AFINAL FOI UM CÃO!

 

Os lobos, talvez por não querem nada com os homens, deveriam ter as costas muito largas e ser do tamanho de leões, porque sempre que acontece algo com o gado ou com algum rebanho, logo se acusa o lobo. E a força do hábito é tão grande, que chega a ser acusado em áreas onde já desapareceu há décadas ou a séculos. Na Suíça ainda há lobos, mas nem por isso deixam de ser acusados injustamente.

Na localidade Suíça de Flums, no distrito de Sarganserland, no cantão alemão de Sankt Gallen, apareceram 30 ovelhas mortas e logo se atribuíram as culpas aos lobos, mas as autoridades locais nunca se convenceram disso e agora uma análise de ADN confirmou as suas suspeitas: o causador daquelas mortes foi um cão e não um lobo. As ovelhas entraram em pânico e pisaram-se umas às outras até à morte. Este hábito de dar mau nome aos lobos está também enraizado em Portugal, apesar de eventualmente haver no território continental somente duas alcateias (nas Ilhas não existem, a não ser lobos-marinhos). Como o medo dos lobos passa de geração em geração, exactamente como o mito do lobisomem, na impossibilidade de se avistar algum, deveria fazer-se aqui uma estátua de um lobo em tamanho real, dedicado ao lobo desconhecido, para onde as pessoas endereçariam as suas queixas e acusações.