quinta-feira, 14 de julho de 2016

ESTRATÉGIAS PARA A FIXAÇÃO DO “QUIETO” NO EXTERIOR

Ter um cão que nos obedeça em casa ou na escola não é difícil, ter um que o faça fora das suas portas ou num ambiente desconhecido é outra, porque os cães resistem à novidade, estranham novos ambientes e desconfiam de estranhos, devido à sua territorialidade inata, ao facto de viverem segundo a experiência que têm e de não se sentirem confortáveis no meio doutros grupos para além do seu. Conhecedores disto, entendemos que nenhum adestramento estará terminado se os cães não tiverem idêntico comportamento tanto em casa como na rua. Um dos comandos mais difíceis de instalar no exterior é do “Quieto”(fica) apesar de ser primordial prà salvaguarda dos nossos fiéis amigos. É evidente que os cães mais frágeis de carácter serão aqueles que apresentarão maiores dificuldades, porque a sua insegurança criará entraves adicionais para o alcance da figura. Apostados em valer aos nossos leitores nesta situação, adiantaremos seguidamente alguns procedimentos que facilitarão a fixação do “quieto” no exterior, procedimentos decorrentes do prévio treino doméstico ou escolar.
Como partimos em desvantagem frente à natural resistência dos cães, importa sermos pacientes e fazermos a instalação do comando gradualmente e sem atropelos, de acordo com as respostas positivas que vamos obtendo. O melhor local para levar a cabo a tarefa será num jardim duma avenida, medianamente concorrido e farto nas situações que o cão irá enfrentar no seu quotidiano. Numa primeira fase sentar-nos-emos num banco com o cão ao nosso lado, serenando-o sempre que necessário perante a passagem de pessoas de diversos comportamentos ou com diferentes apresentações (gente com bengalas, em cadeiras de rodas, transportando carrinhos de bebé, etc.). Tanto podemos servir-nos dum banco como dum muro mais alto onde o cão possa sentar-se. O facto de se encontrar acima do nível do solo, torná-lo-á mais confiante pela diminuição da silhueta dos transeuntes aos seus olhos, vantagem que importa considerar.

Quando ele já conseguir ficar calmo e relaxado nesse patamar, é chegada a altura de começarmos a afastar-nos dele, primeiro a dois ou três passos e depois a distâncias maiores, tendo o cuidado de manter a sua fixação na nossa pessoa e de não o deixar abandonar a figura de imobilização (senta ou deita) que lhe solicitámos antes de nos afastarmos. No início as pessoas passarão por detrás do emissor da ordem e depois entre o cão e o seu líder. Caso o cão se levante ou mostre particular ansiedade ou inquietação, deveremos retornar à primeira forma, serená-lo e recompensá-lo, repetindo depois as acções em falta até à sua plena satisfação.
Torna-se evidente que as dificuldades no “quieto” são um reflexo inequívoco do temor do animal perante a novidade daquele ecossistema, em tudo diferente aos que estava acostumado, temor que logo se desnuda no “junto”, uma vez que o animal tende a evoluir atrás de nós e a desconfiar de quem circula na sua retaguarda, parando e olhando amiúde para trás por insegurança, o que torna a obtenção do “junto” indutora e precursora do “quieto”. Para resolver este problema importa acostumá-lo ao movimento das pessoas, sugerir-lhe inversões do sentido de marcha (Roda/volta) para que entenda não correr perigo, pedindo depois aos viandantes que o acariciem para se acalmar e levar de vencida o medo que nutre por eles. Caso encontremos pessoas dispostas a ajudar-nos, podemos pedir a algumas delas que circulem ao redor do cão, que deverá ficar imobilizado e junto de nós, pedindo-lhes que circulem da sua frente para a retaguarda. A resposta afirmativa do animal levar-nos-á ao seu afastamento gradual e por mais tempo.
À medida que os dias vão passando, os procedimentos são repetidos e o local conhecido, o cão começa a sentir-se mais à vontade e a mostrar outra disposição, cumprindo sem maiores delongas todo e qualquer comando de imobilização. Caso o medo em relação às pessoas se mantenha, é de todo conveniente apresentá-lo a uma criança de 8 a 10 anos, que depois de o recompensar, circulará com ele num ou mais trajectos de curta distância, debaixo do nosso auxílio e supervisão. Proceder-se-á de igual modo com pessoas cuja apresentação ou comportamento lhe sejam suspeitas, normalmente deficientes, gente pouco cuidada ou portadores duma mímica pouco vista. Quando mais o cão andar na rua, mais depressa nela obedecerá.  

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