domingo, 17 de abril de 2022

VAMOS LÁ FALAR DO OUKI

 

O Ouki é um Akita Inu japonês com 9 meses de idade, com uma carga instintiva notória, de tendências anti-sociais, ciumento, deveras resiliente, resistente ao adestramento e à liderança, que invariavelmente se nega a andar e a quem a recompensa generosa não tem surtido o efeito desejado - mudar o seu comportamento. Como não é normal subsistirem tantos problemas num cão só, que também apresenta jarrete de vaca, e temendo que os problemas apresentadas fossem sintomas de um mal maior, remetemo-lo para um hospital veterinário conceituado e por nós recomendado para ali efectuar um check-up completo. Do relatório dos exames efectuados nenhuma patologia, anormalidade, incapacidade ou impedimento foram detectados. Não obstante, o Ouki continuava a resistir a andar à trela, a desesperar a sua esforçada condutora e a ter um desempenho próximo de um cachorro de 3 meses. Depois de ter passado a noite a meditar sobre os problemas deste Spitz e na sua solução, querendo evitar qualquer tipo de violência, optei na aula de ontem por colocá-lo em rampas com 25% de inclinação, que o desafiavam a andar, porque doutro modo escorregaria. É isso que podemos observar na foto acima, onde também aprendeu a rodar. Com isto consegui destravá-lo e fazê-lo andar para a frente em muros estreitos, de topo liso e sem interromper a marcha (foto abaixo), o que aliviou de sobremaneira o esforço da sua conduta.

A aceitação do comando de “junto” nas rampas possibilitou-lhe a subida de escadas em caracol à trela, exercício que venceu em segurança e sem hesitações. O facto de evoluir lentamente não causa qualquer desequilíbrio a quem o conduz (nem tudo é mau).

Na descida das escadas teve um comportamento igualmente satisfatório, conseguindo rodar no seu topo. Na foto seguinte é possível ver o início da sua descida, concentrado na distância entre os degraus e evoluindo de forma solta.

Depois de dotar um cão extraordinariamente divergente de mãos de maior equilíbrio e mobilidade para o seu quotidiano (Bock) e de estar a transformar outro de pouco ou nenhum préstimo num operacional (Jonas), chega-me agora o Ouki que bem poderia chamar-se “berbicacho”. É evidente que depois de várias décadas a ensinar cães ninguém deseja estar a resolver problemas destes, produto de criadores com critérios de selecção no mínimo duvidosos. Contudo, é para isso que cá estou, para valer aos donos e aos cães que procuram os meus serviços, até porque o adestramento, antes de ser arte, é trabalho oficinal. O Ouki é um grande desafio, mas é uma aposta que vou vencer!

Sem comentários:

Enviar um comentário