveis à nossa agricultura e fruticultura, o número de abelhas está a
diminuir drasticamente entre nós, numa percentagem bem acima do aumento das
vespas, porque os incêndios florestais também não têm poupado as colmeias.
Abelhas e vespas são
insectos himenópteros, animais que já fizeram as delícias dos pioneiros
entomologistas, e chamam-se assim porque têm 4 asas nuas e membranosas. Ambas
têm ferrão e o seu ataque em grupo pode matar um cão, uma pessoas ou várias. As
abelhas só picam uma vez, perdem o ferrão e morrem; as vespas continuam a picar
enquanto se sentirem ameaças, muito embora o ferrão só esteja presente nas
fêmeas. Se as abelhas são indispensáveis nas explorações frutícolas, as vespas,
que também polinizam diversas espécies vegetais, funcionando como vectores de
pólen, são extremamente importantes no controle de pragas, já que são o
predador natural dos insectos assim catalogados.
As abelhas que visitam os
nossos jardins, contrariamente às vespas, dificilmente ali residirão, a menos
que se assista a formação de uma nova colónia (enxame). Elas correm as flores,
carregam o pólen e dirigem-se às colmeias, trajecto que repetirão ao longo dos dias.
São por norma pacíficas e não se mostram agressivas. As vespas tanto podem
fazer o seu ninho no nosso jardim como dentro da nossa casa, isto se nos meses
mais quentes mantivermos uma porta ou uma janela constantemente aberta.
Sempre tivemos na Europa uma
espécie de vespa que é natural do Hemisfério Norte, a Vespula Germanica, que se encontra disseminada na Europa, norte da
África e sudoeste da Ásia, assim como na Argentina e no Chile, na América do
Norte, sul de África, Austrália e Nova Zelândia. Em 2004, a Vespa velutina nigrithorax, vulgarmente
conhecida por “vespa asiática”, entrou no continente europeu por via marítima,
calcula-se que no porto francês de Bordéus, num carregamento de bonsai
proveniente da China. Dois anos depois, em 2007, já haviam sido detectados em
todo o território gaulês 1.613 ninhos desta espécie invasora.
O primeiro ninho de vespa
asiática encontrado em Portugal aconteceu perto de Viana do Castelo. Em Dezembro
do ano seguinte, já haviam sido confirmados 9 ninhos no Alto Minho. No final de
Fevereiro do ano seguinte, o seu número já havia subido para 50. Daí até ao
final de 2015 foram registados 1215 desses vespeiros, que se expandiram do Distrito
de Viana do Castelo para Braga e Vila Real. O problema são os ninhos na
floresta, pois é por ali que as velutinas vão continuar a progressão
para sul (já foram vistas no Alentejo). Em Outubro do ano transacto esta
espécie invasora já tinha sido avistada em 12 dos 18 distritos continentais
portugueses.
As vespas no geral, as
nativas e as invasoras, têm estado particularmente activas este Verão, causando
sérios amargos de boca um pouco por toda a Europa. Segundo noticia hoje o Der Spiegel,
na tarde do último Domingo, em Weingarten, no Estado alemão de
Baden-Württemberg, perto da fronteira suíça, 18 pessoas foram atacadas por um
enxame de vespas e 13 foram hospitalizadas quando se encontravam num festival
de vinho. Na França, em Saint-Pierre-du-Mont, Departamento de Landes, na Nova
Aquitânia, um cinema foi atacado por 2.000 vespas asiáticas, vindas de um ninho
situado num terreno baldio próximo daquela casa de espectáculo. Também em França,
na Comuna de Warlaing, na região norte do país, um agricultor morreu no mês
passado em consequência de uma picada de vespa asiática. O homem era alérgico à
picada de insectos, sofreu um choque anafiláctico de grau 4 e não resistiu.
Depois do que fizemos
saber, deixamos uma pergunta no ar: deveriam as coleiras antiparasitárias
caninas ser também repelentes de himenópteros? Nós achamos que sim, porque o
perigo ronda, inimigos destes não faltam e os cães são alvos preferenciais.
Ainda dentro deste tema, coleiras antiparasitas, apenas uma à venda no mercado
garante ter o repelente activo contra os flebótomos responsáveis pela
transmissão da leishmaniose, as outras serão boas no combate a pulgas e
carraças e talvez próprias para afoguentar mosquitos. Como alguém já disse,
acautele-se, elas (as vespas) andam aí!
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