sábado, 30 de julho de 2016

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

O Ranking semanal dos textos mais lidos ficou assim ordenado:
1º _ OS FALSOS PASTORES ALEMÃES, editado em 24/02/2015
2º _ PASTOR ALEMÃO X MALINOIS: VANTAGENS E DESVANTAGENS, editado em 15/06/2011
3º _ A CURVA DE CRESCIMENTO DAS DIVERSAS LINHAS DO PASTOR ALEMÃO, editado em 29/08/2013
4º _ BOAS INTENÇÕES E PÉSSIMO RESULTADO, editado em 26/07/2016
5º _ LEITORES RAROS: DO ZIMBÁBUE E DA BIRMÂNIA, editado em 25/07/2016
6º _ NÃO VOLTAR AOS LUGARES ONDE FOMOS FELIZES, editado a 27/07/2016
7º _ OS CÃES DA NICOLE SCHLAEPFER, editado em 30/04/2014
8º _ IMPLICAÇÕES SOCIAIS E ATLÉTICAS DO CORTE DE CAUDA E ORELHAS NOS CÃES, editado em 25/07/2016
9º _ AI CHICO, CHICO, QUEM VOS VIU ONTEM E QUEM TE VÊ, editado em 29/07/2016
10º _ DONA SANCHA DE VOLTA AO CASTELO, editado em 28/06/2011

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

O TOP 10 semanal de leitores por país obedeceu à seguinte ordem:
1º Rússia, 2º Portugal, 3º Brasil, 4º Reino Unido, 5º Estados Unidos, 6º Alemanha, 7º França, 8º Espanha, 9º Angola e 10º China.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

UMA NOTÍCIA QUE NOS INTERESSA

Segundo faz saber o JN online, a Câmara Municipal de Peniche aprovou, esta Sexta-feira, aquela que virá a ser a 1ª praia de Portugal para cães, com inauguração prevista já para o próximo dia 6 de Agosto. A proposta foi a votos e a praia escolhida é a do Porto da Areia Norte. Para garantir a higiene e segurança do local, serão ali colocados sacos próprios para os dejectos dos animais. Também em Barcelona, no passado dia 19 deste mês, foi preparada uma área com 1250 m2 destinada aos cães e seus acompanhantes, onde poderão desfrutar da época balnear. No que nos toca, há que dar os parabéns à autarquia de Peniche pela iniciativa e pioneirismo doméstico, medida que certamente atrairá para aquela cidade piscatória muitos turistas nacionais e estrangeiros. Sem dúvida uma boa notícia. E se aconteceu em Peniche, breve acontecerá noutros lugares da nossa costa e rede fluvial.

UM CONTRATO SUI GENERIS

Um tal de John Stone, lá para as Ilhas Britânicas, atormentado pelos filhos que pretendiam adquirir um cão, decidiu redigir e fazer um contrato com eles, tornado público através do Reddit, para ir ao encontro dos seus desejos (na foto acima), seguindo o princípio de “tomem lá o cão e não me chateiem”. Como o referido contrato é pouco visível e legível, aventurámo-nos a traduzi-lo apressadamente para os nossos leitores, tendo o cuidado de torná-lo perceptível para os leitores de língua portuguesa (oxalá o consigamos):
CONTRATO DE CÃO DE FAMÍLIA
Podemos ter um cão se todos concordam com seguintes termos:
1. O Pai nunca tem que apanhar o cocó do cachorro. Sempre. O cocó do cachorro deverá ser apanhado pelas crianças três vezes por semana para satisfação do Pai.
2. O cão deverá ser ensinado a fazer cocó no pátio lateral (contra as rochas da cerca da Bárbara). Todos os membros da família concordam que esse cocó está a mais, pelo que não será tolerado em qualquer parte dos relvados dianteiro e traseiro.
3. O cão deve ser pequeno e apesar até 6 kg.
4. O cão não deve urinar pela casa fora.
5. O cão não deverá babar-se ou ter o nariz a escorrer. Todas as partes concordam que cães assim são negligentes.
6. O cão não poderá arranhar o chão. O Pai não sabe como isso pode ser evitado, se juntando-lhe as unhas, tirá-las cirurgicamente, se arranjando-lhe botas. Todas as partes concordam que o cão pode arranhar o chão.
7. O Pai nunca terá que dar banho ao cão. Também, se o Pai detectar que o cão cheira mal, as crianças terão que lhe dar banho nas próximas 24 horas.
8. Caso o cão faça alguns estragos dentro de casa e os produtos de limpeza de nova geração não resultarem, o uso de substâncias químicas nocivas está autorizado para tirar manchas e odores.
9. O pai tem o poder de veto irrestrito sobre o nome do cão (pode vetar o nome dado pelas crianças ao cão).
10. Não será distribuída comida de gourmet ao cão nem dieta especial para cães. Todas as partes concordam que o antigo alimento para o cão é suficiente.
11. O cão nunca poderá ser referido (tratado) como se fosse um filho ou um irmão. Todas as partes concordam que um cão é um cão.
12. O nome do cão não deverá ser incluído no cartão de natal da família, pelo que a sua presença será meramente acidental - o cão não deverá ser o motivo principal duma foto.
13. As crianças prometem nunca deixar de amar o cão ou cansarem-se dele. Todas as partes concordam que o cão é a sua primeira responsabilidade e sê-lo-á enquanto viver.
Depois dum contrato destes, até porque dizem que o nº 13 dá azar, as crianças deveriam a acrescentar-lhe mais um termo – o 14º: “Na impossibilidade das crianças adquirirem um cão capaz de honrar o presente contrato ou de serem incapazes de honrá-lo, solicitam a substituição do seu pai por outro que seja mais amigo dos cães e disponível para as ajudar. Todas as partes concordam com este termo”. É evidente que a presença de um cão irá ajudar as crianças a serem mais responsáveis, mas não exageremos! Pedir-se-á tal a um adolescente, jamais a uma ou mais crianças, muito embora "de pequenino se torça o pepino".

