Uma das maneiras mais
fáceis de ir de férias com a família e levar o cão é optar pelo campismo, quer
se use a autocaravana para esse fim ou se opte por montar tenda. Como muitos
parques de campismo apresentam sérias restrições à presença de cães no interior
dos seus recintos, grande parte dos proprietários caninos campista opta por assentar
arraiais onde ninguém a aborrece ou seja, pelo CAMPISMO
SELVAGEM. Os locais do agrado geral têm normalmente arvoredo
circundante e vista para a água (lagos, barragens, praias fluviais e marítimas).
Estes locais paradisíacos
e não demarcados, não são só procurados por proprietários caninos, mas também
por famílias que têm filhos, porque os miúdos podem andar ali mais à solta e
sem incomodar ninguém, para além de não se encontrarem sujeitas a qualquer
sobretaxa, reparação ou compensação. A coabitação entre uns e outros nem sempre
é pacífica e não o é porque os proprietários caninos seguem a máxima “quem está
mal, muda-se” e os papás não se agradam de ver a sua prole constituída em
presa. Assim, raro é o Verão onde não se trocam murros e insultos ou alguém vai
para o hospital para ser cozido.
Antes de indicarmos
procedimentos passíveis de evitar esta trapalhada e dolo, vamos contar um
episódio acontecido em CHARENTE-MARITIME,
Departamento Francês da Costa Sudoeste, na Região da Nova-Aquitânia, onde os
apreciadores de mar/rio, Conhaque e Pineau gostam de veranear, quer sejam
turistas nacionais ou estrangeiros, que encontram ali condições climáticas
idênticas às da Biarritz mais a sul e onde os preços são mais convidativos.
Ali, uma menina de 4 anos
que se encontrava num acampamento em ARVERT
(“La
Bellevue”), foi mordida por um Akita Inu há precisamente um mês, que lhe
arrancou 3 dentes e obrigou-a a levar quarenta pontos, de um dos olhos até ao
queixo. A menina agredida foi primeiro levada para o hospital de Rochefort e
depois transferida para o de Bordeaux, onde viria a ser operada. O cão
pertencia a uns turistas instalados num local próximo e os pais da criança
apresentaram queixa na gendarmerie. Como se calcula, tudo isto poderia ter sido
evitado.
Falemos primeiro das
obrigações cívicas (sociais) dos proprietários caninos e dos procedimentos que elas
obrigam. Em primeiro lugar importa dizer que as disposições legais relativas
aos cães são para cumprir também em época de férias, o que parece não ser do
conhecimento de todos os veraneantes. Ao acampar com o seu cão num local, avise
os outros campistas da existência do seu animal e não o deixe andar por ali
solto, mesmo que não saia do pé de si. Tente sempre que possível assistir à sua
alimentação e não o deixe com comida à disposição. À noite, por precaução,
recolha-o dentro da autocaravana ou dentro da tenda e, caso mostre animosidade contra
alguém em particular, demonstre-lhe que a pessoa em questão é amiga. Se mesmo assim o animal não alterar o seu comportamento, então repreenda-o vivamente, para que não volte a fazê-lo.
Também para evitar litígios, se porventura se fizer acompanhar por um cão, evite
acampar junto de postos de abastecimento, locais de recorrente uso público ou
nas imediações de explorações pecuárias.
Os campistas sem cão deverão
observar alguns cuidados quando vizinhos de outros que os têm. Se você ou algum
dos seus acompanhantes tem medo de cães, deverão dizê-lo aos proprietários dos
animais para que tomem as devidas precauções. Para além disso, nunca circule a
menos de 30 metros de distância das barracas ou autocaravanas que têm cães,
evite olhar para os animais e use a visão periférica. Se porventura alguns dos
cães se dirigir a si, mantenha-se quedo e mudo, não siga com a vista os
movimentos do animal e imagine-se uma estátua ou um bloco de pedra sem
interesse, até que o seu socorro aconteça.
Caso tenha crianças que
adoram cães, refreie os seus impulsos, não consinta que elas se acerquem das
barracas, caravanas ou pertences dos seus donos, tanto de dia como de noite,
particularmente se os animais se encontrarem soltos, mesmo que os seus
proprietários digam que não há perigo, porque os cães que dormem ao lado dos
donos tendem a protegê-los decidida e automaticamente (instintivamente),
protegendo de igual modo a sua comida, haveres e território adjacente, não
vendo com bons olhos qualquer intruso, independentemente do seu tamanho, muito
embora se agradem com maior facilidade dos mais frágeis e dos que lhes oferecerem
menor oposição. É óbvio que não deverão alimentar os cães alheios.
A sociabilização com os
cães dos vizinhos de ocasião, que não é obrigatória, só deverá acontecer
debaixo de todas as cautelas, o que equivale a dizer que a familiarização dos
cães com os seus vizinhos deverá anteceder a sociabilização pretendida. E como
nada é gratuito, essa familiarização deverá ter a duração de uma semana, tempo
suficiente para os animais conhecerem os indivíduos que constituem os novos agregados
familiares ao seu redor. Em síntese, no dito campismo selvagem e perante campistas
com cães, as regras são estas: nem cães nem crianças poderão circular
livremente e os cinófobos não deverão aproximar-se dos animais, para que uns
não se constituam em presas e os outros em predadores. Como o assunto não se
esgota aqui, daremos informações mais detalhadas a quem o solicitar.
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