sexta-feira, 15 de julho de 2016

VALE TUDO!

Antigamente dizia-se que os portugueses são uns macacos de imitação, agora que temos mais instrução diz-se que somos uns plagiadores inatos (venha o diabo e escolha), porque desprezamos o que é nosso e copiamos tudo da estranja. Pois na cinecultura passa-se o mesmo, tudo o que acontece lá fora virá acontecer aqui (por vezes com algum atraso). E como importa só replicar o que é bom, escrevemos este artigo para alertar os psicólogos e outros profissionais de saúde mental, também para antecipar a denúncia do chico-espertismo de alguns (quiçá já os temos aqui de igual calibre). A Universidade de Missouri-Columbia/USA levou a cabo uma pesquisa onde revelou que muitos profissionais de saúde mental, indevidamente e a rogo dos seus pacientes, certificavam os cães destes como “ESAs” – Emotional Support Animal (animais de suporte emocional), como se fossem cães de serviço e tivessem sido aprovados para isso, certificação que cabe ao “ADA” - Americans with Disabilities Act, organismo que também se encarrega da certificação dos cães-guia e que defende para todos uma formação rigorosa, com uma duração de vários meses e por vezes até de anos.
Ao pedirem aos psicólogos tal certificação, que ao que tudo indica é também válida, o que pretenderão os pacientes? Somente as regalias dadas aos cães de serviço, que podem acompanhar os seus donos por toda a parte e permanecer junto deles em comboios, navios e aviões, usufruindo de taxas de transporte substancialmente mais baixas, assim como em restaurantes e hotéis. Alerta a citada Universidade para a responsabilidade criminal daqueles clínicos diante dos acidentes e prejuízos que estes falsos cães de serviço possam causar.
Estranhamente, dum dia para o outro e sem darmos conta, ignorando em simultâneo quem os teria certificado, começámos a ver por cá uma batelada de cães de serviço, nomeadamente de “terapia”, engalanados nos seus coletes de cores garridas e com esses dizeres escarrapachados, não nos parecendo que donos e cães fossem objecto dessa afincada formação, a menos que os condutores caninos que avistámos estivessem a usufruir das mais-valias dos cães que transportavam. O hábito enraizado de levar vantagem pelo engano de outrem não é exclusivo dos Estados Unidos, por sinal uma das mais novas grandes nações do mundo. Portugal é bem mais velho e ao sê-lo não lhe faltará matreirice! Também que diabo, se tivemos ministros com diplomas académicos forjados, que mal fará termos cães com falsos certificados? Em Roma não há que ser romano?
Ao abordarmos este assunto vêm-nos à memória as palavras dum simples homem com quem privámos, que amiúde repetia: “surpreendam-me com coisas boas que as más já não são para mim novidade”.

Sem comentários:

Enviar um comentário