O cão, para além da
coabitação, dos cuidados ligados à sua subsistência, do exercício físico diário
e do carinho que reclama, porque há muito lhe foi roubado o seu viver selvagem
e actividades que o suportavam e continua a ser criado para satisfazer as
nossas aspirações, exige para seu bem-estar
interagir com quem vive, exigência que ao não ser satisfeita revolta-o,
lança-o no disparate, stressa-o, deprime-o, adoece-o, leva-o à letargia e
diminui a sua esperança de vida, podendo ainda induzi-lo à automutilação.
Esta exigência não é
restrita aos cães de desporto, caça e utilidade mas é também reclamada pelos
cães de companhia, que não sendo aves ornamentais, procuram actividades
divididas com os seus donos para reforço do seu bem-estar social e propensões
particulares, o que torna qualquer cão próprio para o treino e potencialmente útil. Os cães
arredados desta necessidade básica acabam por desenvolver um conjunto de taras
e comportar-se como autênticos déspotas, comandando a família e mostrando-se
indisponíveis, especialmente quando humanizados ou entendidos numa perspectiva
antropomórfica, comportamento que poderá colocar em risco terceiros
(familiares, visitas e veterinários).
Cães acorrentados e
privados da liberdade, enjaulados em boxes e canis, esquecidos em quintais e
votados ao isolamento por horas infindas em apartamentos ou votados à
imobilidade dentro deles, são animais condenados ao definhamento por perderem o
essencial e lhes acelerarem o inevitável. O bem-estar canino não dispensa a
interacção com os seus proprietários, as actividades divididas que lhes trazem
a felicidade e aprovação dos seus donos. Sim, atribuir funções ou destinar
serviço ao seu cão é fazê-lo feliz, o que torna o seu treino uma prioridade e
um hábito salutar, que ao fortalecer os vínculos afectivos entre ambos, levará
a um melhor conhecimento recíproco, responderá às suas necessidades sociais e
facilitará a adaptação do animal, mais-valias que enriquecerão o seu quadro
experimental e que irão dar-lhe vida.
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