terça-feira, 31 de março de 2020

SEM-ABRIGO BRITÂNICOS EM APUROS

Comecemos pela StreetVet. A StreetVet é uma instituição de caridade sem fins lucrativos para o bem-estar animal no Reino Unido fundada em 2016. A organização fornece suporte para os sem-abrigo donos de animais que não podem pagar tratamento veterinário particular e educa-os sobre as responsabilidades e os cuidados com a propriedade dos animais. Neste momento esta instituição ajuda mais de 1.000 animais de estimação pertencentes a sem-abrigos e está a pedir aos hotéis que abram uma excepção às políticas de proibição de cães de estimação ao fornecer alojamento aos sem-abrigo, uma vez que alguns preferem ficar nas ruas se os hotéis não os deixarem levar consigo os cães. Este pedido sucede à ordem governamental que obriga os funcionários dos conselhos locais a alojar os sem-abrigo em hotéis e abrigos como parte dos esforços para conter a disseminação do coronavírus.
A StreetVet faz saber que alguns moradores de rua ficarão nas ruas se forem forçados a separar-se dos seus amados cães. Num movimento sem precedentes, os gestores de desabrigados e os coordenadores de pernoita de todas as autoridades locais receberam instruções do Ministério da Habitação, Comunidades e Governo Local (MHCLG), na passada sexta-feira, para fornecer acomodações no fim-de-semana. No dia anterior, o secretário da Habitação, Robert Jenrick, pediu às principais redes de hotéis que fiquem abertas e forneçam camas para os desabrigados. No entanto, uma instituição de caridade diz que muitas pessoas encontram-se numa situação desesperada e ainda estão nas ruas "assustadas e famintas" porque "as fontes normais de comida se foram."
Jade Statt (na foto seguinte), fundadora da StreetVet, tem 650 veterinários e enfermeiros voluntários que geralmente visitam 16 locais como 'clínicas de rua', que ainda recebem chamadas de emergência e continuam a enviar comida para os sem-abrigo, concentrando a sua atenção em incentivar os hotéis a permitir entrada dos seus animais de estimação. "Muitos sem-abrigo recusam separar-se do seus cães porque é o que sempre fizeram: temos pessoas que dormem nas ruas com eles ao invés de ficarem num quarto de albergue se os cães não forem permitidos." Muitas pessoas sem-abrigo não estão de boa saúde por várias razões e não estão em posição de se auto-isolar ou manter os bons procedimentos de lavagem das mãos, por isso são muito vulneráveis nas ruas". A StreetVet está a tentar organizar um espaço de emergência para canis em todo o país, incluindo contactos com a Battersea Dogs Home, em Londres. Se for oferecido aos sem-abrigo um quarto de hotel e não puderem levar seu cachorro, eles esperam até encontrar abrigo para o animal.
Esta instituição de caridade também tem para oferecer boxes e açaimes, caso os hotéis permitam a entrada dos cães. "Obviamente, nós e os sem-abrigo, preferimos que os cães e seus donos sejam mantidos juntos", disse Jade. "Sou veterinária há 16 anos e o vínculo humano-canino é especial, sendo ainda mais profundo no caso dos sem-abrigo. "Eles costumam ver os seus cães como o único amigo que têm ou como um membro da família e são uma recordação de melhores tempos, quando ainda não eram sem-abrigo". Apesar dos planos do governo, os moradores de rua ainda correm sério risco devido a desorientação, porque os sistemas de suporte até há pouco existentes, como cozinhas de sopa e distribuições de alimentos, já não estão nos mesmos sítios.
O Independent informou que não conseguiu obter dados do governo sobre quantos sem abrigo haviam sido alojados até agora em todo o país. Até domingo, 464 pessoas que dormiam pelas ruas de Londres foram colocadas em hotéis e quase 50 noutras acomodações independentes, dos cerca de 11.400 sem-abrigo que dormem nas ruas em toda a capital, segundo disse o gabinete do prefeito. Há relatos de que as autoridades locais continuam a pedir aos sem-abrigo que provem ter uma ligação local e que forneçam um histórico de endereços antes que possam aceder aos abrigos, impedindo assim que sejam alojados. 
Matt Downie, director de políticas e assuntos externos da Crise, disse ao jornal: “Temos relatos de pessoas que não comem há dias. As pessoas nas ruas que ainda não chegaram aos hotéis estão realmente a lutar pela sua sobrevivência, porque as fontes normais de comida desapareceram. Estamos a operar em algumas cidades e as pessoas estão assustadas, esfomeadas e desesperadas.”
Ao ver tanto “olho azul” desprezado, emporcalhado e jogado pelas calçadas britânicas, percebo automaticamente que a miséria é transversal a todas as nações, como sinto que infelizmente temos feito muito pouco, enquanto sociedade, pela reinserção social dos sem-abrigo, gente para quem os cães são mais do que um meio para despertar a generosidade alheia. Mais do que rotular e encafuar apressadamente esta gente, importa recuperá-la psicologicamente, apesar de não ser nada fácil, porque não é “normal” descer-se tão baixo. Perante a situação em que vivem, se não tivessem os cães por companheiros, a sua vida ainda seria mais triste, vazia e miserável.

