quarta-feira, 27 de julho de 2016

DEPOIS DO DEGUELLO DO PADRE FRANCÊS LEMBRARAM-SE DA BÍBLIA

Depois da hedionda e mui condenável morte do Padre Francês Jacques Hamel, de 86 anos de idade, ocorrido na Igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, na Alta Normandia/França, obra de dois terroristas jihadistas (um já cá não está para contar), têm sido muitas as vozes do clero católico a apelar ao diálogo com aqueles grupos assassinos fanático-religiosos, não hesitando alguns clérigos em citar a Bíblia, mormente o constante em Mt. 5.44: “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;”, princípio que visa o estabelecimento de pontes ao invés do levantamento de muros, também defendido e praticado pelo padre assassinado, que segundo se consta dedicou o seu sacerdócio aos mais pobres, humildes e ostracizados.
Infelizmente não foi com base na Bíblia e muito menos na passagem acima citada, que a Igreja Católica promoveu as Cruzadas, fez vista grossa à escravatura, estabeleceu a Inquisição e não se insurgiu contra o Holocausto, outros genocídios e invasões arbitrárias, acções e inacções de carácter eminentemente político, nalguns casos associadas a questões económicas, que ao semearem ódio, tornaram impossível durante séculos o diálogo ecuménico que hoje tanto reclama por manifesto interesse próprio, quiçá por haver confiado mais nos homens que nas palavras de Deus. E nisto, as desculpas de pouco importam, quando o desejo de vingança passou a fazer parte da cultura intrínseca dos descendentes das vítimas. É evidente que o assassinato do Padre Hamel não é um ajuste de contas pessoal ou religioso, vai muito para além disso e é acima de tudo um desesperado e macabro acto político de quem o ordenou.
Não sabemos se a Igreja Católica será um interlocutor seguro junto dos muçulmanos radicais (terroristas), como não sabemos se esse diálogo será alguma vez possível, mas sabemos que ataques criminosos deste calibre, quando aproveitados, podem suscitar retaliações nunca vistas, lançar o mundo em que vivemos numa luta sem tréguas, rebentar com a Europa, promover novos genocídios e levar ao poder gente empossada de velhos ódios, a uma destruição tão grande quanta a descrita no Livro do Apocalipse. As desculpas de Tony Blair acerca da “Invasão do Iraque”, que incendiou todo o Médio-Oriente, gerou novos e intermináveis conflitos e teve também como resultado a actual crise dos refugiados e os ataques terroristas perpetrados no Ocidente, de nada servem, porque estenderam esses conflitos para dentro das nossas casas e fronteiras, quando o objectivo inicial era exactamente o contrário.
Mais uma vez o Mundo encontra-se bipolarizado e há quem jure ter os dias contados. Como não somos tão dados a interpretar profecias, os dados ainda não foram todos lançados e o silêncio de outros ainda não se quebrou, é possível que ainda venhamos a ter paz, paz que obrigará ao desarme dos terroristas internos e externos (bélicos, económicos e pseudo-religiosos), a uma unidade que respeite os diferentes povos, culturas e credos, para que a harmonia floresça no solo da desarmonia que semeámos ao longo dos séculos.
PS: Aceitam-se acções e orações pelo paz no mundo. 

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