segunda-feira, 3 de setembro de 2018

ACAMPAR E NÃO LAMENTAR!

Uma das maneiras mais fáceis de ir de férias com a família e levar o cão é optar pelo campismo, quer se use a autocaravana para esse fim ou se opte por montar tenda. Como muitos parques de campismo apresentam sérias restrições à presença de cães no interior dos seus recintos, grande parte dos proprietários caninos campista opta por assentar arraiais onde ninguém a aborrece ou seja, pelo CAMPISMO SELVAGEM. Os locais do agrado geral têm normalmente arvoredo circundante e vista para a água (lagos, barragens, praias fluviais e marítimas).
Estes locais paradisíacos e não demarcados, não são só procurados por proprietários caninos, mas também por famílias que têm filhos, porque os miúdos podem andar ali mais à solta e sem incomodar ninguém, para além de não se encontrarem sujeitas a qualquer sobretaxa, reparação ou compensação. A coabitação entre uns e outros nem sempre é pacífica e não o é porque os proprietários caninos seguem a máxima “quem está mal, muda-se” e os papás não se agradam de ver a sua prole constituída em presa. Assim, raro é o Verão onde não se trocam murros e insultos ou alguém vai para o hospital para ser cozido.
Antes de indicarmos procedimentos passíveis de evitar esta trapalhada e dolo, vamos contar um episódio acontecido em CHARENTE-MARITIME, Departamento Francês da Costa Sudoeste, na Região da Nova-Aquitânia, onde os apreciadores de mar/rio, Conhaque e Pineau gostam de veranear, quer sejam turistas nacionais ou estrangeiros, que encontram ali condições climáticas idênticas às da Biarritz mais a sul e onde os preços são mais convidativos.
Ali, uma menina de 4 anos que se encontrava num acampamento em ARVERT (“La Bellevue”), foi mordida por um Akita Inu há precisamente um mês, que lhe arrancou 3 dentes e obrigou-a a levar quarenta pontos, de um dos olhos até ao queixo. A menina agredida foi primeiro levada para o hospital de Rochefort e depois transferida para o de Bordeaux, onde viria a ser operada. O cão pertencia a uns turistas instalados num local próximo e os pais da criança apresentaram queixa na gendarmerie. Como se calcula, tudo isto poderia ter sido evitado.
Falemos primeiro das obrigações cívicas (sociais) dos proprietários caninos e dos procedimentos que elas obrigam. Em primeiro lugar importa dizer que as disposições legais relativas aos cães são para cumprir também em época de férias, o que parece não ser do conhecimento de todos os veraneantes. Ao acampar com o seu cão num local, avise os outros campistas da existência do seu animal e não o deixe andar por ali solto, mesmo que não saia do pé de si. Tente sempre que possível assistir à sua alimentação e não o deixe com comida à disposição. À noite, por precaução, recolha-o dentro da autocaravana ou dentro da tenda e, caso mostre animosidade contra alguém em particular, demonstre-lhe que a pessoa em questão é amiga. Se mesmo assim o animal não alterar o seu comportamento, então repreenda-o vivamente, para que não volte a fazê-lo. Também para evitar litígios, se porventura se fizer acompanhar por um cão, evite acampar junto de postos de abastecimento, locais de recorrente uso público ou nas imediações de explorações pecuárias.
Os campistas sem cão deverão observar alguns cuidados quando vizinhos de outros que os têm. Se você ou algum dos seus acompanhantes tem medo de cães, deverão dizê-lo aos proprietários dos animais para que tomem as devidas precauções. Para além disso, nunca circule a menos de 30 metros de distância das barracas ou autocaravanas que têm cães, evite olhar para os animais e use a visão periférica. Se porventura alguns dos cães se dirigir a si, mantenha-se quedo e mudo, não siga com a vista os movimentos do animal e imagine-se uma estátua ou um bloco de pedra sem interesse, até que o seu socorro aconteça.
Caso tenha crianças que adoram cães, refreie os seus impulsos, não consinta que elas se acerquem das barracas, caravanas ou pertences dos seus donos, tanto de dia como de noite, particularmente se os animais se encontrarem soltos, mesmo que os seus proprietários digam que não há perigo, porque os cães que dormem ao lado dos donos tendem a protegê-los decidida e automaticamente (instintivamente), protegendo de igual modo a sua comida, haveres e território adjacente, não vendo com bons olhos qualquer intruso, independentemente do seu tamanho, muito embora se agradem com maior facilidade dos mais frágeis e dos que lhes oferecerem menor oposição. É óbvio que não deverão alimentar os cães alheios.
A sociabilização com os cães dos vizinhos de ocasião, que não é obrigatória, só deverá acontecer debaixo de todas as cautelas, o que equivale a dizer que a familiarização dos cães com os seus vizinhos deverá anteceder a sociabilização pretendida. E como nada é gratuito, essa familiarização deverá ter a duração de uma semana, tempo suficiente para os animais conhecerem os indivíduos que constituem os novos agregados familiares ao seu redor. Em síntese, no dito campismo selvagem e perante campistas com cães, as regras são estas: nem cães nem crianças poderão circular livremente e os cinófobos não deverão aproximar-se dos animais, para que uns não se constituam em presas e os outros em predadores. Como o assunto não se esgota aqui, daremos informações mais detalhadas a quem o solicitar.

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