Neste pequeno país de
muitas tricas partidárias e de pouca obra realizada, com uma dívida externa que
dava para fazer três países iguais, as novidades são poucas e a maioria vem do
exterior. Esta Pátria outrora descrita como de brandos costumes, talvez para
aumentar o seu desassossego, já tem um canal televisivo do tipo ”mata, esfola”,
onde diariamente jorram crimes acabados de fazer. Ainda que o roubo do material
militar acontecido em Tancos mereça algum destaque, o protagonismo vai para o
assassínio do triatleta de Cachoeiras, Vila Franca de Xira, ao que parece
abatido a tiro pelo conluio “esposa-amante”, depois de ter levado uma valente
pancada na cabeça. Certo é que os presumíveis homicidas receberam, depois de
ouvidos por um juiz, prisão preventiva como medida de coacção. E como o assunto
virou ordem do dia, por todos os cantos se ouve: “Ela sim, foi ela que matou o
marido com a ajuda do amante!”
Se porventura houver uma
República Federativa Brasileira no Hemisfério Norte, o seu lugar será
certamente em Portugal, atendendo ao número de brasileiros que aqui vive e
trabalha, graças à facilidade estendida pela língua comum. Primeiro vieram os
futebolistas, depois os dentistas, seguiram-se os trabalhadores não-qualificados
e agora são os ricos que aqui compram casa. Num raio de 30 km das grandes
cidades, nas estâncias turístico-balneares e nas sedes concelhias, também na
indústria da noite, já não se estranha ouvir português do Brasil, porque a
empregada do bar ou café veio das Terras
de Vera Cruz, como veio a esteticista, a cabeleireira, o trabalhador de
construção civil, o repositor de supermercados, o curandeiro, o empregado de
mesa, a mulher da limpeza e um sem número de indivíduos espalhados pelas mais
diversas profissões, inclusive algumas infelizmente menos recomendáveis. Algumas
brasileiras, valendo-se dos seus dons naturais, acabam por dar caça aos “portugas”
necessitados de uma experiência revigorante e libertadora, sendo causa de muito
divórcio, separação e de muito filho de pai velho.
Com tamanha aglomeração de
brasileiros e com o amor que os liga à sua terra, é natural que tudo o que
acontece no Brasil tenha aqui alguma repercussão e seja objecto de notícia.
Ontem nas cidades de Lisboa e do Porto, as duas maiores de Portugal, a
brasileirada saiu à rua e juntou-se às centenas para protestar contra o
candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro, debaixo do slogan “ELE NÃO!”
Estes manifestantes, na sua maioria mulheres, não pouparam adjectivos
pejorativos e por demais ofensivos ao candidato em questão, qualificando-o como
se fosse o mais vil dos homens. Como seria de esperar, não comentamos o que
acontece na casa dos outros, a menos que o seu exemplo nos traga alguma
vantagem ou importante lição. Ao que parece, a opinião pública brasileira encontra-se
dividida entre dois extremos inconciliáveis que há muito se digladiam.
Deseja-se
que o acto eleitoral brasileiro decorra debaixo do maior civismo e tranquilidade,
que tanto os candidatos como o povo respeitem os resultados eleitorais – o Brasil
merece!
PS: O actual fluxo
migratório do Brasil para Portugal sucede, ainda que mais tarde, ao fluxo
migratório no sentido inverso que ocorreu durante séculos.
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