ONDE TUDO SE TERÁ PASSADO?

Do incidente que vou contar, vou tirar todas as referências ligadas ao lugar onde tudo se passou, para ver se os meus leitores serão capazes de adivinhar em que país aconteceu. Segundo anunciou um porta-voz da polícia, hoje pelas 11 horas, quando uma senhora passeava um cachorro Spitz, perto do clube de cães local, conheceu um casal com dois filhos. Sem nenhuma ração para isso, o homem, de aproximadamente 35 anos de idade, desatou a insultar a dona do pequeno cão com afirmações xenófobas, o que deu origem a uma discussão verbal. Como se isso não bastasse, pouco satisfeita, a mulher do casal, estimada pela vítima como tendo entre os 30 e 40 anos, começou a pisar o frágil Spitz. Felizmente o cãozinho conseguiu escapar-se ileso. A sua dona descreve o casal agressor da seguinte maneira: O homem tem a pele e cabelos claros e usava óculos, vestindo na altura um blusão escuro e uns jeans azuis. A mulher usava igual vestuário e tinha longos cabelos loiros?
Onde tudo se terá passado? Será difícil de se determinar? Não vale a pena cansar a cabeça! Por acaso, por mero acaso, porque não é costume acontecer, tudo se passou em Cappel, Distrito de Marburg-Biedenkopf, no Estado do Hesse, na Alemanha. Já compreendi há muito porque dizem os alemães que os portugueses são um povo muito hospitaleiro! E na verdade somos e muito, porque tratamos os estrangeiros como eles nunca nos trataram. Será isto fado ou necessidade? Fado, só por ser quem somos e necessidade é de certeza!