AI CHICO, CHICO, QUEM VOS VIU ONTEM E QUEM TE VÊ

Serve-nos de mote o fado “AI CHICO, CHICO”, que Amália Rodrigues imortalizou, da autoria de Jörgen Elofsson, para abordarmos a actual visita do Papa Francisco à Polónia e as considerações que teceu acerca das guerras actuais, que segundo ele não são religiosas mas de cariz económico, lutas pela posse dos recursos naturais e pelo domínio dos povos (não podíamos estar mais de acordo). Esta visita do Papa jesuíta à Polónia, País onde a Companhia de Jesus operou a reconversão do seu povo ao catolicismo, é de certa forma um regresso a casa e tem sido alvo da cobertura das principais agências noticiosas internacionais. O Líder dos cristãos romanos foi ao campo de extermínio de Auschwitz, onde foram mortas mais de 1 milhão de pessoas, prestar homenagem às vítimas e onde deixou, segundo o periódico francês “Le Fígaro”, a seguinte mensagem no seu livro de visitas: “Senhor, tem piedade do teu povo; Senhor, perdão por tanta crueldade”, como se aqueles que ali padeceram necessitassem de ser empurrados para o Céu e os nazis já não os houvessem despachado. Tal peregrinação, que vale apenas pelo reconhecimento do holocausto (o que é de louvar), oxalá sirva também de futura lição para o papado, que no passado procedeu do mesmo modo.
Diga-se em abono da verdade que a nefasta prática dos nazis não constituiu novidade, porque beberam inspiração e deram continuidade, ainda que em maior escala (Solução Final), às torturas e autos de fé levados a cabo pelo “Tribunal do Santo Ofício” (Inquisição) em séculos anteriores, sendo particularmente assassino na Península Ibérica, onde o dominicano Tomás de Torquemada, de quem se diz ter uma origem sefardita, se destacou pelas piores razões enquanto Inquisidor-Geral de Espanha. A inquisição em Portugal e nisso os nossos maiores historiadores estão de acordo, assentou mais sobre razões económicas que religiosas, considerando a prosperidade dos judeus (muitos tornados cristãos por falta de outra alternativa a não ser a morte) e a inexistência de um proselitismo hebraico. Por alguma razão, o Papa Clemente VII anulou em 1532, a Bula que havia introduzido no ano anterior a Inquisição em Portugal, o que tornou a perseguição aos judeus numa “guerra santa” por razões económicas, razão ainda hoje por detrás de todas as guerras, num acto que duma assentada violou todos os Mandamentos da Lei Mosaica (10 Mandamentos; a Lei dada a Moisés).
Deseja-se que esta visita do Papa latino-americano não seja um hipócrita “acto de contrição” ou uma protocolar cerimónia de “Lava-Pés” mas uma manifestação de verdadeiro arrependimento, que os judeus e os cristãos bíblicos entendem como “ שו"ב(Shuv), que vai para além de uma mera mudança de pensar e que assenta num “arrepiar de caminho”, numa mudança de atitude e de prática no sentido contrário. Como é impossível alterar as práticas assassinas dos papas do passado, por decisão própria, conluio, interesse ou desinteresse, espera-se deste e dos vindouros que lutem pela vida e dignidade humanas, dando seguimento ao que Cristo disse: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (João 15:3).

