quinta-feira, 14 de abril de 2022

CIDADE MARAVILHOSA, CHEIA DE ENCANTOS MIL

 

No Rio de janeiro, dois cães resgatados tornaram-se mascotes locais e influenciadores online após se terem juntado às suas fileiras de resgate, na delegacia do 17º Batalhão da Polícia Militar, onde se tornaram ídolos populares. Um deles é o cabo Oliveira, um cão castanho de pêlo curto com 4 anos de idade, que numa manhã de 2019 apareceu na delegacia da Ilha do Governador, ferido e fraco. “Eu dei-lhe comida e água. Demorou um pouco até ele se acostumar comigo”, disse o cabo Cristiano Oliveira, praça que colocou o animal debaixo da sua protecção e que lhe deu o seu nome.

Em poucos dias, o cabo Oliveira canino começou a seguir o seu mestre pela delegacia e quando este foi transferido para outra subunidade, o cão nunca mais saiu. Este cão resgatado tem o seu próprio perfil no Instagram com mais de 45.000 fervorosos seguidores, sempre ávidos de mais vídeos e fotos do seu mascote em uniforme policial, de pé em cima de veículos blindados, motociclos ou enfiando a sua cabeça na janela de um carro-patrulha. Curiosamente, ele tem ainda uma arma de fogo em miniatura anexada ao seu uniforme.

A 19 km dali, no arborizado bairro das laranjeiras, outro cão resgatado foi apadrinhado pelo público. Caramello, nome inspirado na côr do seu manto, reside na Brigada de Incêndio que o encontrou ferido no icónico Pão de Açúcar há cerca de um ano atrás. Durante este período, o pequeno cão de 11 anos somou cerca de 27.000 seguidores. Bem mais velho e menos afoito do que o seu congénere Cabo Oliveira, o Caramello tem vindo a ser usado como mascote para uma ampla gama de causas e campanhas.

A influência do Caramello tem sido também usada para promover a consciencialização sobre o cancro e como incentivo para doações a favor das vítimas dos desastres naturais, como os recentes deslizamentos de terra em Petrópolis. Mercê da sua popularidade, ele também tem dado uma ajuda aos cães e gatos resgatados que carecem de um novo lar. “ O Caramello é um verdadeiro digital influencer”, disse o Major Fabio Contreiras, do Corpo de Bombeiros do Catete, um dos mais antigos do Rio de Janeiro. Mas a fama tem o seu preço e seus fãs são por norma exigentes. “Às vezes tenho muito trabalho. Fico uma semana sem postar e as pessoas reclamam: “Cadê o (cabo) Oliveira? Ele está desaparecido?”, brinca Oliveira, o militar responsável pelas redes sociais do cão. Ele pode receber mais de 200 mensagens um dia. E a demanda pelo cão resgatado é tanta que por vezes o seu responsável é obrigado a dizer que o animal está de férias.

A adopção destes cães de resgate pela Polícia Militar do Rio de Janeiro é uma excelente manobra de propaganda para humanizar a polícia aos olhos das populações e fazê-las esquecer por instantes as repetidas brutalidades de que têm sido alvo por parte da polícia, algumas delas dignas de ser endereçadas ao tribunal mundial dos direitos humanos para ali serem julgadas. Bem sei que ser polícia no Brasil não é tarefa mole, porque qualquer moleque pode sacar de uma pistola ou de um revólver mas, nas sociedades livres e democráticas, as polícias não têm competência para substituir os tribunais e o governo, cabendo aos primeiros fazer justiça e aos segundos educar e dar condições de vida ao povo. Lamentavelmente, uns acabam ludibriados e outros subornados pelo histórico “jeitinho brasileiro” que tudo corrompe, nada concerta e que atrasa sucessivamente as reformas e o progresso delas advindo. Ainda hoje estou à espera de um dinheirinho gostoso que a Sr.ª Ministra das Finanças, Zélia Cardoso de Mello, me roubou descaradamente debaixo da promessa de mo devolver mais tarde, confisco nunca visto em parte alguma e que aconteceu da noite para o dia, exactamente a 16 de março de 1990. Sobre o Brasil teria muito mais teria a dizer, muito embora como estrangeiro não me caiba fazê-lo. Não me restando outra opção, continuo à espera que os brasileiros, pelo menos alguns, nomeadamente os sortudos que tiveram acesso à educação, abram finalmente os olhos, arredando de de vez todos os milagreiros, pistoleiros e moluscos marinhos do poder. 

Sem comentários:

Enviar um comentário