ESPERANÇA BRETÃ

Um verme do mar poderá vir a ajudar pacientes com coronavírus. Esta é a aposta de uma empresa bretã que se prepara para lançar um teste em dois hospitais parisienses. A hemoglobina na “Arenicola marina”, espécie de anelídeo pertencente á família Arenicolidae também presente em território português, incluindo na sua zona económica exclusiva, pode transportar 40 vezes mais oxigénio do que a hemoglobina humana. Virá a esperança na luta contra o coronavírus de um pequeno verme do mar? Sediada em Morlaix (Finistère), a empresa de biotecnologia “Hemarina” acredita em qualquer caso nos poderes da arenicola, um verme do mar conhecido nas praias da Bretanha.
Como parte de um ensaio clínico, esta empresa pretende administrar rapidamente uma solução do sangue do animal com altos poderes de oxigenação em dez pacientes infectados com Covid-19 . "Aguardamos em breve a decisão do Comité de Protecção ao Paciente (CPP), sabendo que a ANSM já validou o estudo", disse o médico de biologia marinha Franck Zal, chefe da empresa Bretã. Até ao momento, nem a agência de medicamentos (ANSM) nem o CPP competente puderam ser imediatamente contactados.
A solução, destinada a pacientes afectados pela Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA), é produzida a partir da hemoglobina do animal. Medindo entre 10 e 15 cm, este verme é conhecido principalmente pelas pequenas reviravoltas visíveis nas praias. A sua hemoglobina (molécula presente nos glóbulos vermelhos e que tem o papel de transportar oxigénio no corpo) é capaz de fornecer 40 vezes mais oxigénio que a hemoglobina humana. Ao contrário da último, fechada nos glóbulos vermelhos, a da Arenicola é extracelular. "O objetivo é usar essa molécula como uma espécie de respirador molecular antes que os pacientes entrem num processo pesado de ressuscitação", enfatiza Franck Zal (na foto abaixo), lembrando a actual falta de ventiladores.
Este produto da Hemarina, chamado “HEMO2life”, já foi testado nos Estados Unidos em pessoas com hipoxia cerebral (diminuição da concentração de oxigénio no sangue ou nos tecidos). "O princípio permanece o mesmo", diz Franck Zal. Também foi testado para a preservação de transplantes de rim. Actualmente, o laboratório de biotecnologia aguarda autorização para comercializar o seu produto. Com sede em Morlaix, ele prepara-se para enviar 100 doses de seu produto injectável aos hospitais parisienses Georges Pompidou e de la Pitié-Salpêtrière, onde o teste irá ser realizado. A empresa, que possui a sua própria fazenda de minhocas em Vendée, possui 5.000 doses imediatamente disponíveis e pode produzir outras 15.000 "rapidamente".
Escusado será dizer que todos aguardamos com grande expectativa o resultado destes testes, independentemente do seu resultado, porque não podemos perder a esperança diante dos reveses que temos de suportar - que venham de lá as minhocas marinhas!

QUERIA ENSINAR O CÃO A CONDUZIR

Daqui para a frente vão acontecer muitos incidentes bizarros com cães, obra de donos flipados ou misteriosamente encantados pelos seus filhinhos de quatro patas, que é o que mais há por aí. Apesar de ser velho e do Covid-19 estar constantemente a espreitar-me, não me sinto injustiçado, sentir-me-ia se ele preferisse as crianças e levasse as poucas que temos, que são o garante da nossa continuidade enquanto nação, apesar de serem cada vez mais substituídas por cães. É nestas horas de angústia que me sinto mais português e menos contesto quem nos governa, porque nenhum sacrifício que façamos nos trará a imortalidade, mas morrer por morrer, que seja a lutar pela vida, pela nossa e pela dos outros. Dito isto, vamos à história do homem que queria ensinar o seu cão a conduzir.
Tudo aconteceu no ontem, Domingo, na zona oeste do Estado de Washington, quando a polícia se viu obrigada a perseguir uma viatura que se deslocava a 160 km/h e que acabou por bater noutros dois veículos ao sul da cidade de Seattle. Com a viatura imobilizada, a polícia foi surpreendida por um Pitbull ao volante. O seu dono, um homem de 51 anos, quando questionado pela polícia, disse que estava a ensinar o cão a conduzir! O homem foi também preso por conduzir sob influência de drogas e o cão, como não reagiu agressivamente para a polícia, foi levado para um abrigo de animais. Curiosamente, o dono do animal, ia sentado no banco do pendura e dali esticava a perna para pressionar o pedal do acelerador!
Há coisas que por vezes parecem mentira, mas não foi este o caso, que foi relatado pelo porta-voz da polícia, Heather Axtman, e noticiado originalmente pela agência de notícias afp. Ainda bem que o homem não é piloto, porque ao querer ensinar o seu cão a pilotar, poderia fazer maior estrago e causar mais vítimas. Lamentavelmente, aquilo que hoje se estranha na América, virá a acontecer amanhã debaixo dos nossos narizes!

