segunda-feira, 27 de junho de 2016

UM CÃO SEM NADA QUE FAZER É UM CÃO PRONTO PARA MORRER

O cão, para além da coabitação, dos cuidados ligados à sua subsistência, do exercício físico diário e do carinho que reclama, porque há muito lhe foi roubado o seu viver selvagem e actividades que o suportavam e continua a ser criado para satisfazer as nossas aspirações, exige para seu bem-estar interagir com quem vive, exigência que ao não ser satisfeita revolta-o, lança-o no disparate, stressa-o, deprime-o, adoece-o, leva-o à letargia e diminui a sua esperança de vida, podendo ainda induzi-lo à automutilação.
Esta exigência não é restrita aos cães de desporto, caça e utilidade mas é também reclamada pelos cães de companhia, que não sendo aves ornamentais, procuram actividades divididas com os seus donos para reforço do seu bem-estar social e propensões particulares, o que torna qualquer cão próprio para o treino e potencialmente útil. Os cães arredados desta necessidade básica acabam por desenvolver um conjunto de taras e comportar-se como autênticos déspotas, comandando a família e mostrando-se indisponíveis, especialmente quando humanizados ou entendidos numa perspectiva antropomórfica, comportamento que poderá colocar em risco terceiros (familiares, visitas e veterinários).
Cães acorrentados e privados da liberdade, enjaulados em boxes e canis, esquecidos em quintais e votados ao isolamento por horas infindas em apartamentos ou votados à imobilidade dentro deles, são animais condenados ao definhamento por perderem o essencial e lhes acelerarem o inevitável. O bem-estar canino não dispensa a interacção com os seus proprietários, as actividades divididas que lhes trazem a felicidade e aprovação dos seus donos. Sim, atribuir funções ou destinar serviço ao seu cão é fazê-lo feliz, o que torna o seu treino uma prioridade e um hábito salutar, que ao fortalecer os vínculos afectivos entre ambos, levará a um melhor conhecimento recíproco, responderá às suas necessidades sociais e facilitará a adaptação do animal, mais-valias que enriquecerão o seu quadro experimental e que irão dar-lhe vida.

Sem comentários:

Enviar um comentário