Talvez
não saiba de imediato a importância que tem um cão-guia para um invisual, o
drama que é para um cego perder o seu cão por ser velho ou necessitar de ser
eutanasiado. Mas Jill Allen-King, de Westcliff-on-Sea, de Essex, na Inglaterra,
está viver esse drama. Ela disse que o seu cão Jagger. Esta senhora de 83 anos
disse que sempre teve um cão-guia e teme agora perder a sua independência, pois
já espera há nove meses por um novo companheiro desde que o Jagger se aposentou
em junho.
A
Sra. Allen-King perdeu totalmente a visão aos 24 anos e desde então tem feito
campanha por melhores direitos de acesso para pessoas invisuais ou com visão
parcial. Ela teve a ideia dos pavimentos texturados em cruzamentos de estradas
e recebeu uma OBE (1) por serviços
prestados a pessoas com deficiência. Jagger foi o primeiro cão-guia macho da
Sra. Allen-King, depois de ter tido seis fêmeas anteriormente. “Quando cada um
deles morria, o que por si só é devastador, eu sempre tinha outro cachorro
pronto”, disse ela. "Estou com tanta raiva... há 1.200 cegos como eu à
espera".
A
instituição de caridade Guide Dogs disse que o tempo médio de espera de um
cão-guia é actualmente à volta de 16 meses, mas que “o tempo de espera
individual pode variar significativamente”. “Estamos agora a fazer um bom
progresso para retomar o serviço de cães-guia ao ponto em que estava antes da
pandemia”, dizia um comunicado. "Estamos muito tristes em saber do
sucedido a Jagger e enviamos as nossas condolências à Sra. Allen-King."
A inconsolada octogenária disse que o Jagger tinha 11 anos e que foi eutanasiado depois de “ter passado algumas semanas indisposto”. ”É horrível ter de contar a todos o muito que ele significava para mim e para outras pessoas, acrescentou Jill. “Ele já esteve no exterior e em três cruzeiros comigo, onde foi a estrela do navio. Quando ganhei o Pride of Britain (prémio pelo conjunto de sua obra], Paul O'Grady (2) presenteou-me com o meu troféu, presenteando também Jagger com a sua própria medalha pelo seu trabalho como cão-guia." (na foto abaixo Jill com Rishi Sunak)
E porque estamos a falar de cães-guia,
quero aqui lembrar que um dos maiores problemas que os invisuais enfrentam com
os seus cães é o criado pelos cães alheios, principalmente os que se encontram
soltos, que por vezes distraem, provocam e agridem os cães-guia, colocando os
invisuais em situações embaraçosas e susceptíveis de colocar a sua vida em
risco. Como diz um aforismo muito conhecido - “Nada é mais prejudicial a quem
trabalha do que a presença daqueles que nada fazem”. Assim, quando avistar um
cão-guia a guiar um cego, facilite a vida ao invisual e afaste o seu cão sempre
que possível e atempadamente. Na eventualidade de ter um cão provocador e por
sociabilizar, o melhor que tem a fazer é inverter a marcha e escapulir-se para
que o cego chegue sem maiores transtornos ao seu destino.
(1) Officer of the Order of the British Empire (OBE), distinção nacional atribuída por realizações ou serviços à comunidade. (2) Paul James O'Grady, falecido actor, comediante, drag queen, escritor e locutor inglês.
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