RAJAPALAYAM: O GUARDA ALBINO INDIANO

Quando os argentinos criaram o seu Dogo certamente não sabiam da existência do Rajapalayam, porque doutro modo tê-lo-iam alcançado mais cedo, evitado muitos contratempos ou simplesmente abandonado a sua criação, porque o objecto da sua procura já havia sido encontrado na Índia: um guardião branco e valente, leal, territorial, veloz, exímio trotador, de boa ossatura, multifacetado, caçador, combativo, resistente e persistente, um lebrel farejador indicado para a caça grossa (javali inclusive) e próprio para caçar outros predadores, que nas últimas décadas está ser usado pelo exército indiano como cão de guarda nas fronteiras de Caxemira. Assim é o Rajapalayam, também conhecido como Paleiyakaran, e Hound Poligar (Cão Poligar).
O nome do Rajapalayam veio-lhe da cidade com o mesmo nome, situada no Sul da Índia, de cuja região é endémico, no Distrito de Virudhunagar e Estado de Tamil Nadu, onde a Dinastia Nayakar (Nayaks de Madurai, 1529-1736), constituída por 11 reis, 2 rainhas e 2 vice-reis, o criou e utilizou pela primeira vez, numa altura em que o comércio externo da região era dominado por portugueses e holandeses antes da chegada de britânicos e franceses. Foi usado como cão de guerra e com sucesso, por ser extremamente veloz, contra a cavalaria inglesa nas Guerras Carnatic (1746-1763) e nas Polygar (1799-1805), conflitos que opuseram indianos e ingleses, demasiado sangrentos e de pesadas represálias, que terminaram com a vitória dos últimos, que ali  estabeleceram o “Raj” britânico. Segundo a tradição quatro cães destes conseguiram matar sozinhos um tigre numa floresta daquela região. Especula-se que é ascendente do Dálmata e que existiu em Portugal desde o Séc. XVII. Tradicionalmente tem vindo a ser utilizado para guardar habitações, fazendas e campos de arroz.
Estamos na presença de uma raça que apresenta dimorfismo sexual e que ainda não foi reconhecida pela FCI, que oscila entre os 65 e 75 cm de altura, com um peso médio de 25 kg, de ossatura mais pesada que a visível na maioria dos galgos, apesar de manter idêntica estrutura e a mesma profundidade de peito, sendo por isso um lebrel com características de sabujo, o que leva alguns cinófilos a considerá-lo um “scenthound”, até porque a sua cabeça difere da presente no lebrel, porquanto se destina à caça do javali. Lembra de certo modo um Light Grand Danois ou um Leão da Rodésia atendendo à sua forte musculatura. Apesar de ser veloz e gracioso na marcha e no galope, no que lembra um cavalo isabel, transita facilmente de andamentos. 
Apresenta cabeça em arco, elevada e destacada, com pele macia, solta e de pêlo curto, características que se estendem a todo o corpo, contudo sem barbela e pregas. Os olhos são castanhos, porta uma forte mandíbula em tesoura, as orelhas são caídas e suaves e a sua cauda encaracola e seca. Apesar de haver Rajapalayans de várias cores e malhados (castanhos e pretos), a cor preferida e de referência é o branco-leite. O abate sistemático de exemplares doutras cores levou à formação de um cão quase albino, totalmente branco com lunares e nariz cor-de-rosa (ausente de pigmentação). Os cachorros que nascem com olhos claros ou azuis são por norma surdos e a raça é dada a problemas de pele comuns aos cães brancos, sendo a sarna um dos que mais afecta, ainda que de fácil eliminação. No dia em que em que a manipulação genética se generalizar tudo isso será eliminado. Sem saber como, os Tamil acabaram por produzir uma raça albina. 
Tão bom a caçar à vista como pelo odor, que avisa em demasia, o Rajapalayam é um cão caçador por excelência que exige sociabilização com pessoas, cães e outros animais domésticos deste tenra idade. É amigo e leal ao dono, muito embora nem sempre o demonstre. Cão de um só dono, não gosta de trocar de treinadores, apesar de se integrar nas famílias sem dificuldades, detesta ser manipulado e acariciado por estranhos, que tende a hostilizar e a expulsá-los como intrusos, não suportando invasores, características que o tem alcunhado ali como “cão-homem”. Por vezes a sua independência é confundida com distracção, dificuldade que causa entraves nalguns exemplares, no desfasamento entre a carga instintiva e a personalidade, pormenor que historicamente o tem obrigado à prisão em correntes e que no parecer de alguns experts ocidentais condiciona a sua prestação como guardião. Estamos na presença de um pseudo-lebrel montanhês ou de um sabujo com  uma morfologia lebrel. Os Rajapalayam modernos tem sido perpetuados por uma selecção draconiana, só tendo direito à sobrevivência os melhores caçadores e protectores.
O Rajapalayam não exige grandes cuidados de higiene (baixo grooming), deve ser escovado regularmente com uma luva de borracha, no que não difere doutro cão, as suas unhas deverão ser cortadas de duas em duas semanas e as suas orelhas fiscalizadas. Não deverá ser sujeito a banhos constantes, para não lhe suprimir os óleos protectores da pele, promover ausência pêlo nas articulações e calos. Acostumado a viver do que caça, este cão não come pouco mas exige uma actividade física média-alta para se manter em perfeitas condições físicas e anímicas.
Como estes cães no seu estado puro só são encontrados nas aldeias remotas e montanhosas de Tamil Nadu e encontram-se em vias de extinção, crê-se que o seu número oscilasse entre os 150 e 200 exemplares, o Kennel Club da Índia, através de um projecto chamado “Save the Rajapalayam”, abriu um centro de reprodução em Saidapet, Chennai na início da década de 80, o que contribuiu para o aumento do interesse, de criadores e cães desta raça, projecto também votado ao sucesso pela aplicação da restrição relativa ao número de cães importados. Terão os português algo a ver com o Rajapalayam? Serão os galgos ibéricos seus ascendentes ou os portugueses descendentes? Não sabemos, mas que estivemos na Índia e naqueles lugares 456 anos ninguém duvida, como não se duvida que transportámos cães por toda a parte, mesmo para latitudes onde não existiam. A história do Rajapalayam é apaixonante, vale a pena ser lida e foi para nós um privilégio!  

