Quando
tenho cães adultos recém-chegados ou perto disso para treinar, não os remeto
imediatamente para a Pista Táctica, convido-os primeiro para a instrução na
cidade, para que aprendam a ser conduzidos à trela e se sociabilizem
previamente, estratégia usada a pensar na boa ordem dos futuros trabalhos
colectivos dentro dos limites escolares. Ao proceder deste modo, porque se
tratam de aulas individuais, procuro diminuir o fosso pedagógico entre os
binómios residentes e aqueles que acabam de chegar. Ontem, Terça-feira de
Carnaval, que amanheceu debaixo de neblina, saí com o endiabrado do Coco para
um parque citadino, certo de que Beagle cumpriria na íntegra o Plano de Aula.
Para além da presença dos seus donos, contei com a companhia do binómio
Paulo/Bohr, que nas circunstâncias é uma ajuda preciosa. Na foto acima vemos o
binómio Joana/Coco a chegar a um dos locais de instrução e na seguinte, agora
noutro local, vemos o Coco a saltar um aparelho de musculação.
Apostada
em optimizar a condução do Beagle e torná-la apta para as mais diversas
situações do quotidiano, pedi à Joana que subisse com o Coco umas escadas de
alvenaria íngremes, estreitas e em caracol, com o cão na frente da condutora
para lhe facilitar a subida. Apesar de ter visto aquelas escadas pela primeira
vez, o cão comportou-se como se já fossem suas velhas conhecidas.
Na
descida das escadas, o pequeno cão mostrou-se mais uma vez à altura do desafio,
colocando-se atrás da dona para não a desequilibrar e de alguma forma a segurar.
Duas conclusões de imediato se puderam tirar: O Coco não sofre de acrofobia e a
sua obediência está a melhorar.
Perspectivando
uma futura condução alinhada e suave, o Coco foi convidado a transitar sobre
uma passagem estreita de tijoleira, pouco elevada do solo e com apenas 10cm de
largo, incentivado que foi pelo exemplo do CPA Bohr.
Numa
varanda de uma só saída rodeada por um lago, o Beagle deu continuidade à
execução do comando de “quieto”. A escolha do local obedeceu ao facto do cão
cheirar tudo ao seu redor, raramente olhar para a dona e ser de tendência
fugitiva. Com a dona entre ele e a saída, o Coco foi persuadido a ficar no seu
lugar, sendo por isso amplamente recompensado.
Para
aliviar os cães de algum stress, sempre alternamos a obediência com exercícios
de ginástica, o que para os cães activos “é ouro sobre azul”. Tradicionalmente,
os condutores recém-chegados são convidados para o “Salto da Vala” com o seu
cão. A vala tem bom acesso, é pouco funda e tem apenas 1m de largo. Normalmente
os mais entrados e os obesos são dispensados do exercício, acabando os seus
cães conduzidos por outros condutores. A rondar as vinte primaveras, a Joana
não hesitou e venceu aquela vala com o Coco, mostrando-se o Beagle radiante.
O
Coco foi também convidado para o “Olival das Fisgas”, onde o tronco das
oliveiras se abre em fisga (em Y), executando primeiro a transposição mais
baixa. O que cada uma daquelas oliveiras representa é uma vertical cruzada. O
exercício, quando executado à trela, é por vezes mais difícil para o condutor
do que para o cão, porque o condutor tem que passá-la de mão em mão sem
atrapalhar a transposição do animal.
Com
o Beagle “a tomar-lhe o gosto”, passámos para uma fisga de maior elevação, que
o pequeno cão ultrapassou sem dificuldade, muito embora a sua dona não lhe
tenha facilitado o trabalho, porque o animal já estava de saída e a sua dona
permanecia na entrada.
Num
dos momentos de supercompensação, o binómio pousou para a câmera do Paulo sobre
um aparelho de ginástica, retrato só possível pela assimilação do comando de
“quieto” por parte do irrequieto Beagle.
Trabalhar um Beagle pela manhã dá-nos alento e faz-nos sonhar, porque ainda que a nostalgia se abata sobre nós, a irreverência do pequeno farejador desperta-nos e convida-nos para a alegria de viver!
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