GRANDE NÚMERO DE VISITAS

Ontem, dia 30 de Março, este blogue teve 445 visitas, que é o segundo valor mais alto alcançado este ano. Quem mais contribuiu para este montante foram os leitores portugueses e romenos, seguidos dos brasileiros e norte-americanos. Nunca tivemos tantos leitores romenos como ontem (56) e raros foram também os dias em que os leitores portugueses ultrapassaram as 300 visitas diárias.
Esperamos continuar a merecer o interesse de todos, a manter o intercâmbio que nos enriquece e a alcançar o maior número de visitas possível, porque trabalhamos para isso e o nosso lema é servir. Agradecemos a todos a procura e queremos ultrapassar o Covid-19 com todos vós. Tenham um bom dia, acautelem-se e abracem a esperança.

segunda-feira, 30 de março de 2020

A ENPA ESCLARECE

A ENPA (L'Ente Nazionale per la Protezione degli Animali), a mais antiga e uma das maiores associações italianas de bem-estar animal, ONG reconhecida como uma "associação de proteção ambiental" pelo Ministério do Meio Ambiente Italiano e filiada na Federação Italiana de Associações de Direitos Animais e Ambientais, face às muitas fake news que têm aparecido sobre a relação entre o Coronavírus e os animais de estimação, e que podem prejudicá-los severamente, esclarece: “Os animais de estimação não são contagiosos, conforme dizem a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde Italiano - animais de estimação não transmitem o Covid-19 e não são receptivos; Também é falso que haja um boom de abandono em Itália, o problema são as adopções, que acontecem mais lentamente por causa das dificuldades de circulação das pessoas. Não é verdade que os cães precisam de tomar banho frequentemente, a lavagem tira-lhes a gordura da pele, uma camada de defesa muito importante que evitar eritema, vermelhão. O banho só deve ser-lhes dado 4 vezes por ano e o uso de sabonetes específicos não é fundamental.
Segundo esta mesma associação, no que concerne à limpeza das patas ao regressar a casa, “o ideal seria preparar uma tigela de água morna com um pouco de sabão para cão ou bicarbonato de sódio lá dentro. Jamais use lixívia ou sabões humanos. Depois de mergulhar as patas, certifique-se de seca-las bem com uma toalha fresca e limpa, que deverá trocar sempre. No caso de olhar toalhetes deverá também proceder à sua troca.” Perante a pergunta, quantas vezes devo levar o meu cão à rua?, a resposta do porta-voz da ENPA foi “não mude os hábitos do cão antes do final da quarentena, muito embora se ele sair mais uma vez, nada de grave acontecerá.” Carla Rocchi (na foto abaixo), presidente nacional da ENPA, diz que “as notícias falsas tornaram-se num inimigo diário da luta contra o Coronavírus.
Apesar da luta dos italianos contra o Covid-19 continuar muito áspera e estar a sacudir a Itália por todos os lados, é impressionante ver que há ali quem ainda se preocupe com o bem-estar e com a defesa dos direitos dos animais. Pelo que os transalpinos têm feito uns pelos outros, a palavra “SOLIDARIETÀ” tem agora um novo sinónimo – VITA!

