terça-feira, 18 de setembro de 2018

UM DIA NA VIDA DO ZEUS

O Zeus, o jovem Doberman que estamos a ensinar, teve ontem um dia de treino muito preenchido, trabalhando em dois turnos: um diurno e outro nocturno. Começou por recapitular os comandos direccionais que havia aprendido no dia anterior, visando a sua instalação e prontidão, executando o “à frente” e o “atrás” em escadas, para que a sua condutora se apercebesse do seu uso/utilidade e o cachorro musculasse em simultâneo.
Com o “à frente” já assimilado e o “atrás” a necessitar de aperfeiçoamento, passou-se para o ensino do “quieto”, primeiro a 3 metros de distância do animal (com a trela estendida no chão) e depois a maiores distâncias pelo tempo julgado necessário. O cachorro assimilou o comando sem maiores dificuldades e iremos já ver porquê, para além de aquilatarmos do seu uso prático.
Começamos por deixar o Doberman sentado à porta de um estabelecimento comercial, enquanto a sua dona entrava e a procedia a pretensas compras, para que o animal se acostume a esperar por ela quando necessário, quedo e mudo. Intencionalmente começámos por executar esse travamento à porta fechada, pela linguagem gestual e através de uma vidraça.
Evoluímos depois para uma nova circunstância, agora diante de uma loja de porta aberta e com a dona mais distante no seu interior. Também aqui o Doberman não mostrou grandes dificuldades, permanecendo como lhe houvera sido exigido.
Como cão urbano que é, considerando as inúmeras estradas que a urbe tem e a sua salvaguarda, insistimos amiúde no condicionamento “alto - senta - quieto” junto às passadeiras para peões, que ao passar a automatismo, fará com que o animal procure essas passagens protegidas e sempre mantenha os procedimentos correctos: parar, observar e finalmente passar, procedimento que os cães abandonados mais curiosos aprendem por observação dos transeuntes.
A assimilação do comando de “quieto” possibilitou-nos tirar várias fotos do Zeus junto a uma pintura de rua. Atendendo às cores usadas naquele mural, silhueta do cachorro parecia fazer parte daquela imagem, que mostrava um choco em frente de uma traineira e em mar revolto.
Lembrando a coabitação harmoniosa em sociedade que se deseja, que jamais acontecerá sem o alcance de uma sociabilização irrepreensível, também para a fotografia, convidámos o binómio para se integrar noutra pintura urbana, preenchendo um “boneco” ainda por acabar.
Com a temperatura a ultrapassar os 30 graus celsius, fomos obrigados a curtas sessões de treino e a aumentar os momentos de supercompensação, ocasiões que foram aproveitadas para reforçar os vínculos afectivos do binómio em treino.
No treino nocturno, agora com a presença e colaboração do binómio Paulo/Bohr, a ênfase caiu sobre a condução atrelada e linear, para reforço dos comandos direccionais e de imobilização até aqui exercitados.
No final do treino, como testemunho da hora e do local de quem trabalhou, os dois binómios foram convidados para posar junto a um majestoso repuxo, queda de água que nada importunou os animais, quiçá mais interessados em observar os patos circundantes.
E assim se passou mais um dia de trabalho na vida do Zeus, o jovem Doberman castanho, um cão que ao ser recompensado hoje, devolverá o dobro de tudo aquilo que recebeu amanhã.

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