O conteúdo científico
deste artigo foi tirado da revista SCIENCE,
na sua edição de ontem. Vamos falar de um lobo nipónico que outrora vivia nas
montanhas da ILHA
de HONSHU,
entendido no folclore local como um espírito da floresta e homenageado em
santuários, porque os seus uivos denunciavam a presença de invasores, mormente
javalis. Um animal extinto no princípio do Séc. XX (o último morreu em 1905),
devido à raiva que assolou os lobos no Séc. XIX, numa combinação entre a
introdução da doença e a irradicação orquestrada, já que os agricultores locais
tanto abatiam como envenenavam os lobos.
Quanto ao LOBO-DE-HONSHU, espécie
considerada diferente do canis lupus por alguns especialistas, que lhe
atribuíram a designação de CANIS
HODOPHILAX, sabe-se que era pardo, que tinha hábitos solitários e
que só procurava outro espécime durante a reprodução, que tinha orelhas curtas e
parecidas com as do AKITA
INU,
era rectangular, pesava em média 8 kg, media 70 cm de comprimento, 36 cm de
altura e que a sua cauda tinha 30 cm de comprimento. Suspeita-se que tenha
surgido de uma mutuação a que o nanismo foi alheio.
Hoje só se vêem alguns
destes lobos empalhados em museus, como é o caso do exemplar que encabeça este
artigo. No entanto estes lobos foram os representantes de uma era mais
selvagem, conforme descobriu surpreso o estudante de pós-graduação JONAS NIEMANN,
da UNIVERSIDADE DE COPENHAGA,
quando ele e os colegas analisaram o genoma de um esqueleto de Lobo-de-Honshu
no MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL
DE LONDRES.
Ao fazê-lo, descobriram
que aquele lobo parecia ser um remanescente de um antigo grupo de lobos que
percorreu o Hemisfério Norte até há 20.000 atrás. O seu DNA assemelhava-se mais
com o de um lobo extinto na Sibéria há mais de 35 mil anos do que com os lobos
eurasianos e americanos vivos, segundo relatou Niemann no SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ARQUEOLOGIA
BIOMECULAR, que teve lugar na última Sexta-feira.
A maioria dos antigos
lobos foi extinta quando as camadas de gelo que cobriam o Hemisfério Norte
começaram a derreter há mais de 20.000 anos atrás e os grandes mamíferos
caçados pelos lobos morreram, como foi o caso do Mamute. Contudo, parte do seu
DNA vivia no Lobo-de-Honshu, o que poderá abrir uma nova janela na evolução dos
lobos e também dos cães, segundo afirmou o paleogeneticista MIKKEL SINDING,
do INSTITUTO DE RECURSOS
NATURAIS DA GRONELÂNDIA em NUUK,
o mesmo que extraiu o DNA.
Cada vez estamos mais
perto de comprovar e compreender a cadeia evolucionária das espécies, apesar da
humana ainda encerrar alguns segredos por desvendar. Aguardam-se novos
contributos e descobertas na sede que temos de compreender. É possível que o
lobo-de-Honshu seja aparentado com o que foi encontrado fossilizado em Klondike,
no território de Yukon /Canadá.
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