Na
cidade norte-americana de Kennebunk, condado de York, no estado do Maine, cães
estão a ser treinados para identificar a presença de espécies invasoras no meio
ambiente. Pesquisadores da Texas Tech e da Virginia Tech estão a conduzir este
treino como parte de um estudo nacional. O estudo envolve cinco cães – Tempe,
June, Hopper, Woody e Cami – que trabalham com os seus donos e com uma
treinadora da Animal Welfare Society (AWS), Melissa McCrue-McGrath, para
detectar especificamente a invasora mosca-lanterna pintada (Lycorma delicatula).
Uma espécie invasora é um organismo que traz danos ecológicos ou económicos ao
ambiente onde não é encontrado naturalmente. O objectivo principal deste treino
é explorar se os cães conseguem identificar o cheiro da mosca-lanterna, auxiliando
assim no combate à sua propagação. McCrue-McGrath explicou o processo de
treino, que consiste em esconder ovos de insectos mortos em vários recipientes
para os cães localizarem. Ao encontrarem um ovo, os cães são treinados para
sinalizá-lo aos donos, sendo a sua acção recompensada com guloseimas.
Uma
espécie invasora, como a mosca-lanterna-pintada, identificada pela primeira vez
na Pensilvânia em 2014, representa ameaças significativas aos ecossistemas
locais. Tendo-se já espalhado por 17 estados desde a sua detecção, a sua
presença no Maine é uma preocupação, dado o seu potencial impacto. A
mosca-lanterna-manchada é nativa da China, da Índia e do Vietname, alimenta-se
de videiras, de grande variedade de árvores frutíferas, ornamentais e lenhosas.
Espécies invasoras como esta superam muitas vezes as espécies nativas,
perturbam os ecossistemas e podem causar danos agrícolas significativos. Os
cães, com seu olfacto altamente desenvolvido, conseguem detectá-las de um modo que os humanos não conseguem. Cães treinados podem farejar o odor de
espécies invasoras como a mosca-lanterna pintada a distâncias substanciais e
até mesmo debaixo do solo. O seu treino procura o aproveitamento dessa
capacidade, associando a detecção de aromas específicos ao reforço positivo,
isto de acordo com o que disse o News Center Maine.
Melissa McCrue-McGrath, treinadora da Animal Welfare Society (AWS), disse a propósito: “Se conseguirmos fazer com que eles (os cães) confiem nos seus narizes e nos digam que está aqui, poderemos evitar que esse insecto chegue ao estado do Maine”. Até ao final de março, os investigadores esperam que os cães envolvidos no estudo passem num teste de odor para avançarem para a próxima fase do treino, que envolverá testes de campo. O sucesso nestes ensaios poderá significar um passo inovador na utilização de cães treinados nos esforços de conservação ambiental, particularmente na detecção e prevenção da propagação de espécies invasoras. Esperam-se duas boas notícias: que os cães passem em todos os testes e que a mosca-lanterna-manchada nunca chegue a Portugal (para mal já nos basta a vespa asiática).
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