terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

MAUS TRATOS A ANIMAIS EM ESPANHA: A CULPA SERÁ DOS VISIGODOS?

 

Aonde vão alguns espanhóis buscar tamanha crueldade? Esta é uma pergunta que me tem assolado ao longo da vida e que nunca foi formulada com base num exacerbado patriotismo ou chauvinismo da minha parte, até porque a crueldade de alguns dos nossos vizinhos costuma ser infecciosa em Portugal. Chego até a pensar que a culpa é dos visigodos, daqueles que em 410 tomaram e saquearam Roma, partindo dali para a Gália e para a Espanha onde se nobilitaram e fundaram o primeiro estado visigótico em terras do Império Romano. Será que ainda sobrevive em Espanha algum pequeno remanescente desta casta de sanguinários, assassinos, ladrões, violadores e pirómanos? Se não existe, parece que sim, porque não havendo mais “romanos” para desgraçar, há quem não se importe de continuar a maltratar e a massacrar animais.

Activistas de toda a Espanha saíram às ruas para pedir o fim da caça com cães e que estes animais fossem protegidos pela Lei do Bem-Estar Animal. No passado domingo, dia 4 de fevereiro de 2024, a plataforma NÃO À CAÇA (NAC) liderou manifestações em 47 cidades espanholas, chamando a atenção para a situação dos cães de caça. Estas manifestações tiveram como objetivo evidenciar os maus tratos e o abandono dos galgos e outras raças utilizadas na caça. Criminosa e incompreensivelmente, estes animais foram deixados de fora da Lei de Bem-Estar Animal aprovada em Fevereiro de 2023, gerando controvérsia em vários sectores da sociedade espanhola, incluindo o comércio de animais de estimação, veterinários e activistas antiespecistas.

Em Madrid, cerca de 1.200 pessoas, escoltadas pelos seus cães, principalmente galgos e cães de caça, reuniram-se para expressar as suas preocupações. Estas raças enfrentam frequentemente o peso do abuso no sector da caça devido à sua “vida útil” limitada na indústria. A Espanha continua a ser o único país da UE que permite a caça com estes animais, um ponto sublinhado pelo NAC durante o comício que contou com a participação de entidades políticas como o PODEMOS e o partido dos direitos dos animais PACMA. “Uma verdadeira lei de bem-estar animal, sem discriminação e sem interesses económicos por trás dela”, foi uma exigência fundamental da porta-voz do NAC, Mia Rojo. Enfrentando a seca: A conversa também abordou a grave seca em Espanha, sublinhando-se o impacto na vida selvagem e a necessidade de medidas proteccionistas. Segundo o NAC, “as instituições devem ter em conta esta situação que afecta directamente a biodiversidade e proteger as aves e os mamíferos da actividade cinegética”.

Esta crise ambiental sublinha ainda mais a urgência de reavaliar as práticas de caça. O movimento teve uma participação significativa em regiões como Castela e Leão, onde ocorreram protestos em sete capitais de província. Valladolid liderou com quase uma centena de participantes, seguido por Burgos e Segóvia. As manifestações em Palência e Salamanca atraíram números comparáveis, com León e Ávila também participando activamente. Além disso, Sevilha assistiu a uma mobilização substancial, reflectindo um apoio generalizado à causa. A mensagem chegou até ao Reino Unido com uma publicação que dizia: “Ontem, em Londres, a nossa família participou no protesto pacífico contra a caça com cães em Espanha. Este é o primeiro ano em que se realiza uma Marcha em Londres. A actual contestação a nível nacional sublinha um descontentamento crescente com as actuais práticas de caça e com o quadro jurídico que envolve o bem-estar animal.

Toda esta gente e todos aqueles que amam a natureza e os animais só poderão dormir descansados no dia em que todos os cães foram iguais perante a lei e venham a ser dispensados do ofício cinegético que põe em causa o equilíbrio de vários ecossistemas pela extinção da biodiversidade. A consciência espanhola em relação ao bem-estar dos animais está a mudar e os combatentes espanhóis pelos direitos dos animais acabarão vencedores, como vencedores têm sido outros nas mais diversas latitudes – o tempo dos visigodos já lá vai, passou à História!

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