Quando
se pensa arranjar um part-time como baby sitter canino, para se angariar alguns
tostões que tanta falta fazem, dificilmente alguém pensa que essa actividade
possa ser de alto risco, porque a maioria dos cães é por norma simpática e
amorosa. Contudo, convém não esquecer que nem todos são assim e que todo o
cuidado é pouco, porque doutra forma alguém poderá ficar seriamente ferido,
entre a vida e a morte, como sucedeu com Jacqueline Durand, uma jovem de 22
anos, estudante na Universidade do Texas em Dallas, que na véspera do seu
aniversário, ao ser atacada por dois cães dos quais ia cuidar, recebeu 800
marcas de dentadas no corpo, o que teve como consequências directas perder 30%
do sangue do seu corpo e 60 dias de hospitalização, porque os cães
arrancaram-lhe as orelhas, o nariz e o rosto, deixando-lhe os ossos da face à
mostra, pelo que doravante ainda espera por umas quantas intervenções
cirúrgicas, horas infindas de fisioterapia e uma longa recuperação. Apesar
disso, Jacqueline veio a público com o seu novo rosto numa tentativa de levar
os proprietários caninos a tudo fazerem para evitar tais ataques.
Jacqueline
disse que conheceu os cães, Lucy e Benner, anteriormente num Meet and Greet (1) e nunca teve problemas. “Eles não costumam
mudar de atitude desde o momento em que os conheço até o momento em que vou lá
pela primeira vez (à casa dos cães como baby sitter).” No entanto, para espanto
seu, no dia em que Jacqueline chegou à casa de Justin e Ashley Bishop, os dois cães
já não eram os cachorrinhos “adoráveis” que ela conheceu anteriormente. Depois
de abrir a porta, os cães saltaram-lhe em cima e arrastaram-na da porta da
frente até à sala. “Quando senti a pele pendurada no meu rosto, pensei que ia
morrer”, disse ela. Durante o ataque, Jacqueline não conseguiu pedir ajuda, mas
os serviços de emergência foram alertados pelo alarme da porta da frente que
havia ficado aberta. No entanto, os paramédicos levaram 37 minutos até poderem socorrê-la
porque os cães se mostraram muito agressivos. Quando inteirados da situação, os
Bishops alegaram que os seus cães “não tinham histórico de violência”. “Tenho
três filhos. Um tem três anos. Sem histórico de violência. Nenhum” - disse
Justin Bishop à polícia.
Mas uma placa na porta da frente da sua residência que avisa acerca de bebés a dormir e “cães loucos” está a servir de argumento como um indicadora de negligência, de acordo com o processo movido pelo advogado de Jacqueline, Chip Brooker. “O aviso na porta da frente para mim, acho eu, sugere que os Bishops sabiam que os dois cães agiam agressivamente contra as pessoas que que se aproximavam da porta da frente”, Brooker à CBS News. Um exame independente dos cães (um Pastor Alemão vermelho e um cruzado de Boxer com Pitbull) efectuado por um especialista, determinou que “os cães eram perigosos e tinham propensões cruéis”, vindo a ser abatidos pelas autoridades competentes. Agora Jacqueline, cuja intensa fisioterapia inclui esticar a boca 1mm de cada vez para poder comer mais, divulgou as suas feridas porque diz que “não pode ter medo do mundo”. A mulher, que já cuidava de cães há sete anos antes deste ataque, disse também disse que ainda espera trabalhar como treinadora de cães um dia.
Curiosamente, o casal de cães havia sido
resgatado. Há nesta história algo que nos escapa ou que espera outro
desenvolvimento por parte das autoridades, porque o ataque foi para matar (2) e a texana teve muita sorte ao ter
sobrevivido. O que teria levado aqueles cães inicialmente dóceis a um
comportamento tão agressivo? O ataque à cara da estudante universitária e o
facto dos cães nunca manifestarem qualquer agressividade contra as crianças do
agregado familiar, também o facto dos cães reagirem fortemente a quem se
aproximava da porta da frente da residência, sugere algum tipo de
condicionamento, seja ele proposital, devido a treino específico, ou
traumático, causado por constante provocação, muito embora o amatilhamento
natural dos cães, uma vez que eram um casal, possa ter despoletado e potenciado
um ataque assim, que insisto ser raríssimo. Por outro lado, não entendo a sentença
“os cães eram perigosos e tinham propensões cruéis” constante nas conclusões do
exame feito aos animais, porque nada esclareceu sobre a natureza e razões
daquele ataque. Não digo que foi esse o caso, pois não me compete a mim julgar o caso
e abomino fazer juízos temerários, mas que a apressada morte dos cães tem
encoberto muitos criminosos e crimes, lá isso tem!
(1)Meet and Greet (conhecer e cumprimentar) um evento organizado durante o qual uma celebridade, político ou outra figura conhecida se encontra e fala com o público, evento usado com frequência pelos abrigos nos Estados Unidos visando a adopção e o realojamento dos animais a seu cargo. (2) O ataque à cara e ao pescoço das vítimas é considerado assassino, não está ao alcance do comum dos cães, tornando-se extensivo a mais mediante treino específico. Este tipo de ataque, tirado a partir do aproveitamento das características individuais de alguns cães, pode fazer parte do treino do cão de guerra e dos cães destinados ao contraterrorismo, sendo impróprio dos cães policiais de patrulha e antimotim, porque em democracia e atendendo aos direitos humanos, os cidadãos não são inimigos a abater, mas amigos a pôr na ordem. Não sei como acontece para lá da Ucrânia. Procederão as oligarquias do mesmo modo? Não me acredito!
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