quarta-feira, 27 de julho de 2016

BOX & MANGA: UMA VELHA RECEITA DO SCHUTZHUND

Ultimamente temos dedicado alguns artigos relativos à recuperação dos cães medrosos, quer hajam nascido assim ou tenham sido vítimas de algum trauma, muito embora nenhuma das causas seja de categórica e fácil eliminação, sendo ainda mais difícil recuperar aqueles que somaram à razão genética outra ambiental. O medo dos humanos é mais comum nos lobos que nos cães e sempre que ele se torna visível nos últimos, não sobrando daí nenhuma razão ambiental, algo de errado aconteceu na selecção dos seus progenitores, que ao invés de dotarem a sua prole da adaptabilidade necessária à sua coabitação prestativa, antes lhe transmitiram a desconfiança e o medo ancestrais.
Imagine-se um cão que teme qualquer pessoa e o comportamento de todas, que resiste a circular no meio delas e que tem pavor das suas festas, apesar de evoluir satisfatoriamente no seu ambiente e perante pessoas que conhece desde sempre. Neste caso, para que leve de vencida os seus receios “infundados”, connosco ao seu lado a acalmá-lo, importa colocá-lo dentro de uma box de transporte num local público, onde passe um número razoável de transeuntes, para que os possa observar (estudar o seu comportamento) sem ser incomodado, porque doutro modo a sua sociabilização resultaria mais difícil. Porquê uma box de transporte e não uma feita totalmente de grades de ferro? Caso optássemos por uma box de grades, a sua exposição seria maior e o pânico dela resultante, pela vulnerabilidade oferecida, atentaria contra o nosso propósito. Uma box porquê? Porque lá dentro sentir-se-á mais protegido, não será surpreendido pela retaguarda, observará quase sem ser visto e prontamente reagirá à aproximação de estranhos, quer avisando da sua presença quer advertindo-os, porque mais depressa defenderá um espaço pequeno que outro mais amplo, sendo esta a razão que leva os cães a defender mais depressa um carro do que uma propriedade. Estando a box ao nosso lado, depressa aquilataremos dos progressos do animal, que deverá ser liberto e atrelado quando se encontrar calmo ou fizer menção de sair.
Caso os seus receios não se estendam aos outros cães, depois de ter reagido à aproximação dos estranhos de dentro da box, deverá ser instalado numa linha de cães prontos a atacar uma cobaia, para que reaja por simpatia e de acordo com o apoio e exemplo dos seus companheiros mais experimentados, uma vez que o problema é também de origem social. Quando manifestar desejo de capturar a cobaia há que incentivá-lo e não assustá-lo, recompensando-o sempre que possível, mesmo quanto manifeste pouco interesse ou as suas tentativas sejam ténues. Independentemente disso, exige-se um figurante experimentado, que instigue ao invés de intimidar e que no princípio dispensará o uso do bastão. Caso os receios do cão se estendem também aos seus pares, deverá ser colocado numa linha constituída por cachorros já iniciados e por cadelas minimamente controladas. Trata-se aqui de despertar o impulso à defesa nele deficitário, de dar-lhe uma experiência que lhe transmita confiança e que leve de vencida os seus medos.
Nenhum destes dois momentos poderá ter um cronograma previamente estabelecido, porque cada animal desperta em diferentes momentos e cada um estabelecê-lo-á de acordo com as respostas positivas que nos vai dando. Cães assim recuperados não deverão ser usados para guarda, porque tanto poderão morder a medo quando regredir perante o aumento da oposição. Em vez disso, deverão continuar a sua capacitação através de churros e outros brinquedos que defenderão ou lutarão pela sua posse. Parece simples e é, desde que haja muita paciência e empenho. 

DEPOIS DO DEGUELLO DO PADRE FRANCÊS LEMBRARAM-SE DA BÍBLIA

Depois da hedionda e mui condenável morte do Padre Francês Jacques Hamel, de 86 anos de idade, ocorrido na Igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, na Alta Normandia/França, obra de dois terroristas jihadistas (um já cá não está para contar), têm sido muitas as vozes do clero católico a apelar ao diálogo com aqueles grupos assassinos fanático-religiosos, não hesitando alguns clérigos em citar a Bíblia, mormente o constante em Mt. 5.44: “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;”, princípio que visa o estabelecimento de pontes ao invés do levantamento de muros, também defendido e praticado pelo padre assassinado, que segundo se consta dedicou o seu sacerdócio aos mais pobres, humildes e ostracizados.
Infelizmente não foi com base na Bíblia e muito menos na passagem acima citada, que a Igreja Católica promoveu as Cruzadas, fez vista grossa à escravatura, estabeleceu a Inquisição e não se insurgiu contra o Holocausto, outros genocídios e invasões arbitrárias, acções e inacções de carácter eminentemente político, nalguns casos associadas a questões económicas, que ao semearem ódio, tornaram impossível durante séculos o diálogo ecuménico que hoje tanto reclama por manifesto interesse próprio, quiçá por haver confiado mais nos homens que nas palavras de Deus. E nisto, as desculpas de pouco importam, quando o desejo de vingança passou a fazer parte da cultura intrínseca dos descendentes das vítimas. É evidente que o assassinato do Padre Hamel não é um ajuste de contas pessoal ou religioso, vai muito para além disso e é acima de tudo um desesperado e macabro acto político de quem o ordenou.
Não sabemos se a Igreja Católica será um interlocutor seguro junto dos muçulmanos radicais (terroristas), como não sabemos se esse diálogo será alguma vez possível, mas sabemos que ataques criminosos deste calibre, quando aproveitados, podem suscitar retaliações nunca vistas, lançar o mundo em que vivemos numa luta sem tréguas, rebentar com a Europa, promover novos genocídios e levar ao poder gente empossada de velhos ódios, a uma destruição tão grande quanta a descrita no Livro do Apocalipse. As desculpas de Tony Blair acerca da “Invasão do Iraque”, que incendiou todo o Médio-Oriente, gerou novos e intermináveis conflitos e teve também como resultado a actual crise dos refugiados e os ataques terroristas perpetrados no Ocidente, de nada servem, porque estenderam esses conflitos para dentro das nossas casas e fronteiras, quando o objectivo inicial era exactamente o contrário.
Mais uma vez o Mundo encontra-se bipolarizado e há quem jure ter os dias contados. Como não somos tão dados a interpretar profecias, os dados ainda não foram todos lançados e o silêncio de outros ainda não se quebrou, é possível que ainda venhamos a ter paz, paz que obrigará ao desarme dos terroristas internos e externos (bélicos, económicos e pseudo-religiosos), a uma unidade que respeite os diferentes povos, culturas e credos, para que a harmonia floresça no solo da desarmonia que semeámos ao longo dos séculos.
PS: Aceitam-se acções e orações pelo paz no mundo. 

