sexta-feira, 18 de março de 2022

MAIS DO QUE FAZER, IMPORTA O MODO DE COMO É FEITO

 

No adestramento, tudo aquilo que os cães fazem reflecte o tipo de entendimento que têm com os seus donos e o método de ensino a que foram sujeitos, pelo que mais do que o simples fazer, importa ver como os cães fazem ou resolvem os exercícios. Se os fazem céleres e radiantes é porque os alcançaram pela experiência feliz sem o contributo da coerção e da inibição; se os executam lentamente, de semblante abatido e sem qualquer alegria é porque os aprenderam por medo ao castigo, mercê de desgastantes repetições e pela exagerada submissão aos donos. Isto é verdade tanto para os exercícios de obediência como para os de ginástica, porque os intervenientes são os mesmos e em tudo é denunciado o seu modo de entendimento. Como condutor, eu posso demorar a adquirir os requisitos técnicos de determinados exercícios, vou ter todo o tempo do mundo para o fazer, mas jamais poderei contribuir ou consentir que o meu cão perca a alegria em fazê-los! Ontem considerámos estes aspectos no treino do “aqui”, tanto à trela como em liberdade. Os donos não estiveram perfeitos, mas os cães vieram alegres quando os chamaram.

O medo da repreensão tem o demérito de desenvolver nos cães a manha, o que normalmente resulta numa menor apetência para o trabalho e nalgum desencantamento diante dos desafios propostos, que sendo muitas vezes repetitivos, acabam por gerar nos cães compreensível desinteresse. O objectivo do adestramento não se resume a ensinar cães, mas também a ensinar os donos adestrá-los alegremente. Sem a alegria canina todo o ensino sai comprometido: os índices de prontidão baixam, a obediência demora, a confiança cede lugar à desconfiança, os cães evoluem debaixo de suspeita e o seu desempenho torna-se circunstancial, o que não é bom para os cães de companhia, obsta à necessária celeridade dos cães destinados ao socorro e pode ser fatal para os cães de guarda (voltarmos a este assunto).

Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Arnaldo/Niki; Clarinda/Keila; Inês/Oliver; Lucas/Bock; Paulo/Bohr e Pedro Rodrigues/Luna. O binómio Arnaldo/Niki, apesar de só o ter aprendido ontem, já consegue fazer o “aqui” em liberdade, o que aponta para o excelente entendimento entre o dono e o cão. O Jorge Filipe teve que acudir a alguma emergência, por isso não compareceu. Depois de algumas dificuldades iniciais, o Lucas lá se entendeu com a trela extensível. Já se notam os dias a crescer, a noite esteve aprazível, a poeira do deserto está pouco a pouco a desaparecer e as nossas tarefas foram alegremente cumpridas.

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