COISAS DE CONSTANÇA (KONSTANZ) E CONSTÂNCIA

Falemos primeiro da alemã, Konstanz, que esta segunda-feira tem honras de manchete nas notícias online internacionais relativas a animais, porque neste fim-de-semana um cão que se encontrava solto, mordeu ali um garoto de 12 anos numa perna e rasgou-lhe também o casaco. De acordo com o que a polícia faz saber, o dono do animal, ao invés de prestar auxílio ao miúdo, desapareceu sem deixar rasto. Por tudo isto, anda a polícia de Konstanz à procura deste proprietário canino (aqui tinha muito que procurar).  Não é nada fácil falar da cidade de Konstanz, porque ela nasceu para ser vista e tornar-se inesquecível, atendendo à sua beleza natural, riqueza cultural, estatuária imponente e deslumbrante arquitectura.
Há quem diga que a sua gastronomia também não é má, mas tenho para mim como verdade, que alemães e gastronomia são uma má combinação (valeram-me os iogurtes de quilo nas minhas viagens por terras germânicas, uma vez que nunca fui grande apreciador de salsichas e chucrute). Falar de Konstanz, que é também uma cidade universitária, é falar do Lago Bodensee (Constança para nós), ao longo do qual se espraia e faz fronteira com a Suíça e a Áustria.
O Rio Reno, que nasce nos Alpes Suíços, passa pelo lago de Konstanz, torna-o substancialmente maior e escapa sorrateiro por debaixo de uma ponte que liga as duas partes da cidade. Muita gente importante nasceu ali, mas mesmo muita. A título de curiosidade destaco uma personalidade – o Conde Ferdinand von Zeppelin, construtor das famosas aeronaves “Zeppelin”. Ser alemão e não conhecer Konstanz, é como ser português e não conhecer Amarante ou ser paranaense e nunca ter ir a Morretes, onde por acaso se come muito bem (vale a pena comer o “barreado”).
A nossa Constância é uma humilde vila do Distrito de Santarém, na Província do Ribatejo, com cerca de 900 habitantes e que está ligada pela sua proximidade ao Castelo de Almourol, lugar de idílicas e passageiras paixões, que acontecem e passam tão rápido quanto a confluência do Tejo no Zêzere. Constância só foi oficialmente designada assim a partir de 1836, obra da Sereníssima Rainha D. Maria II, devido ao apoio que a sua população lhe deu e ao seu antigo nome, “Punhete”, do qual não gostava nada devido às más associações que tal topónimo trazia para os seus naturais, que ainda por cima eram frequentemente confundidos com o antigo senhor feudal daquelas terras, Guilherme André Ribeiro, o “Caça-Caloiras”, também denominado “o Mãozinhas Calejadas”.
Precisamente por esta última razão e ao contrário do que sucedeu ao nome de outras terras durante as Lutas Liberais, que viram os seus nomes acrescentados (ex: Praia – Praia da Vitória), Punhete alterou totalmente o seu nome, já que o topónimo sugeria obscenidade, por ser muito semelhante a uma palavra na gíria sexual, o que levava ao escárnio dos habitantes das localidades vizinhas. Será que o fantasma do “Mãozinhas Calejadas” e das suas concubinas ainda andam por lado lá tal qual Cupido com as suas flechas? Eu sou pouco sugestionável, mas há quem jure que sim e ainda por cima temos um castelo por perto. 

HÁ SEMPRE QUEM NÃO QUEIRA IR SOZINHO

Há sempre quem não queira ir sozinho, desta para melhor, particularmente em momentos como os que estamos a viver, onde a pandemia leva os que quer até haver uma vacina que lhe faça frente, gente que diz para si mesma: “se eu vou, tu também vais!” No lindíssimo, histórico e rico 13º Distrito de Viena de Áustria, Hietzing, um dos mais prósperos bairros de Capital austríaca, onde não faltam faustosas vivendas históricas e o Palácio de Schönbrunn, para além do jardim zoológico e de espaços verdes muito bem cuidados, existe também a Floresta de Hörndl, situada na popular área recreativa de Hörndlwald, um dos poucos espaços abertos onde os vienenses, com algumas restrições, ainda podem caminhar ou passear com os seus cães debaixo do espectro do Covid-19.
Ali já morreram envenenados 8 cães e 1 raposa até ao momento, mercê da colocação de iscas pulverizadas com uma substância altamente tóxica, que mata em apenas 15 minutos, substância que obviamente poderá ser também perigosa para as crianças. A primeira morte ocorreu na passada sexta-feira, dia 27 do corrente mês e todos os cães apresentaram os mesmos sintomas: asfixia, vómito, espasmos e finalmente paragem cardíaca. Esta substância altamente tóxica é particularmente pérfida, porque não necessita de ser ingerida, basta cheirá-la ou lambê-la para ser fatal. Acredita-se que esta toxina possa ter sido distribuída em forma de spray ou gel.
Alguns proprietários caninos deixaram presos nas árvores da floresta vários avisos acerca da presença deste veneno, destinados a todos os utentes e visitantes, quer tenham cão ou não, porque o veneno não é apenas perigoso para cães, é-o também para as crianças. “Há muitas pessoas aqui todos os dias a passear ou a colher alho silvestre com os seus filhos”, disse um vienense. O assunto já é do conhecimento da Polícia que a todos pede, caso vejam algo suspeito, que não mexam e nem toquem em nada, e que liguem imediatamente para o número de emergência 133.
Estarão os cães a dar cabo das iguarias ou dos negócios de alguém ao ponto de serem varridos da floresta a qualquer preço? É possível que os animais possam estar a estragar ou a condenar ao extermínio espécies interessantes para a culinária local tradicional. Contudo, esta não é a melhor forma de se revolver o problema nem de se fazer valer os direitos de cada um, pois há muito ultrapassámos a Idade Média. Por outro lado, na eventualidade do envenenamento canino ser intencional, há que apanhar o ou os psicopatas que andam a fazê-lo e que colocam simultaneamente em risco a vida de pessoas, incluindo-se nestas as crianças.

