terça-feira, 21 de junho de 2016

MAU TEMPO PARA LÁ DO CANAL: “ALABAMA ROT”

O Canal é o inglês, dito da Mancha para o vulgo, cuja passagem mais estreita vai dar aos rochedos de Dover, símbolo da insularidade e nacionalidade britânicas. O mau tempo é para os cães daquelas paragens, agora fustigados pelo “Alabama Rot”, uma infecção fúngica mortal, doença misteriosa que surgiu primeiro nos galgos da América e já disseminada desde 2012 por 27 municípios de Inglaterra e do País de Gales.
Até à presente data já foram confirmados 78 casos, sendo 14 registados nos primeiros quatro meses deste ano. A doença, que só afectou os galgos na América, na Grã-Bretanha não escolhe raça, sexo ou idade (a Joana que se cuide com o Radar). De momento não há nenhum tratamento específico para esta maleita, cuja causa ou causas são desconhecidas e o comum tratamento de suporte só teve sucesso entre 20 a 30% dos afectados, restando evitar o contágio nas áreas afectadas ou afastar-se delas, o que numa ilha não é tarefa fácil. A doença está identificada como “idiopathic cutaneous and renal glomerular vasculopathy (CRGV)” (peçam ao vosso veterinário assistente que troque isto por miúdos e vos adiante qual a designação em português).
O seu primeiro sinal manifesta-se numa ferida na pele, que geralmente fica vermelha, mais comum abaixo dos joelhos e dos jarretes, acompanhada por um inchaço característico como se duma úlcera se tratasse. Os veterinários britânicos continuam as investigações e a fazer o mapeamento das zonas endémicas, para além de porem à disposição dos interessados um guia muito útil disponível on-line, onde indicam os locais já confirmados com a presença da doença e dão pistas para a identificação dos seus sinais (sintomas).
E como em matéria de cães temos mau tempo no Canal, avisam-se os galgueiros e os demais importadores de cães a não importarem animais das Ilhas Britânicas (desconhecemos ao momento qual o parecer e esclarecimentos dados pelo Ministério da Agricultura e Pescas e pela Direcção Geral de Veterinária), muito embora isso pouco adiante para quem os importou depois de 2012. E como um mal nunca vem só, depois da “Encefalopatia Espongiforme Bovina” (Doença das Vacas Loucas) chega-nos também da Grã-Bretanha o “Alabama Rot”. Não obstante, ainda há quem continue a dizer que é de Espanha que “não vem bom vento nem bom casamento”. Tanto para o bem quanto para o mal, dificilmente uma ilha sobreviverá sozinha, por isso aguardamos com rara expectativa qual o parecer do povo britânico acerca da sua continuidade ou não na União Europeia e isto sem pensar nos reflexos que a eventual saída da Inglaterra terá para os muitos emigrantes portugueses que ali vivem. Pode ser que venha um vento de feição, capaz de colar Dover a Bruxelas e trazer Londres atrás, já exausta de tanto navegar à bolina.

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