BORN IN USA

Talvez a ideia tenha partido de gente famosa ou rica, de colunáveis, mas veio para ficar, acontece por toda a parte e é hoje aplicada repetidamente nos Estados Unidos. Trata-se do transporte de cães dentro de malas, sacos e mochilas.
No princípio só os cães toys e miniatura eram transportados assim (cães de bolso), agora tal prática estendeu-se a todos para além do seu tamanho, sendo comum encontrar-se toda a sorte de cães dentro destes utensílios nas deslocações dos seus donos.
A adopção da ideia ficou a dever-se ao regulamento de metros e comboios nos States, que apenas permite aos cães de serviço acompanharem os donos e pelo seu próprio pé, não apresentando qualquer objecção àqueles que são transportados dentro das malas, sacos e mochilas dos donos, sendo omissos quanto à dimensão e peso dos animais, omissão que tem possibilitado o transporte dos mais variados cães naqueles meios ferroviários.
Como não há notícia de incómodos, desacatos, dolo ou acidentes provocados pelos cães “ensacados”, os ditos regulamentos não foram ainda objecto de revisão e de actualização, que acontecerão imediatamente ao menor problema, como sempre acontece por aquelas bandas, onde regulamentos são coisa que ali não falta. Será que Donald Trump, caso venha ser Presidente dos Estados Unidos, virá também a dar caça a estes “infiltrados”? Imaginação é algo que não lhe falta e inimigos vê-os por todo o lado, no que lembra o seu homónimo Donald Duck, apesar deste não ter uma cabeleira tão exuberante quanto o candidato republicano à presidência.

NÃO VOLTAR AOS LUGARES ONDE FOMOS FELIZES

Mais que cultuar as memórias, importa viver a vida, porque a memória é curta e a vida segue em frente. E se o destino de todos é a morte, há que aproveitar a vida, que sendo passageira deverá ser bem preenchida, não só de memórias mas essencialmente de novidades, porque só assim podemos dar combate à finidade. O passado não se altera mas o presente e o futuro podem ser melhores e diferentes. Relembrar é próprio de quem já passou e reconstruir de quem continua e não desiste. Agarra-se ao princípio quem avista o fim, quem sente que já não é capaz e conforma-se com a sua sorte, pois engalanar memórias é entregá-las à poeira do tempo e esperar que ele nos leve também. A grandeza que atribuímos aos lugares e a tantas outras coisas, outra coisa não é que a circunscrição da nossa pequenez, um dossier do nosso viver comezinho. E dito isto, vou treinar um cão, que há muito tempo está à minha espera, talvez não seja um campeão mas é mais que uma quimera, porque com ele voltarei a ser feliz, a descobri que não estou só e a alcançar novos desafios. Adestrar é acreditar, despregar-se do tempo e avançar. Até já! 

terça-feira, 26 de julho de 2016

BOAS INTENÇÕES E PÉSSIMO RESULTADO

É muito difícil fazer compreender as diferenças a quem julga a parte pelo todo e que ainda por cima não faz questão de mudar. Generalizar não requer grande conhecimento e é bitola quanto baste para quem vive na ignorância. Uma cachorra Border Collie, agora com 7 meses, foi abandonada numa auto-estrada pela companheira do seu dono, sem conhecimento dele, quando tinha apenas 4 meses de idade. Como o animal intentava voltar para o carro, a mulher desferiu-lhe uns quantos pontapés e pôs-se em fuga. Felizmente a cachorra veio a ser recolhida por um homem que é proprietário de um café-esplanada, que a acolheu como sua e a tem criado com muito carinho. Dentro da quinta que possui, a cadelinha é feliz, extrovertida e segura mas na rua treme que nem varas verdes e foge das senhoras que com ela se cruzam, porquanto ficou traumatizada. O novo dono, que ignorava o trauma da cadela, decidiu pedir ajuda a um profissional, que fazendo uso amiúde da recompensa, pacientemente e segundo as pequenas vitórias que vai alcançando, lá vai a duras penas equilibrando a cachorra, que pouco a pouco (por vezes com alguns reveses) se vai libertando do trauma que a tem acompanhado.
Fixada na recompensa, a cachorra vai fazendo o “junto” de modo acertado, muito embora trema quando sente alguém atrás de si e quando alguma senhora fala mais alto ou é demasiado exuberante no seu gesticular, tremendo também diante de carrinhos de bebé, gente a correr, bengalas, bicicletas e roídos inesperados. Como se depreende, não tem sido fácil ensinar-lhe o “fica” (quieto) à distância na via pública, porque não se sente à vontade e põe-se em fuga, muito embora já consiga ficar quieta, por tempo indeterminado, junto do treinador quando este se encontra ao seu lado, sentado numa das mesas da dita esplanada, mostrando-se ali relaxada e indiferente àquilo que a rodeia, avanço que alvitra a sua possível recuperação. Contudo, o medo da cachorra salta à vista de todos quando é solta por breves instantes, porque se intimida perante os olhares alheios, contorna quem dela se aproximar e foge de quem intenta acariciá-la, procurando refúgio junto do treinador nessas ocasiões. E porque ainda não se encontra preparada para tal, o adestrador tem optado por mantê-la atrelada e junto de si, só a soltando quando o volume de transeuntes é menor, estratégia que se tem revelado acertada pelos resultados alcançados.
A animais com traumas destes não se pode forçar a amizade, há que dar tempo ao tempo e esperar que a cadela se sinta cómoda, que seja ela a tomar a iniciativa de se dirigir às pessoas e não o contrário, pormenor de suma importância que o vulgo ignora. Num destes dias, quando a cachorra se encontrava deitada ao lado de quem a ensina, uma senhora volumosa, de grandes braços flácidos e linguagem aguda e estridente, decidiu partir para cima do animal no intuito de lhe fazer festas, acto que fez por iniciativa própria e sem consultar ninguém. A cachorra acabou por apanhar um susto tremendo e regrediu no que até ali havia alcançado, mostrando-se agora ainda mais receosa das senhoras. Educadamente e com voz suave, o adestrador explicou àquela senhora a causa daquele comportamento, o acto reflexo da cadela e a impropriedade do seu acto arbitrário, merecendo daquela bem-intencionada criatura a seguinte e inesperada resposta: “Já vi que consigo não se pode falar!”
E mais não disse e nada mais há para dizer, a não ser que de boas-intenções estão o Céu e o Inferno cheios!

