Antigamente
dizia-se que os portugueses são uns macacos de imitação, agora que temos mais
instrução diz-se que somos uns plagiadores inatos (venha o diabo e escolha),
porque desprezamos o que é nosso e copiamos tudo da estranja. Pois na
cinecultura passa-se o mesmo, tudo o que acontece lá fora virá acontecer aqui
(por vezes com algum atraso). E como importa só replicar o que é bom,
escrevemos este artigo para alertar os psicólogos e outros profissionais de
saúde mental, também para antecipar a denúncia do chico-espertismo de alguns
(quiçá já os temos aqui de igual calibre). A Universidade de
Missouri-Columbia/USA levou a cabo uma pesquisa onde revelou que muitos
profissionais de saúde mental, indevidamente e a rogo dos seus pacientes,
certificavam os cães destes como “ESAs” – Emotional
Support Animal (animais de suporte emocional), como se fossem cães de
serviço e tivessem sido aprovados para isso, certificação que cabe ao “ADA” - Americans with Disabilities Act,
organismo que também se encarrega da certificação dos cães-guia e que defende
para todos uma formação rigorosa, com uma duração de vários meses e por vezes
até de anos.
Ao pedirem aos
psicólogos tal certificação, que ao que tudo indica é também válida, o que
pretenderão os pacientes? Somente as regalias dadas aos cães de serviço, que podem
acompanhar os seus donos por toda a parte e permanecer junto deles em comboios,
navios e aviões, usufruindo de taxas de transporte substancialmente mais baixas,
assim como em restaurantes e hotéis. Alerta a citada Universidade para a
responsabilidade criminal daqueles clínicos diante dos acidentes e prejuízos
que estes falsos cães de serviço possam causar.
Estranhamente, dum
dia para o outro e sem darmos conta, ignorando em simultâneo quem os teria
certificado, começámos a ver por cá uma batelada de cães de serviço,
nomeadamente de “terapia”, engalanados nos seus coletes de cores garridas e com
esses dizeres escarrapachados, não nos parecendo que donos e cães fossem
objecto dessa afincada formação, a menos que os condutores caninos que avistámos
estivessem a usufruir das mais-valias dos cães que transportavam. O hábito
enraizado de levar vantagem pelo engano de outrem não é exclusivo dos Estados
Unidos, por sinal uma das mais novas grandes nações do mundo. Portugal é bem
mais velho e ao sê-lo não lhe faltará matreirice! Também que diabo, se tivemos
ministros com diplomas académicos forjados, que mal fará termos cães com falsos
certificados? Em Roma não há que ser romano?
Ao abordarmos este
assunto vêm-nos à memória as palavras dum simples homem com quem privámos, que
amiúde repetia: “surpreendam-me com coisas boas que as más já não são para mim novidade”.
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