segunda-feira, 10 de setembro de 2018

DETROIT: FOGO À PEÇA E DEITA ABAIXO!

Talvez a maioria dos nossos leitores nunca tenham ouvido falar no termo “CANICÍDIO”, normalmente utilizado para descrever a morte violenta de um ou mais cães, que é exactamente o que está a acontecer na cidade de DETROIT, a mais populosa e famosa do Estado norte-americano do Michigan, cuja principal fonte de renda é a indústria automobilística, pois é ali que a General Motors tem a sua sede a também a Ford Motor Company está sediada na sua região metropolitana, em Dearborn.
Como se calcula a morte dos cães nada tem a ver com a indústria automóvel dali, mas sim com a actuação da polícia daquela área metropolitana, que só no ano passado matou 54 cães, alcançando novo recorde e mais do dobro dos cães abatidos em Chicago, cidade que tem mais 2 milhões de habitantes. Em simultâneo e por causa disso, na defesa da sua polícia, a Detroit está a tentar defender-se das acções judiciais que lhe movem os seus moradores, cidadãos que reclamam indemnizações pela morte dos seus cães durante os raids policiais antidroga que, com os custos judiciais, já somam várias centenas de milhares de dólares.
A unidade policial local que mais cães abate é a MAJOR VIOLATORS UNIT, que realiza centenas de ataques antidroga por ano e que até há bem pouco tempo tinha por hábito deixar atrás de si um rasto de cães mortos, havendo um elemento dessa unidade que atirou em 80 cães e matou 69. Convém relembrar que alguns destes cães servem para manter a polícia distante e proteger os traficantes. A situação em Detroit é muito complexa e drogas por lá não faltam.
A situação demográfica da cidade, intimamente ligada à indústria automóvel, também colaborou para o aumento da delinquência e dos abusos policiais, já que a chegada dos trabalhadores afro-americanos para as fábricas de automóveis levou a população euro-americana para os subúrbios, constituindo-se a cidade num verdadeiro gueto, onde não faltam pilhagens e assaltos, por vezes provocados pela crise ou pelos despedimentos na indústria automóvel local.
E como a polícia ali assumiu dois princípios que as suas congéneres europeias descartaram há muito, o do “OU HÁ MORALIDADE OU COMEM TODOS” e o de “ATIRAR ANTES DE PERGUNTAR”, muitos cães são abatidos por prepotência, desrespeito, mau-hábito e “engano”, mesmo quando se encontram presos. Como resultado disso, as famílias que assim se viram privadas dos seus animais de estimação, acabam por exigir à cidade pesadas indemnizações.
Quando estamos a falar destes cães, não nos estamos a referir-nos propriamente a Golden Retrievers, Poodles ou Chihuahuas, mas a raças de forte mandíbula e exagerado instinto de presa, propriedade tanto de marginais e como de não-marginais, que têm-nos como armas de defesa pessoal, o que desnuda a instabilidade social vivida em Detroit e dificulta o trabalho policial. Por detrás disto tudo estão velhos ódios e ruins práticas, predicados que não poupam a polícia nem os restantes cidadãos.
Enquanto o combate à droga for ali mais repressivo do que preventivo, não haverá alteração de processos e os agressivos raides diários antidroga continuarão, o que não será, como não tem sido, uma boa notícia para os cães, que continuarão a morrer por conta da sua má fama e péssima companhia. 

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