sexta-feira, 4 de março de 2022

ARRE MACHO, PARA NÃO DIZER OUTRA COISA BEM PIOR!

 

Mudar de dono para alguns cães tem-se mostrado trágico, particularmente aqueles que mantinham com o antigo dono estreitas relações afectivas e os de manifesta propensão territorial. A troca do dono e do território é o pior que pode fazer a um cão, porque entra num mundo desconhecido, no meio de pessoas estranhas e sente-se por demais desprotegido e perdido (quanto mais velho for, mais serão os problemas e piores serão as consequências). Outra coisa não tenho dito ao longo da vida que os cães são para quem pode e não simplesmente para quem os quer, porque são múltiplas as consequências e transtornos que um cão pode causar a quem o adquire de ânimo leve, desde familiares, sociais e económicas, para além dos cuidados que exige e da disponibilidade a que obriga. No Condado de Cambridgeshire, no sudeste de Inglaterra, Grace McAllister, uma jovem de 24 anos, sofreu um profundo desgosto ao receber a notícia que o seu cão pastor Bear iria ser abatido. Tudo começou quando o senhorio decidiu proibir o cão na sua propriedade (porque o teria feito não se sabe, mas presume-se o motivo). Diante de tal proibição, Grace ainda equacionou mudar de casa, mas os alugueres altos impediram-na de o fazer. Depois de várias tentativas para demover o senhorio da sua posição, dizendo-lhe amiudadas vezes que o Bear era um cão simpático, ela entrou em contacto com uma conhecida instituição de caridade – a Battersea Dogs Home – para encontrar um novo dono para o seu cão.

Sem que Grace alguma vez o imaginasse, mesmo no pior dos seus pesadelos, cinco dias após ter entregado o cão naquela instituição, esta decidiu-se por abater o cão, o que apanhou a jovem de completamente desprevenida e deixou-a profundamente abalada, ainda mais porque nunca tinha ouvido dizer nada de mal da Battersea Dogs Home. O que teria levado aquela instituição a tomar uma medida tão drástica? Depois de ser entregue no Battersea a 06 de janeiro, o cão começou a causar problemas ali, o que segundo Grace se deve ao facto do animal já ter sido vítima de abuso e quando assustado tende a ladrar para estranhos (está-se mesmo a ver!). Aparentemente, os tratadores do abrigo não conseguiram controlar o cão. A 12 de janeiro, a Battersea informou a Grace McAllister que o Bear iria ser abatido. Sem poder de decisão, por ter transferido oficialmente o cão para a instituição, não pode evitar a morte do animal, apesar de tudo ter tentado. Dois dias depois o Bear foi abatido. "Em cinco dias eles arruinaram completamente uma vida em potencial. Bear tinha mais dez anos ou mais de esperança de vida, e eles tiraram-lha", disse a ex-dona e ex-esposa. Entretanto, a Battersea Dogs Home disse através de um porta-voz que em 2020 foram sacrificados 12% dos animais ali instalados, não explicando quais as razões que presidiram ao abate do Bear.

Não são só as polícias que precisam de aprender a lidar com os diversos comportamentos caninos, os abrigos têm ainda maior obrigação disso, porque não estão cá para sumariamente, por incompetência, medo ou incómodo, escolher e condenar cães à morte. Está na cara que o falecido Bear tinha um comportamento agressivo ou fora dos parâmetros aceites pela instituição que o liquidou. Há que seleccionar gente capaz para os abrigos, com formação específica e aprovada para as suas competências, pois o facto de eu gostar muito de cães não me capacita automaticamente a lidar com os seus diversos comportamentos. Nos abrigos e seja lá onde for, quando os problemas surgem, o culpado é sempre o mesmo, ainda que não o seja – o cão!

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