Os
obstáculos tácticos e os de competição canina não são meros cavaletes adaptados
para cães, mas aparelhos correctores e formadores que se prestam tanto ao
desenvolvimento atlético como ao fortalecimento do carácter dos animais, pelo
que não deverão ser encarados de ânimo leve para que não atentem contra os seus
salutares propósitos. Neste sentido, também a trela escolar que guia os cães
tem um propósito bem diferente da guia mecânica em uso nos cavalos. Devido às
suas exigências e benefícios, a prática dos obstáculos não pode ser desregrada
nem arbitrária, porque a ausência das normas tende a saturar os cães, a
causar-lhes aversão e até desinteresse, o que obsta decididamente à desejável
resposta pronta e imediata dos nossos amigos de 4 patas. Hoje vou explicar 3 regras
básicas para que a prática dos obstáculos surta os efeitos dela esperados.
O
trabalho sobre os obstáculos deverá evoluir do mais fácil para o mais difícil e
do mais simples para o mais complexo, acontecer gradualmente, para dar tempo à
adaptação canina e dotar os animais da confiança necessária. Os cães deverão
aquecer sobre os obstáculos que já conhecem e que não deverão ultrapassar os 60
cm de altura e os 180 de extensão, sendo estes os valores máximos indicados
para os cães adultos de tamanho médio (dos 53 cm em diante). Estes obstáculos
deverão estar dispostos ao longo dos limites internos das pistas e pertencer
aos diferentes grupos de obstáculos (elevadores, extensores, tipo alvo, etc.),
sendo o seu conjunto comummente designado por “perímetro exterior”.
Quando
o uso dos obstáculos se remete somente à musculação, para que esta não cause
estraves físicos, psicológicos e cognitivos aos animais, coisa fácil de
acontecer devido à saturação que leva ao desinteresse, há que procurar
obstáculos diferentes, mas que ofereçam o mesmo préstimo. A costumeira
repetição de saltos sobre os mesmos obstáculos, para além de estupidificar os
cães, que são curiosos e procuram a novidade, quebra-lhes a vontade e a
velocidade, desenvolvendo-lhes uma apatia visível à dos burros a puxar à nora.
Por outro lado, quando um cão avança para um obstáculo contrariado ou receoso, ao invés de se esganar ou forçar o animal, “metodologia” que é típica dos brutos que nunca deveriam assentar arraiais no adestramento e que pode ter como consequência alguma lesão física ou trauma, quando não ambos, o melhor que há a fazer, para não se atentar contra o bem-estar animal, é voltar para os obstáculos mais fáceis da mesma natureza que o animal já ultrapassa com facilidade. Este voltar atrás é um recuo que projecta os cães para a frente pela confiança que lhes oferece. Retornaremos a este assunto com outras explicações.
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