Não somos peritos
em futorologia, só vamos até onde a filosofia alcança e a metafísica não é o
nosso forte. No entanto, pelo que nos é dado a observar, mais cedo ou mais
tarde, os tempos do cão de guarda e de guerra irão terminar: é uma questão de
tempo, tempo que não deve tardar. E dizemos isto diante da crescente
preocupação no Mundo Ocidental relativa à eliminação de actos violentos e
tradições sanguinárias, ao reconhecimento dos direitos dos animais e às leis
relativas à protecção de crianças e jovens. O mundo está a mudar e se não
houver um golpe de face, que pode acontecer a qualquer momento, é para lá que as
coisas se encaminham.
E se assim for, a
selecção de cães irá ser sujeita a novos critérios e parâmetros, o que não será
mau de todo, porque as diferentes raças usarão outros reprodutores e
libertar-se-ão da excessiva consanguinidade que hoje as atormenta, produto de
uma filosofia de criação há muito ultrapassada e carente de substituição,
cada vez mais contestada e denunciada por toda a parte. E neste aspecto é
preciso contar com os avanços da engenharia genética, que deverá vir em auxílio
dos cães e corrigir as mazelas que a endogamia lhes descarregou.
Agrada-nos que o
mundo do amanhã seja menos violento, porque a violência uma vez empregue exige
mais violência e tende a tornar-se um hábito, domina os indivíduos contra a sua
razão, tolda os seus juízos, nada resolve e só destrói, sendo um sinal de
impotência, desespero e fraqueza, uma cobardia para quem a pratica. E se algum
resultado prático tem sobre os outros, é porque o medo da morte a todos assola (pessoas
e animais). Assim como todos somos violentos, todos temos que aprender a
evitá-la, apesar de ser mais fácil identificarmos a alheia do que a nossa, condenar
as touradas e continuar a instigar os cães a ataques letais. Ambas são
condenáveis e fruto da mesma essência! A razão que leva à indução dos ataques
caninos outra coisa não é que uma falsa contra violência.
Assim, se as
touradas vierem a acabar, os churros, as mangas e os fatos de ataque irão ser
expostos nalgum museu , ao lado das farpas, das bandarilhas e das espadas dos
matadores, adornando fotos de ataques lançados e faenas, evocações de um tempo
que as gerações vindouras terão alguma dificuldade em compreender. Como todos
somos fruto do tempo que nos viu nascer e os homens aprendem com os seus erros,
eu acredito e como eu muitos, que futuro venha a ser melhor.
Vou continuar a treinar cães para guarda? Contrariado, mas vou! Ainda que saiba que o melhor cão não é uma arma, mas aquele que me desarma e desperta para os prazeres simples da vida, o que me encaminha para a fraternidade e que me leva ao respeito pela natureza e por todos os animais, aquele que me transporta para a desejável harmonia universal!
Sem comentários:
Enviar um comentário