O
Ouki é um Akita Inu japonês com 9 meses de idade, com uma carga instintiva
notória, de tendências anti-sociais, ciumento, deveras resiliente, resistente ao
adestramento e à liderança, que invariavelmente se nega a andar e a quem a
recompensa generosa não tem surtido o efeito desejado - mudar o seu
comportamento. Como não é normal subsistirem tantos problemas num cão só, que
também apresenta jarrete de vaca, e temendo que os problemas apresentadas fossem
sintomas de um mal maior, remetemo-lo para um hospital veterinário conceituado
e por nós recomendado para ali efectuar um check-up completo. Do relatório dos
exames efectuados nenhuma patologia, anormalidade, incapacidade ou impedimento
foram detectados. Não obstante, o Ouki continuava a resistir a andar à trela, a
desesperar a sua esforçada condutora e a ter um desempenho próximo de um
cachorro de 3 meses. Depois de ter passado a noite a meditar sobre os problemas
deste Spitz e na sua solução, querendo evitar qualquer tipo de violência, optei
na aula de ontem por colocá-lo em rampas com 25% de inclinação, que o
desafiavam a andar, porque doutro modo escorregaria. É isso que podemos
observar na foto acima, onde também aprendeu a rodar. Com isto consegui
destravá-lo e fazê-lo andar para a frente em muros estreitos, de topo liso e sem
interromper a marcha (foto abaixo), o que aliviou de sobremaneira o esforço da
sua conduta.
A
aceitação do comando de “junto” nas rampas possibilitou-lhe a subida de escadas
em caracol à trela, exercício que venceu em segurança e sem hesitações. O facto
de evoluir lentamente não causa qualquer desequilíbrio a quem o conduz (nem
tudo é mau).
Na
descida das escadas teve um comportamento igualmente satisfatório, conseguindo
rodar no seu topo. Na foto seguinte é possível ver o início da sua descida, concentrado
na distância entre os degraus e evoluindo de forma solta.
Depois de dotar um cão extraordinariamente divergente de mãos de maior equilíbrio e mobilidade para o seu quotidiano (Bock) e de estar a transformar outro de pouco ou nenhum préstimo num operacional (Jonas), chega-me agora o Ouki que bem poderia chamar-se “berbicacho”. É evidente que depois de várias décadas a ensinar cães ninguém deseja estar a resolver problemas destes, produto de criadores com critérios de selecção no mínimo duvidosos. Contudo, é para isso que cá estou, para valer aos donos e aos cães que procuram os meus serviços, até porque o adestramento, antes de ser arte, é trabalho oficinal. O Ouki é um grande desafio, mas é uma aposta que vou vencer!
Sem comentários:
Enviar um comentário