segunda-feira, 25 de julho de 2016

LEITORES RAROS: DO ZIMBÁBUE E DA BIRMÂNIA

Hoje recebemos leitores pouco usuais: do Zimbábue e da Birmânia (Myanmar). Ao soletrarmos o nome “Zimbábue” lembrámo-nos automaticamente da “Conferência de Berlim” (1884-1885), do efémero “Mapa Cor-de-Rosa” e do “Ultimato Inglês” de 1890, em muito responsável pela queda da monarquia em Portugal. A Birmânia é-nos particularmente grata e próxima, porque ainda hoje ali vive um povo descendente dos navegadores e marinheiros portugueses: os Bayingyis, “O Povo dos Olhos Verdes” (na foto abaixo podemos ver uma moça desta etnia), gente que ainda entaramela alguns dos nossos vocábulos, mantém a fé católica, tem nomes iguais aos nossos, conserva velhos costumes portugueses e orgulha-se da sua origem, apesar de ao longo dos séculos nos termos esquecido dele. Também na Birmânia, nos Séculos XVI e XVII, mais propriamente em Arracão, três portugueses dedicados à pirataria foram coroados reis: Salvador Ribeiro de Sousa, Filipe de Brito e Nicote e Sebastião Gonçalves Tibau, respectivamente um vimaranense de Ronfe, um olisiponense e um saloio de Santo Antão do Tojal.
Pondo de parte as considerações históricas, que mais importam a quem vive à sombra do estandarte da Pátria-Mãe, queremos dar o nosso caloroso “bem-vindo” a estes leitores, desejando que outros dos mesmos lugares nos visitem. Ficaríamos ainda mais satisfeitos se alguns Bayingyis se tornassem nossas visitas assíduas, reatando assim os laços que nos ligam e que eles teimosamente conservam. O caso dos Bayingyis não é único e tem réplicas por todo o lado, cite-se como exemplo o Povo Lamno na Indonésia, ali designado como “O Povo dos Olhos Azuis”, que vive numa Vila piscatória na Província de Aceh, na Ilha de Sumatra, também ele descendente de portugueses, que de um momento para o outro entrou em extinção pelo famigerado tsunami de 2004, tragédia que reduziu a menos duma dezena as centenas de luso-descendentes (na foto abaixo podemos ver uma menina do povo Lamno).
Gratos aos nossos visitantes, como dizia o Eng.º Sousa Veloso, “despedimo-nos com amizade”, ávidos de novas visitas e do intercâmbio que possam vir a fornecer-nos pelo novo mar que é a Internet.     

AS CADELAS ESCONDEM OS FILHOS PORQUÊ?

Esta é uma questão que nos é colocada ciclicamente pelos nossos leitores e que mais uma vez deu entrada na nossa caixa de correio. As cadelas agem assim quando a maternidade que lhes foi atribuída não apresenta condições para tal (escassez de comida, microclima adverso, espaço demasiado aberto, ausência de limpeza, etc.), é demasiado exposta ou sujeita a intromissão continuada, tanto pelos donos como por estranhos. Poder-se-á falar aqui de um resquício atávico, porque todos os canídeos selvagens, lobo inclusive, procedem do mesmo modo no período de reprodução, procurando outras áreas para evitarem a interacção com os seres humanos por se sentirem mais vulneráveis. As cadelas a quem repetidamente roubaram ou mataram os filhos, mercê dessa experiência, tendem também a esconder os cachorros e a transportá-los para locais mais seguros, procedendo do mesmo modo quando em ninhadas anteriores viram morrer toda a sua prole. 
Como a evasão da matriarca e o consequente transporte dos cachorros acontecem geralmente entre a nascença e a 3ª semana de vida dos filhotes, altura em que vivem exclusivamente do leite materno, importa deixar a cadela à vontade nessa altura e importuná-la o menos possível, para que se sinta cómoda nos seus afazeres, ali permaneça até ao desmame e não encontre razões para se evadir. Chegada a altura do desmame, porque é humano-dependente em matéria de sobrevivência, a cadela afastar-se-á mais dos cachorros e procurará a nossa ajuda para os alimentarmos e procedermos à limpeza do habitáculo. O período mais crítico de ansiedade nas matriarcas acontece nos 3 primeiros dias de vida dos cachorros, pelo que não deverão ser incomodadas, a menos que seja necessário tirar um nado-morto ou algum cachorro que não sobreviveu. Nestes casos importa fazê-lo longe da vista das cadelas, para que não vejam o que fazemos e venham a tomar atitudes mais extremadas (ex: canibalismo).   

