Vamos inverter a ordem
constante no título e começar pelos contras, pondo de parte a bactéria “Capnocytophaga
canimorsus”, bactéria comensal existente na flora gengival de espécies caninas
e felinas, capaz de causar graves doenças em seres humanos. A sua transmissão
tanto pode ocorrer por dentadas como por lambidelas e contacto directo.
Felizmente a Capnocytophaga apresenta baixa virulência em indivíduos saudáveis,
mas é causadora de doenças graves em pessoas com condições pré-existentes.
Os contras de deixar o cão
dormir com o dono na mesma cama encontram razões no cão e na pessoa do dono. As
relativas ao cão podem ficar a dever-se ao seu perfil psicológico e tamanho; as
do dono prendem-se com a maior ou menor higiene que dispensa a si mesmo e ao
animal. Se habituar a dormir consigo um cachorro com um perfil dominante e
territorial, é possível que futuramente, ao considerar a cama como sua, o
animal venha a expulsá-lo de lá, pelo que aos cães dominantes não deverá ser
consentido dormir na mesma cama com os seus donos.
O tamanho do cão é também
um factor a considerar, porque se for muito grande, tenderá a ocupar a cama
quase toda e a desalojar dela o dono ou donos. Por esta razão, se eu tenho um
cachorro de raça grande, é melhor não o acostumar a dormir ao meu lado. Os
contras até aqui adiantados agravam-se se o humano na cama for uma criança, uma
vez que cães e crianças são vulneráveis e não podem ser deixados sozinhos e sem
supervisão.
Em matéria de higiene já
não é fácil ter um cão em casa e muito menos será dormir com ele na mesma cama.
Dormir com o animal na mesma cama obriga ao reforço da higiene do animal e os
donos terão que acostumar-se aos pêlos nos lençóis. Os proprietários de cães
braquicéfalos, os que têm o focinho encurtado, terão ainda que acostumar-se ao
ressonar dos seus amigos e à sua constante e nauseabunda flatulência, o que nos
parece no mínimo pouco agradável (dirão alguns: “Mas pai é pai!”).
Antes de falarmos sobre o
reforço da higiene do cão, importa falar da higiene da cama, que deverá ser
lavada e limpa com maior frequência, mesmo que os seus cobertores ou edredões sejam
sacudidos diariamente. No que diz respeito à higiene do cão a primeira regra de
ouro é: se o cão estiver doente não deve entrar na cama, porque os cães e os
seus parasitas são responsáveis por algumas doenças que afectam os humanos
(zoonoses).
Para garantirem a higiene
adequada dos seus cães, de modo a dividirem com eles a sua cama, os donos obrigam-se
a escová-los e a limpá-los diariamente. Lembra-se aqui que o kit completo de
limpeza canino consta de 6 peças: 1 cardadeira; 3 pentes de diferente
espessura; 1 luva e 1 pano de camurça para o acabamento final. Para além destes
cuidados, os donos dos cães são obrigados a respeitar o calendário de
desparasitação (interno e externo) dos seus cães, se não querem ver as suas
camas transformadas em colónias de lombrigas, pulgas e carraças.
Quanto aos benefícios dos
cães dormirem na cama com os donos, eles prendem-se com o seu equilíbrio
psicológico e com a protecção que irão dispensar mais tarde aos seus mestres,
benefícios directamente ligados à fragrância densamente concentrada dos seus
donos que se encontra presente na cama. Trazer os cães para a nossa cama ou
dormir com eles na sua, o que para o efeito vai dar ao mesmo, é uma manobra
eficaz para recuperar os mais medrosos, isto se for gradualmente acompanhada com
exercícios que visam restituir a autonomia condicionada aos cães e o seu
bem-estar.
A relação de proximidade
fornecida pelo leito comum, ao promover um vínculo social mais tangível e mais
forte, acaba por oferecer a donos e cães a redução do stresse e uma agradável
sensação de segurança. Eu nunca dormi na minha cama com um cão, sempre os soube
escolher e nunca tive necessidade disso, mas não condeno quem o faça se as
regras de higiene aqui adiantadas forem respeitadas e o animal tiver
necessidade disso.
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