Depois da hedionda e mui
condenável morte do Padre Francês Jacques Hamel, de 86 anos de idade, ocorrido
na Igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, na Alta Normandia/França, obra de dois
terroristas jihadistas (um já cá não está para contar), têm sido muitas as
vozes do clero católico a apelar ao diálogo com aqueles grupos assassinos
fanático-religiosos, não hesitando alguns clérigos em citar a Bíblia, mormente
o constante em Mt. 5.44: “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos
inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai
pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai
que está nos céus;”, princípio que visa o
estabelecimento de pontes ao invés do levantamento de muros, também defendido e
praticado pelo padre assassinado, que segundo se consta dedicou o seu
sacerdócio aos mais pobres, humildes e ostracizados.
Infelizmente não foi com
base na Bíblia e muito menos na passagem acima citada, que a Igreja Católica
promoveu as Cruzadas, fez vista grossa à escravatura, estabeleceu a Inquisição
e não se insurgiu contra o Holocausto, outros genocídios e invasões arbitrárias,
acções e inacções de carácter eminentemente político, nalguns casos associadas
a questões económicas, que ao semearem ódio, tornaram impossível durante
séculos o diálogo ecuménico que hoje tanto reclama por manifesto interesse
próprio, quiçá por haver confiado mais nos homens que nas palavras de Deus. E
nisto, as desculpas de pouco importam, quando o desejo de vingança passou a
fazer parte da cultura intrínseca dos descendentes das vítimas. É evidente que
o assassinato do Padre Hamel não é um ajuste de contas pessoal ou religioso,
vai muito para além disso e é acima de tudo um desesperado e macabro acto
político de quem o ordenou.
Não sabemos se a Igreja
Católica será um interlocutor seguro junto dos muçulmanos radicais (terroristas),
como não sabemos se esse diálogo será alguma vez possível, mas sabemos que
ataques criminosos deste calibre, quando aproveitados, podem suscitar retaliações
nunca vistas, lançar o mundo em que vivemos numa luta sem tréguas, rebentar com
a Europa, promover novos genocídios e levar ao poder gente empossada de velhos
ódios, a uma destruição tão grande quanta a descrita no Livro do Apocalipse. As
desculpas de Tony Blair acerca da “Invasão do Iraque”, que incendiou todo o
Médio-Oriente, gerou novos e intermináveis conflitos e teve também como
resultado a actual crise dos refugiados e os ataques terroristas perpetrados no
Ocidente, de nada servem, porque estenderam esses conflitos para dentro das
nossas casas e fronteiras, quando o objectivo inicial era exactamente o
contrário.
Mais
uma vez o Mundo encontra-se bipolarizado e há quem jure ter os dias contados.
Como não somos tão dados a interpretar profecias, os dados ainda não foram todos
lançados e o silêncio de outros ainda não se quebrou, é possível que ainda
venhamos a ter paz, paz que obrigará ao desarme dos terroristas internos e
externos (bélicos, económicos e pseudo-religiosos), a uma unidade que respeite os diferentes povos, culturas e credos,
para que a harmonia floresça no solo da desarmonia que semeámos ao longo dos séculos.
PS: Aceitam-se acções e orações pelo paz no mundo.
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