BONS VENTOS DO CANAL

O Canal é o da Mancha, também conhecido pelo “Canal Inglês”, onde cães estão a ser treinados para detectar o coronavírus no Reino Unido e identificar pessoas doentes para impedir a propagação da doença. A associação Medical Detection Dogs, a London School of Hygiene e a Durham University já começaram a trabalhar intensivamente para que em seis semanas já tenham cães capazes de fornecer um diagnóstico não invasivo da pandemia.
Estas entidades já entraram em contacto com o governo britânico para explicar-lhe como os cães podem ser um precioso aliado na luta contra o Covid-19. A Medical Detection Dogs, que já treinou cães para detectar doenças como cancro, Parkinson e infecções bacterianas, explica que o processo será exactamente o mesmo para ensiná-los a identificar o coronavírus, o que envolverá fazê-los cheirar amostras e ensiná-los a relatar a presença do vírus.
Os cães também irão ser capazes de detectar mudanças subtis na temperatura da pele e poderão indicar se alguém estará com febre. Uma vez treinados, poderão ser também usados para detectar viajantes infectados quando chegassem às Ilhas Britânicas ou implantados noutros espaços públicos, “Em princípio, temos a certeza que o cães podem detectar o Covid-19. Agora estamos a estudar como podemos capturar o cheiro do vírus dos pacientes e apresentá-lo aos cães”, disse Claire Guest, directora e co-fundadora da Medical Detection Dogs (na foto seguinte). "O objectivo é que os cães possam rastrear qualquer pessoa, incluindo aqueles que não apresentam sintomas e nos digam quem precisa de ser testado”, disse ela.
Depois de tantas dúvidas acerca da transmissão do Covid-19 pelos cães e do abate sistemático de muitos por causa disso, os cães parecem contra-atacar e da melhor maneira possível, colocando-se ao nosso lado neste combate que não nos têm dado tréguas.

domingo, 29 de março de 2020

ASSIM, SEM MAIS NEM MENOS!

Talvez me apetecesse falar dos bávaros, mas nos tempos que correm pode não ser politicamente correcto. Assim e para terminar, digamos que apresentam profundas diferenças em relação aos restantes germanos e que ter um bávaro como opositor é uma encrenca dos diabos. Em Dießen am Ammersee, no Distrito de Landsberg am Lech, na Alta Baviera, pelas 17 horas do dia de ontem, junto ao complexo à beira do lago de Dießen, um casal que passeava o seu cão conheceu um radler (ciclista) e tudo parecia correr de feição.
De repente e quando menos se esperava, o ciclista, que aparentava ter à volta de 50 anos, puxou de um spray de defesa e pulverizou o cão e o casal, pondo-se depois em fuga. O dono do cão, um homem de 36 anos, ainda tentou agarrá-lo mas não conseguiu. Como se depreende, a polícia de Dießen está agora à procura de testemunhas deste incidente. Diz-se que o ciclista tem cerca de 1,80m de altura, que estava vestido com uma capa de chuva amarela florescente e que na bagageira da bicicleta escura havia uma impressionante bolsa amarela, também ela florescente.
O casal ofendido apresentou queixa contra desconhecidos por danos corporais perigosos, uma vez que tanto ele como o cão ficaram levemente feridos e com os olhos avermelhados. Há dias em que é melhor sair com o cão à rua e outros em que é conveniente ficar em casa, porque de um momento para o outro - assim, sem mais nem menos - um homem pode acabar momentaneamente cego.

AVÓ, PORQUE TENS OS DENTES TÃO GRANDES?

