Eu sei e a maioria das
pessoas que lida com cães sabe, que um cão não morde em alguém de um momento
para o outro e sem qualquer motivo, muito menos ao seu dono ou aos membros do
seu agregado familiar. Quando há dentadas de cão à mistura, para encobrir os
actos das pessoas à sua volta, é comum atribuir-se aos cães a responsabilidade
dos incidentes, mesmo que animal tenha agido somente em resposta a alguma
provocação ou dolo que lhe causaram (os cães dificilmente irão contrariar
argumentos, contar outras histórias ou virão a ser chamados para acareação). Em
Klötze, cidade alemã localizada no Distrito de Altmarkkreis Salzwedel, no
Estado da Saxónia-Anhalt, aconteceu um incidente cuja história poderá estar ou
não mal contada e que foi noticiado pelo GMX (1).
Segundo reza a notícia e
citando a polícia local, em Klötze, ontem à noite, um mestiço de Labrador mordeu
uma menina do ensino básico ferindo-lhe o rosto. Uma equipa de emergência foi
chamada e levou a aluna da escola primária para a Clínica da Universidade de Magdeburg.
A mãe da criança disse à
polícia que o animal, um macho, veio para aquela família em cachorro e que nunca
tinha sido agressivo. A polícia, por sua vez, não revelou na altura o que foi
feito com o animal e dispensou-se de maiores detalhes.
Que o mestiço mordeu a
menina, parece não restar qualquer dúvida, o motivo que o levou a agir assim é
que não está claro! Ultimamente a relação dos cães com as crianças dentro do
mesmo lar tem sido bastante tumultuosa e nunca houve tanto infante mordido como
agora, fenómeno que a nosso deve-se a duas razões: ao facto dos cães serem mais
velhos do que as crianças nos lares e à igualdade de tratamento de que são
alvo. Penso não ser este o caso de Klötze, a menos que as declarações da mãe da
menina sejam falsas, porque o ataque não parece ter resultado de ciúme ou de
alguma manifestação de territorialidade, já que foi uma novidade.
Sabemos por experiência
própria (nunca treinámos tantos mestiços como agora), que os mestiços de
Labrador são por norma tão ou mais dóceis que o Labrador presente na sua origem
e que os mestiços de labrador com rafeiro são do mais humilde e simpático que
há. É natural que haja excepções, pois estamos a falar de indivíduos. “Mestiço
de Labrador” é por vezes tudo o que é preto, tem as orelhas tombadas, é de
médio porte e tem tendência para a obesidade, apesar de nunca o ter sido. Assim,
não temos como saber se o cão do incidente de Klötze é mesmo um mestiço de
labrador. E, se o for, outra raça mais afirmativa estará presente na sua
construção. No corpo da notícia este cão é descrito como “híbrido de Labrador”,
o que pode também apontar para um cruzamento de raças, o que de alguma forma
poderia justificar o ataque.
Resumindo,
se o cão era manso e mordeu, é porque foi abusado, magoado, ofendido ou
desrespeitado; se era bravo, há muito que deveria ter sido educado.
Independentemente da causa do ataque ter ser instintiva, resultar de carga
hereditária, surgir como resposta, ter sido despoletada por provocação, ser de
cariz defensivo ou agressivo, uma coisa é certa – jamais se deverá deixar uma
criança sozinha com um cão quando o seu senso de responsabilidade é precário ou
está a começar a aflorar. O que é válido para as crianças do ensino básico é-o
também para os bebés, primeiras vítimas domésticas dos cães, logo a seguir aos
idosos.
(1) O GMX Mail é um serviço de e-mail gratuito suportado
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