segunda-feira, 18 de julho de 2016

UMA NOTÍCIA E UM LIVRO

Segundo fez eco o Diário de Notícias online, na localidade catalã de Polinyà/Catalunha/Espanha, um cão esquecido numa varanda dum 3º andar por várias horas, debaixo de calor intenso, acabou por saltar dela abaixo antes dos bombeiros poderem efectuar o seu resgate, ficando a dever a vida a um estendal de roupa que lhe amortizou a queda. As autoridades daquele município divulgaram um vídeo no Facebook relativo a este episódio, no intuito de alertarem os seus cidadãos contra os maus tratos e o abandono dos animais. A acção do cão, longe de ser considerada suicida, poderá ter resultado de alguma carência social e/ou relacionada com o seu instinto de sobrevivência, porque os cães não procuram o suicídio e apenas enfrentam a morte para protegerem/salvaguardarem a sua vida e a dos seus, podendo incluir-se nisto a pessoa dos seus donos, como tantas vezes temos ouvido e visto, prova da sua inteligência instintiva, bem acima da encontrada nalguns mafarricos que se estoiram na esperança de encontrarem noutra vida os favores de 70 virgens, estes sim, verdadeiros tontos e suicidas, porque glorificam a morte em detrimento da vida.
Por cá e por falar em suicídio, saiu recentemente um romance da autoria do portalegrense Rui Cardoso Martins: “E SE EU GOSTASSE MUITO DE MORRER”, editado pela Dom Quixote e que aborda o tema do suicídio humano para além do Tejo que, como é sabido, acontece seis vezes mais que no restante território nacional, livro que vale a pena ler (já o fizemos) e que realça aspectos importantes sobre a patologia presente nalguns alentejanos, que ao contrário dos terroristas, preferem matar-se que matar. O romance, outra coisa não seria de esperar pela sua natureza, não aponta causas ou razões científicas para o facto. Mais do que falar da morte, o autor acaba por realizar uma autópsia pormenorizada e bem conseguida. A leitura da obra é agradável e torna-se descontraída, plena de verdades que reflectem a idiossincrasia e a cultura intrínseca daquelas gentes como factores indutores ao suicídio.
Poderão também os cães ser induzidos ao suicídio? Sem dúvida e todos os dias muitos morrem assim! Dificilmente se suicidarão pelas suas expectativas e facilmente o farão por ingerência humana, que ao aproveitar-se da sua lealdade e condição animal, mercê de uma investidura repetitiva e com um final feliz, leva-os a dispor da sua vida sem saber ao que marcham, loucura que até aqui tem privilegiado o ataque ao invés da salvaguarda dos cães de guarda (civis e militares), prática que deverá ser amplamente denunciada e abandonada, por razões que a Carta dos Direitos do Animal bem denuncia. Todavia, compreendemos mais facilmente um cão que morre vítima de engano que um homem que se deixa enganar, porque o animal parte em função do que viu e experimentou, e o homem-bomba do que nunca viu e que dificilmente verá, residindo nisto a diferença de fé neles presente.  

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