Se há coisas que me deixam furibundo, o desplante de certos idiotas ao afirmar-se surpresos depois dos seus cães, considerados perigosos, terem atacado alguém é uma delas, porque “não casa a bota com a perdigota” e das duas, uma: ou a ignorância e a tolice regem as suas cabeças ou estão a arranjar desculpas esfarrapadas (ambos os casos são infelizmente bastante comuns). Hoje, pouco depois das 7 horas, aconteceu mais um incidente destes em Vincentia, um município de Nova Gales do Sul, na Austrália, quando 3 cães (cruzados de Bullmastiff) quebraram a cerca dum quintal e foram matar uma senhora de 91 anos que se encontrava a nadar na praia de Collingwood Beach e feriram mais três pessoas, sendo uma delas a sua dona, que em vão tentou cortar-lhes a fuga e os ataques.
Depois de se mostrar solidário com as vítimas, Adam Newbold, o dono dos cães, descreveu-os como bons animais de estimação e como os “melhores amigos da família, que brincavam com as suas no quintal e que eram gentis com o gato e o lagarto de estimação da família. Disse também que já os tinha há sete anos e que não sabe porque se transtornaram, uma vez que ainda ontem as suas filhas estiveram penduradas neles na brincadeira. Mas a declaração de Newbold que mais me deixou perplexo foi: “Eu nunca teria esses cães perto dos meus filhos se soubesse que isto poderia acontecer." Este australiano não conhece certamente a história do “Capuchinho Vermelho” e muito menos aquela passagem em que a menina pergunta ao lobo por que razão tinha ele os dentes tão grandes. Para que mais gente não incorra no mesmo erro de cálculo do senhor Newbold, é de todo conveniente que a história atrás mencionada seja do conhecimento geral e explicada para todos.
Há já muito tempo que os Bullmastiff estão a ser usados maioritariamente para guarda e quando abrem a boca os estragos que provocam são gravíssimos, capazes de matar as suas presas como aconteceu neste caso. A gravidade das suas dentadas tem a ver com o particular do seu focinho e o tamanho do crânio. O focinho é mais curto do que o crânio e sua a abertura tem sensivelmente a mesma largura da sua base, o que lhe confere uma tremenda força de mordedura. Por outro lado, a mestiçagem do Bullmastiff com cães lupinos, vulpinos ou bracóides, tende a produzir animais mais perigosos que o Bullmastiff na sua origem, porque juntam a força a um insaciável instinto de presa. Já o cruzamento do Bullmastiff com qualquer molosso tende a dar animais mais calmos e confiáveis.
Ao que parece, os cães do Sr. Newbold irão ser abatidos, sacrifício desnecessário caso tivesse adestrado os seus cães e fosse mais cauteloso com o seu confinamento. Cães destes não são para todos e muito menos para quem julga que eles são todos iguais, que são apenas maus por terem sido maltratados ou quando os provocam. Anda por aqui, e por todo o lado, muita gente a contar mentiras para o povo acerca de cães, alguma dela com grande impacto na cinecultura e na cinotecnia, que na ânsia de valer aos rafeiros, que pouco ou nenhum trabalho dão e nem o reclamam, acaba por pôr em risco a vida de uns quantos donos.
Ao falar de Bullmastiffs lembrei-me de um episódio que me aconteceu no final da década de 90, em Alcoitão, na Rua do Tabaco, quando surpreso e desprovido de qualquer defesa, apenas munido de dois sacos de lixo, fui cercado por dois enormes Bullmastiffs já acostumados a delapidar os vizinhos. E como há momentos em que o medo  induz-nos ao bom senso, aproveitei o arremesso dos sacos para me esconder dentro do caixote do lixo, que na altura parecia ter sido feito à minha medida. Entrar lá foi fácil, sair é que não, porque os cães montaram guarda à caixa de saneamento e só saíram de lá quando o cromo do dono os chamou. Eis em síntese uma das poucas “retiradas estratégicas” a que me vi obrigado ao longo da vida.

