O TVT (Tumor Venéreo Transmissível),
entendido na língua inglesa por CTVT (Canine Transmissible Venereal Tumour), é
um tumor venéreo transmissível, também designado por “Tumor de Sticker” ou “Linfossarcoma
de Sticker”, um cancro contagioso, maligno, de células redondas que ataca
especialmente os órgão genitais exteriores dos cães, podendo com menor
frequência aparecer na cavidade oral, pavilhão auditivo, baço, rins, fígado,
pulmões, globo ocular, região anal, pele, faringe, encéfalo e ovários, muito
embora a ocorrência de metástases seja rara. Segundo se sabe até ao momento,
não apresenta predisposição racial ou sexual. Aparece com mais frequência nos
cães cuja idade propicia maior actividade sexual e onde a população canina não
é objecto de maior controlo epidemiológico, sendo uma neoplasia transmitida
pelo coito entre os cães. A sua localização acontece comummente nas mucosas dos
órgãos genitais caninos, mais frequentemente no pénis e prepúcio dos machos e
na vulva e vagina das fêmeas.
Recentemente, uma equipa
internacional chefiada por investigadores da Universidade de Cambridge/UK, através
do estudo do ADN das mitocôndrias, fez saber que este tipo de cancro surgiu há
11 000 anos atrás num único indivíduo canino, sobrevivendo à sua morte e
estendendo-se a outros cães, sendo a linhagem mais antiga de cancro presente na
natureza e hoje disseminado em populações caninas de 39 países de todos os Continentes,
resultando essa expansão do transporte de cães, por via marítima, pelos
descobridores e conquistadores europeus dos novos mundos, maioritariamente espanhóis,
portugueses, ingleses e holandeses (ex: Cortez conquistou o México ajudado por
Mastins espanhóis). Ainda que um ramo da árvore evolutiva TVT pareça haver-se
espalhado a partir da Rússia e da China há 1.000 anos atrás, só chegou às
Américas provavelmente nos últimos 500 anos, o que sugere que ele foi levado
para ali por colonizadores do Velho Continente (nem tudo foram rosas na
globalização que encetámos!).
O presente estudo,
publicado na revista “eLife”, para além de descortinar algo mais sobre a
história dos cães, servirá de embrião para futuras investigações, podendo subsidiar,
dar pistas e ajudar na compreensão dos tumores que se espalham pela
transferência de células cancerígenas vivas, principalmente pelo acasalamento
através do “roubo” do ADN do seu anfitrião, como é o caso do TVT. Aguardam-se
novos estudos, conclusões e revelações.
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