quinta-feira, 16 de junho de 2016

RUBICK: O COCKER SPANIEL QUE QUERIA FALAR

Sempre que saio à rua com o CPA Black, para além do incómodo de o sujeitar às múltiplas carícias alheias, alguém surge a contar uma história ou estória de um cão que já teve. Desta vez ouvimos a do “Rubick”, um Cocker Spaniel negro, apoquentado por hérnias, “que só lhe faltava falar” e cuja dona entendia como ninguém, uma senhora agora septuagenária, obesa, extrovertida, doente oncológica e apostada em se fazer ouvir. Segundo ela, o Rubick era um animal pouco visto e de uma inteligência extraordinária, ávido de se fazer entender e interagindo de forma notável. Para que não restassem dúvidas e para comprovar o que havia dito, a dona contou-nos três episódios protagonizados pelo Cocker que seguidamente adiantamos para os nossos leitores: o da chucha, o da ida ao veterinário e o do telefone.
Quando os netos da dita senhora eram bebés e passavam horas aos seus cuidados, o Rubick roubava-lhes as chuchas e ia para a cama dele sugá-las, como se de outro bebé se tratasse. Como haviam passado pela boca do cão, eram imediatamente jogadas no lixo. Farta de deitar dinheiro à rua, porque o cão não desistia dos seus intentos, optou por comprar-lhe uma chucha, oferta que o Cocker muito apreciou e nunca mais largou, desistindo das outras que não lhe pertenciam.
Sempre que as hérnias o apoquentavam e as dores não lhe davam descanso, dirigia-se à mesinha do telefone, ali permanecia e começava a ganir, como que a dizer prá dona “liga para o veterinário!” Quando finalmente a via pegar na agenda e depois no telefone, o cão deixava de ganir e corria para a porta de casa desejoso de ser socorrido. “Ele não falava mas fazia-se entender” – disse-nos a senhora.
Como era muito apegado à dona, sempre ficava a ganir quando ela saía de casa, não o fazendo somente quando a via sair com a mala na mão rumo à escola onde leccionava, o que obrigava a pobre senhora, sempre que precisava de sair, a fazê-lo com aquela mala. Como em certos dias o Rubick carregava os seus brinquedos para junto da mesinha do telefone e noutros não, a dona suspeitou que ele lhe estava a dar algum recado. Disposta a desfazer o equívoco, decidiu sair de casa com a mala na mão, dirigiu-se ao café mais perto e ligou para a sua residência. Ao chegar a casa viu três bonecos junto ao telefone e compreendeu que o cão lhe “estava a dizer” que alguém lhe havia telefonado naqueles dias!
História ou estória? A senhora não nos pareceu alterada, senil, alienada ou mentirosa. Que há cães assim, há... e quem os teve jamais se esquece deles! 

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