Eu
compreendo a atitude de Cristiano Ronaldo quando jogou o microfone dum locutor
que o interpelou num lago ao redor, mas não a aprovo, porque há outras maneiras
mais delicadas de dizer “não me aborreça e deixe-me em paz”, independentemente
do jornalista ter furado a barreira de segurança ou não. Bem sei que há
jornalistas maçadores, incómodos e intrometidos, que por vezes lembram abutres
à volta de cadáveres, não lhes invejo a profissão, porque arrancar informação a quem não a quer dar deve ser o cabo dos trabalhos, e senão fossem eles,
ainda seríamos mais enganados e espoliados, apesar de toda a informação que nos
chega ser “filtrada”. Sem rodeios, Ronaldo comportou-se como um menino
malcriado, bem que o poderia ter feito noutro lado, longe das câmaras e da
camisola da Selecção Nacional, para que de alguma forma não comprometesse o
bom-nome de Portugal e dos portugueses, muito embora não venha a ser punido pelo
acto depois do último golo que marcou de calcanhar. Se fosse um político seria
seguramente demitido e se fosse um cidadão comum seria condenado duas vezes:
uma em praça pública e outra em juízo. Ao CR7 tudo parece permitido!
Dizem que o rapaz, que nos
primeiros tempos granjeou o nome de “spaghetti boy” no M.United, resiste e é
indiferente às provocações e assobios de que é alvo, que nessas circunstâncias
ainda joga melhor. Depois de o ver a lançar o microfone para o lago e de ter
falhado o penalti contra a Áustria, tenho sérias dúvidas que assim seja, como
duvido que possua a maturidade necessária para ser capitão de equipa, equipa
que joga para ele e que com ele se enterra, como se não lhe restasse outra
opção. Quem tem coragem para o pôr a suplente, a ele e outros que já “não dão
duas para a caixa”?
Já que é chegado a museus,
deveria o “melhor jogador de futebol do mundo” comprar o microfone que jogou
fora, uma vez que já foi “pescado”, e levá-lo para um dos seus museus junto com
uma placa datada a dizer: “com este microfone envergonhei-me e envergonhei os
portugueses”. É evidente que não o fará, é um futebolista e o “futebol é assim”,
ainda que daqui a umas décadas, quando chegar o seu dia, venha a ser
transladado para o Panteão Nacional, lugar destinado para os portugueses mais
ilustres!
O futebol já não é o que
era, foi-se o desporto e “o amor à camisola”, o jogo virou negócio e com ele
veio a corrupção, que não afecta somente a arbitragem mas toda a sua estrutura
de alto a baixo e todas as actividades relacionadas com ele, o que impede a
verdade desportiva, porque não estamos a falar de boas maneiras mas de lucro e
quando ele fala mais alto a trapaça é moeda de troca, já que todos procuram
vantagem. O jogo perdeu a sua decência, já não são onze contra onze, os
resultados alcançam-se fora do campo e joga quem tiver o agente mais influente,
não os melhores. Quem realmente mandará na nossa selecção? Provavelmente quem
não dá a cara e quem mais ganha com ela! O Ronaldo não tem o direito de se
passar? Tem, mas também tem a obrigação de se saber comportar quando carrega o
nome de Portugal às costas ou é seu embaixador.
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