Com
Vladimir Putin a anunciar que a vacina contra o cancro está próxima, parece que
outra boa notícia vem dos lobos “mutantes” de Chernobyl, que segundo um estudo
recente são mais resistentes à doença. O estudo em questão foi publicado no
passado mês de janeiro por cientistas norte-americanos da Universidade de
Princeton no fórum científico Newswise. Com a explosão do reactor nuclear de Chernobyl
em 1986, mais de 100.000 pessoas foram evacuadas, mas alguns animais ainda
continuam a vaguear pela Zona de Exclusão de Chernobyl (CEZ), expondo-os
durante anos a uma radiação cancerígena significativa. Cara Love, bióloga da
Universidade de Princeton, estudou como os lobos de Chernobyl conseguiram
sobreviver apesar dessa exposição.
Em
2014, esta bióloga e a equipa de investigadores que a acompanhou, equiparam os
lobos com coleiras GPS para saber em tempo real onde eles se encontravam e a
que quantidade de radiação estavam expostos. Na época foram também recolhidas
amostras de sangue para melhor se entender como o corpo dos lobos reage à
radiação. Estas medidas levaram a uma conclusão alarmante, mas não surpreendente.
Segundo os cientistas, os lobos de Chernobyl são expostos a mais de 11,28 milirrem
diariamente ao longo de suas vidas, o que é seis vezes
acima do limite de segurança aceitável para um ser humano.
De acordo com as observações da bióloga americana, aqueles lobos têm logicamente um sistema imunitário deficiente, idêntico ao dos pacientes submetidos a tratamentos de radioterapia. Mas as novidades não se ficam por aqui: partes específicas do genoma destes espécimes seriam resistentes ao aumento do risco de cancro. Ao sofrer mutação, este genoma teria tornado os lobos mais resistentes às doenças. Doravante, Cara Love e a sua equipa de investigadores deverão concentrar-se na identificação destas mutações protectoras que aumentam as hipóteses de sobreviver ao cancro e, em última análise, talvez tentar beneficiar os humanos. Aguardam-se outras conclusões e novos avanços científicos.
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