UM CÃO ESPERTO É OUTRA COISA!

Os tablóides britânicos online estão a dar notícia do ocorrido num parque de estacionamento em Bryansk, no leste da Rússia, onde um cão, farto de esperar pelo dono dentro de um carro, decidiu tocar a buzina daquela viatura, juntando ao som do cláxon um uivo continuado, episódio gravado em vídeo que pode ser visto nas suas edições de hoje. Como não podia deixar de ser, os cães agora destinados à segurança trabalham em parceria com aparelhos electrónicos, accionando alarmes e afugentando intrusos sem fazerem uso dos seus dentes e não se expondo gratuitamente a um sem número de perigos para a sua salvaguarda, havendo outros que desenvolvem acções defensivas accionadas pelo toque de um telemóvel quando os seus donos se encontram ausentes e distantes do perímetro a defender. O conjugar dos esforços caninos com as novas tecnologias tem aumentado os níveis de segurança das habitações e salvaguardado como nunca a integridade física de donos e cães vigilantes. E como ter um cão esperto é outra coisa, novos e atractivos desafios chegam diariamente à cinotecnia, visando a melhor prestação canina pelo auxílio de computadores e outros dispositivos electrónicos ao nosso dispor. É neste pé que andamos e as novidades não param de nos surpreender. 

IMPLICAÇÕES SOCIAIS E ATLÉTICAS DO CORTE DE CAUDA E ORELHAS NOS CÃES

E porque ainda há quem persista em mandar cortar a cauda e as orelhas aos seus cães, importa-nos demonstrar as implicações sociais e atléticas desta opção nestes animais, dispensando-nos de abordar as questões ligadas ao mal-estar causado e aos riscos da anestesia, da perda de sangue e de infecção por serem do conhecimento geral. Todos sabemos também que essas amputações alteram a apresentação dos cães, alterações que impedem a compreensão imediata dos seus estados anímicos pela menor visibilidade das expressões mímicas que os denunciam, fornecidas pelas diferentes colocações das orelhas e da cauda, tanto aos homens como aos outros cães, contratempo que em nada ajuda à sua compreensão e sociabilização, uma vez que sempre desfilam em porte majestático mercê das amputações, engano mais do que suficiente para serem mal-entendidos, que vistos como perigosos pelas pessoas e provocadores pelos seus iguais, acabam invariavelmente vítimas da sua antipatia.
Para além das implicações sociais, acrescem aos cães assim amputados menos valias atléticas pela inexistência da cauda, que sendo imprescindível ao seu desempenho físico acertado, acaba por obrigá-los a esforços maiores e de maior risco, nomeadamente na transposição de obstáculos e na presença de animais rectos ou menos angulados de traseira, porque não tendo cauda falta-lhes o leme, são obrigados a saltos mais distantes dos obstáculos, mais altos e menos arredondados, apresentando maiores dificuldades de travamento, factores que interligados e associados a cães quadrados, pernaltos ou obesos, concorrem significativamente para lesões imediatas ou a médio prazo.
O hábito destas amputações tem uma origem pastoril e perpetuou-se entre os cães de arena desde tempos imemoráveis, porque as orelhas são fortemente irrigadas de sangue e importava que não se esvaíssem no desempenho das suas actividades, quer dessem caça aos predadores, caçassem em locais de vegetação espinhosa ou lutassem entre si. Pelas razões sociais atrás citadas, muita gente tem comprado gato por lebre, comprado cães cobardes com aparência de valentes, estratégia que tem servido de sobremaneira a criadores menos escrupulosos e necessitados de escoar a escória da sua produção. O que mais atemorizará: um Doberman de orelhas tombadas ou outro com elas amputadas? Felizmente, em abono dos cães, do seu bem-estar e aceitação, esta prática tem vindo a ser proibida um pouco por toda a parte, muito embora ainda se vejam animais assim amputados para gáudio dos seus donos, que o fazem por razões estéticas, suprir desejos de saudosistas ou para assustar os outros.

A FATWA DE MANCHESTER

Assim como não há dúvidas que os ingleses são chauvinistas e conservadores, também há que reconhecer-lhes razões para o serem, particularmente agora quando atentam contra o seu histórico modo de vida (a Inglaterra é o País que mantém a mais antiga democracia do Mundo). Nos agregados populacionais de Cheetham Hill e Salford, em Manchester/UK, lugares onde existe uma grande comunidade muçulmana, um pretenso grupo islâmico denominado “For Public Purity” (Para a Pureza Pública), anónimo e de manifestas intenções sectárias, levou a cabo uma distribuição de folhetos (exemplar na foto abaixo) onde pede aos cidadãos não-muçulmanos que limitem a presença de cães na via pública, para que os seguidores do Islão ali residentes possam manter-se imaculados e sem defeito à luz da sua fé, que considera estes animais impuros e passíveis de transmitir impureza a quem com eles coabita.
Esta petição lembra em tudo as “Fatwas” (decretos islâmicos) postos em prática em vários países muçulmanos, como já aconteceu na Arábia Saudita e no Irão, onde ter um cão pode dar direito a apanhar 74 chibatadas. Escusado será dizer que a restante população, com razão, desaprovou tamanho descaramento e afronta. Resta saber a procedência e identidade dos autores dos folhetos: se oriunda de muçulmanos observantes, se dum grupo xenófobo inglês que, ao fazer-se passar-se por eles e desejando extraí-los dali, procura antagonizá-los com os restantes cidadãos. Qualquer das hipóteses é possível atendendo ao actual momento de crispação que ali se vive e que inflama toda a Europa. Seja qual for o caso, os cães são um mero pretexto ainda que um rastilho muito seguro.   

