domingo, 3 de julho de 2016

UM CÃO POR TODA A PARTE

Uma pista táctica bem desenhada, construída e equipada oferece três níveis de trabalho: um à superfície, outro subterrâneo e um terceiro destinado às passagens aéreas, havendo nos três esconderijos, aparelhos e labirintos próprios para o exercício da pistagem, do resgate e do salvamento, visando o melhor desempenho canino e a sua prestação por toda a parte. Um dos obstáculos menos vistos ao nível de superfície é a piscina, normalmente substituída por sucessivas deslocações aos rios e ao mar. É obrigação do adestramento adaptar os cães para o maior número de situações que irão ter pela frente ao acompanharem os seus donos, independentemente da sua categoria ou serviço.

Os exercícios sobre escadas, pranchas, trapézios e demais obstáculos ou aparelhos oscilantes, assim como as descidas de rapel são também considerados passagens aéreas, indispensáveis aos cães destinados ao assalto e à prestação de socorro, ainda que a autonomia canina seja apenas parcial pela presença ou proximidade dos seus condutores. As descidas abruptas de acidentes naturais, de prédios e de outras estruturas artificiais, também as feitas de helicópteros e o lançamento em pára-quedas, servem os mesmos propósitos e visam a habituação dos cães a deslocações particulares por meios extraordinários.
Um dos obstáculos/aparelhos em falta nas poucas pistas tácticas que temos é a “Passadeira de Corda”, substituída um pouco por toda a parte pela “Ponte de Corda” por razões logísticas. A “Passadeira de Corda”, como o próprio nome indica, é uma passadeira com um comprimento relativo à área disponível, elevada do solo a diferentes alturas no seu trajecto, de 1 a 5 metros do solo, suspensa por cordas e com um piso de tábuas separadas de 25 a 50 centímetros, com uma largura também de 25 a 50 cm, cujas paredes laterais são praticamente inexistentes e que procura o equilíbrio dos cães diante duma oscilação constante e previamente calculada, lembrando em tudo as passagens existentes entre penhascos no Oriente e num ou noutro país montanhoso da América Latina, cuja tradição remonta à Época Inca. Os cães deverão ser introduzidos nela por uma miniatura próxima do solo ou na sua parte mais baixa, onde o auxílio dos donos se fará presente. A “Passadeira de Corda” tanto poderá interligar diferentes obstáculos como garantir diferentes entradas e saídas.
Podemos ver passadeiras idênticas em “Parques de Aventura” para crianças e jovens ou em exercícios de instrução militar. Em sua substituição é comum ver-se a “ponte de corda”, que se baloiçar alcança a designação de “swing”, servindo ela como aparelho introdutor àquela que substitui. Nas fotos abaixo podemos ver dois tipos de pontes diferentes, cuja execução por parte dos cães é fácil e praticamente isenta de riscos.
Para aqueles que levam a sua profissão com seriedade, que tudo fazem pela salvaguarda dos cães e que os adequam para as actividades ou serviços dos seus donos, amantes das pistas tácticas e apostados no seu melhor apetrechamento, adiantamos os seguintes quatro modelos que a nosso ver são os mais indicados para os propósitos enunciados.

Por falarmos em pistas tácticas, dói o coração e ofende a memória ver o estado em que se encontram algumas ainda existentes em unidades ou subunidades militares, abandonadas, carentes de reparo e de actualização, perdidas no tempo e entregues aos pardais, museus degradados de ignotos binómios outrora famosos. Estarão à espera doutro Conde de Lippe para as reabilitar ou de algum subsídio europeu que está para chegar? Enquanto esperam outros não as dispensam e continuam a progredir.
Ter uma pista táctica e não ter uma “Passadeira” ou “Ponte de Corda” é um contra-senso, uma lacuna que espelha a falta de cuidado de quem ensina, que a breve trecho virá a ser ultrapassado. Estamos cá para capacitar, não para ludibriar cães e enganar donos. O ensino de plataformas e pontes oscilantes é matéria obrigatória para os cães de utilidade, uma das etapas que terão de vencer e que melhor os capacitará. Mãos à obra!

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