quarta-feira, 9 de março de 2022

UMA MORTE A DAR PARA O ESTRANHO

 

Segundo notícia do UOL de São Paulo /Brasil, datada do passado dia 06 de março e actualizada no dia seguinte, um cão morreu depois de morder um artefacto explosivo lançado contra ele por um instrutor do Centro de Instrução Especializada –CIESP, durante um curso ministrado no Complexo de Gericinó, na zona oeste do Rio de Janeiro, no passado da 16 de fevereiro. Ao que tudo indica o animal encontrava-se a rondar o local e pertenceria a um morador da região, estando agora as autoridades a investigar se o artefacto teria sido lançado propositalmente. Um vídeo postado nas redes sociais por um participante naquele curso mostra o cão, com coleira, no meio de um grupo durante um exercício com armas.

A Polícia Civil informou que o caso foi comunicado à 11ª DP da Rocinha, na sexta-feira, dia 04 de março, pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento, que recebeu uma denúncia sobre o caso. “Os envolvidos serão intimados a prestar depoimento e os agentes realizam diligências para esclarecer o fato”, diz a nota. Por seu turno, a SEAP (Secretaria de Administração Penitenciária) ao ter conhecimento do caso, informou que o secretário Fernando Veloso determinou a abertura de um procedimento “apuratório” e o afastamento do coordenador do centro de instrução e do servidor envolvido na acção. De acordo com a mesma entidade, a investigação está a ser conduzida pela Corregedoria e foram realizadas buscas nos arredores do CIESP, com o apoio do GOC (Grupamento de Operações com Cães). Também foram identificados e virão a ser ouvidos todos os servidores e alunos que estiveram presentes no local do incidente. "A SEAP reitera que repudia e não compactua com maus tratos contra animais e, concluída a investigação, os responsáveis serão punidos administrativa e criminalmente", diz o comunicado.

Pelo que me foi dado a observar durante as minhas estadias no Brasil, houve ocasiões em que me vi obrigado a abrigar-me para não levar com nenhuma bala perdida, há demasiadas coboiadas e cowboys nas forças de segurança públicas, onde também grassa a indisciplina, a subjectividade, vários estigmas, a arbitrariedade, o ódio e a vingança, aspectos emocionais responsáveis pela transformação dos agentes de autoridade em justiceiros. E se por ali se manda qualquer um para o bebeléu sem qualquer prurido, mais depressa se despachará um cão, pelo que não me custa acreditar que o animal tenha sido assassinado intencionalmente. Todavia, há que esperar pela conclusão das investigações em curso, que poderão dar em nada.

PS: Se para se ser polícia é necessário ser-se um “Rambo” ou um “Clint Eastwood”, isso significa que é atribuído pouco valor à sua vida. A polícia precisa de meios excelentes para proteger os seus agentes, de estar na vanguarda do combate ao crime para melhor poder cumprir a sua missão, que é levar os criminosos perante os tribunais, o que englobará também melhor selecção e formação.

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