sábado, 23 de julho de 2016

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

O Ranking semanal dos textos mais lidos ficou assim ordenado:
1º _ OS FALSOS PASTORES ALEMÃES, editado em 24/02/2015
2º _ CORRER OU MARCHAR COM O SEU CÃO?, editado em 14/07/2016
3º _ PACHÓN NAVARRO: UNIR EL PASADO AL PRESENTE, editado em 01/07/2015
4º _ EU QUERIA UM PASTOR ALEMÃO, DE PREFERÊNCIA TODO PRETO!, editado em 05/06/2010
5º _ O SONHO DO LUPINO PORTUGUÊS E O PERRO LOBO MALLORCAN, editado em 18/08/2015
6º _ UMA NOTÍCIA E UM LIVRO, editado em 18/07/2016
7º _ CONVERSAS SOBRE PASTORES ALEMÃES À MESA DO CAFÉ, editado em 09/08/2014
8º _ OS CÃES DA NICOLE SCHLAEPFER, editado em 30/04/2014
9º _ SERÁ O BOERBOEL UMA BESTA APOCALÍPTICA?, editado em 02/05/2015
10º _ CIMARRÓN URUGUAYO OU FILA CISPLATINO?, editado 27/04/2016

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

O TOP 10 semanal de leitores por país obedeceu à seguinte ordem:
1º Portugal, 2º Rússia, 3º Brasil, 4º Estados Unidos, 5º Reino Unido, 6º Alemanha, 7º França, 8º Angola, 9º Quénia e 10º Ucrânia.

UM AUXÍLIO COMPROVADO PARA AS FAMÍLIAS COM FILHOS AUTISTAS

Há que subtrair os exageros que se ouvem e lêem acerca das mais-valias caninas, porque provêm de cinófilos confessos, os cães estão na moda e estas circunstâncias têm vindo a transformá-los numa panaceia, a exemplo do que se passou com o Aloé Vera e outros produtos naturais (um apicultor dirá sem grande dificuldade que o Própolis é a solução para todas as maleitas).
É evidente que ainda não se descobriram todas as vantagens que um cão de companhia tem para oferecer, até porque a sua existência tal como o conhecemos hoje é relativamente recente, tornou-se mais visível a partir da última década do Séc. XIX e o recurso sistemático aos cães de terapia sucedeu apenas há 30 anos atrás, ainda que os cães-guias levem um século de existência. Por outro lado, a exaltação dos méritos caninos está associada a múltiplos factores, dos quais destacamos a migração humana do campo para as cidades, o stress urbano e o viver citadino, o descontentamento e suspeita relativos aos medicamentos sintéticos, o aumento da riqueza, maior justiça social e a menor taxa de natalidade nas famílias do Mundo Ocidental, sendo este último facto responsável pela maior procura e apreço pelos cães, que hoje como nunca tendem a substituir os filhos e que são objecto de uma veneração nunca vista, como se o lobo familiar fosse uma divindade finalmente revelada.
Recentemente vários investigadores têm levado a cabo e publicado estudos onde avaliam os benefícios dos cães de companhia nas famílias com filhos autistas, comprovando que a presença destes animais é benéfica tanto para os pais como para as crianças, porque nos primeiros oferece-lhes cumplicidade, reforça-lhes os esforços e liberta-os do stress, contribuindo assim para uma harmonia familiar menos desgastante, uma vez que facilitam a interacção com as crianças e ajudam-nas a ser mais responsáveis.
Já em Abril de 2014 investigadores da Universidade de Missouri-Columbia/USA haviam chegado a estas conclusões e agora investigadores da Universidade de Lincoln/UK, financiados pela Fundação norte-americana HUMAN ANIMAL BOND RESEARCH INITIATIVE (HABRI), vieram comprová-las. Diz-nos a experiência que nem todos os cães se prestam como animais de companhia e um grupo muito menor conseguirá desempenhar a tarefa, isentando pais e crianças de riscos desnecessários. Para que tudo corra sem novidade e os resultados esperados sejam alcançados, é necessário que os cães sejam objecto de escolha, fáceis de se ambientar, cúmplices e submissos, pouco territoriais, calmos e com fracos ou inexistentes impulsos à defesa, à luta e ao poder, porque doutro modo, como reacção ao stress provocado, poderão descarregar sobre as crianças portadoras deste distúrbio neurológico, caracterizado por dificuldades na interacção social, na comunicação verbal e não-verbal, e por um comportamento repetitivo e restrito.
Ao longo da nossa existência pudemos comprovar os benefícios caninos sobre crianças com distúrbios neurológicos iguais ou similares, indivíduos que nunca tratámos como anormais e dignos de pena mas que convidámos como iguais para o nosso meio apostados na sua recuperação. Certamente haverá outros animais que se prestarão para a tarefa mas nenhum deles tornará a desejável interacção mais fácil que o cão, um animal que criámos para servir e que assim tem permanecido ao longo dos tempos, um companheiro que ao invés de ser Deus atribui aos seus donos um estatuto quase divino, prontificando-se a tudo para os fazer feliz.