RECORDE NUMA CAÇADA POUCO USUAL

Em Portugal nunca houve essa tradição e o trabalho continua até aos dias de hoje entregue aos gatos, que para o desempenhar terão que passar alguma larica, a suficientemente para obrigá-los a caçar (já vi gatos e ratos a beberem leite lado-a-lado e da mesma gamela. Estamos a falar de cães para o extermínio de pragas, apesar de qualquer cão de caça poder desempenhar essa função. Há muito que ingleses, alemães e outros, desenvolveram raças caninas para combater pragas de ratos, verdadeiros cães de extermínio, cujo exemplo maior encarna nos terriers, que longe de serem uns pequenos anjinhos de 4 patas, nasceram para caçar tudo o que se cruzar na sua frente.
Assim como temos matilhas de cães de caça, na Inglaterra há matilhas de extermínio, não muitas, mas as que existem dão bem conta do seu recado, como é o caso das pertencentes à empresa “Suffolk e Norfolk Rat Pack”, que em apoio à agricultura e pecuária em todo o Reino Unido, limpam propriedades infestadas de ratos em questão de horas, o que as torna mais eficientes que um grupo de gatos caçadores.
É sabido que os ratos reproduzem-se a um ritmo alarmante e que as fazendas no campo inglês são facilmente invadidas por estes roedores que, para além de disseminarem doenças, causam avultados prejuízos. Quando os ratos se tornam insuportáveis para os agricultores, cabe a pequenas empresas como a Suffolk e Norfolk Rat Pack entrar em acção para “desratizar” naturalmente as suas instalações, valendo-se de cães geneticamente seleccionados e excepcionalmente qualificados o fazer. “É para isso que os cães são criados. Está no seu ADN caçar”, disse Ed Cook, gerente de 34 anos da empresa. “Na realidade não precisamos de treiná-los, porque o seu instinto é capturar e matar ratos. Todos os cães brincam, mas estes esforçam-se ao máximo para capturar os ratos.”
O abate recorde de ratos desta empresa ocorreu numa fazenda de porcos perto de Eye, em Suffolk, no passado dia 12 de Janeiro deste ano, onde 8 cães de várias raças (terriers de Norfolk, Whippet, Patterdale, etc.), mataram 730 ratos em apenas 7 horas, alguns deles com mais de 1kg peso e quase tão grandes quanto os cães! “Quando os ratos são envenenados, é uma morte horrenda e pode levar até 48 horas. É lento e doloroso. Este método é tradicional e usa bons cães para o trabalho. No máximo, os Terriers levam 3 ou 4 segundos a matar… Depois que são expostos aos ratos, perseguem-nos automaticamente. Está enraizado no seu ADN” – confirmou Ed Cook.
Pelo que foi dito, pode dizer-se, sem fugir à verdade, que mais valem 3 Terriers num arrozal ou numa pecuária que uma dúzia de gatos, estejam eles esfomeados ou não!

sábado, 28 de março de 2020

SEGUNDA-FEIRA COMEÇA EM MILÃO

Solidários com o sofrimento do povo italiano, seguimos com raro interesse a luta heróica que mantém contra o Covid-19 e todas as notícias relativas às suas vitórias diárias, sem esquecer as que dizem respeito a donos e cães. A partir da próxima Segunda-feira, dia 30 de Março, em Milão, a Associação Energie Social Jesurum, enquanto parte da rede Milano Aiuta, vai passar a apoiar os milaneses com mais de 65 anos que têm um cão ou um gato, entregando-lhes em casa um conjunto de produtos de primeira necessidade e oferecendo-se para passear os cães dos que não podem fazê-lo. O serviço de Dog Walker (o de pet sitter também) para maiores de 65 anos é gratuito e na sua maioria executado por profissionais de experiência comprovada no adestramento canino. Gratuita é também a entrega de mantimentos para donos e animais de estimação, assim como de roupas de cama, solidariedade só possível graças a várias associações voluntárias em colaboração com a Coop Lombardia. Depois da União Europeia ter virado as costas à Itália, os italianos agigantaram-se e estão a cuidar uns dos outros como nunca – Viva Itália!

PARA REFLECTIR

Os homens devem mostrar as suas fragilidades aos cães para que eles os defendam, já que donos muito rijos tendem a estoirar os cães guardiões ou a desinteressá-los pelo seu serviço, tanto pela excessiva submissão como pela exagerada prevalência. Só a cumplicidade dada pela experiência comum pode unir espécies diferentes no mesmo propósito e tornar o trabalho de cada uma delas mutuamente complementar.