quinta-feira, 7 de abril de 2022

A LIÇÃO E O EXEMPLO DE SINGAPURA

 

Para o comum cidadão português pouco viajado e arredado do mundo dos negócios, Singapura é uma cidade lá para o Oriente, pejada de gente baixa, rica em componentes electrónicos, produtora de artigos de baixa qualidade, baratos e de contrafacção, quando na verdade se trata de uma cidade-estado riquíssima, multi-étnica, moderna e altamente desenvolvida onde não falta nada, metrópole que as grandes multinacionais conhecem bem e que ali procuram desenvolver os seus negócios no mercado asiático e global.

No passado dia 31 de Março, o Serviço Animal e Veterinário de Singapura (AVS) abriu um Centro de Reabilitação Animal para animais vadios, visando reabilitá-los num ambiente doméstico com salas de jantar e de estar, habituando-os ao uso da trela e aos sons dos utensílios domésticos, como é o caso dos aspiradores.

Neste novo e moderno centro, 13 cães podem ser reabilitados em qualquer momento, encontrando-se 8 em reabilitação desde fevereiro. O director do grupo de Serviços Profissionais e Científicos da AVS, Chang Siow Foong, disse esperar que aquelas instalações permitam aos cães de rua, normalmente ariscos, acostumar-se a viver com as famílias adoptivas, reduzindo respostas como o medo e a agressão excessivos. O mesmo Foong acrescentou que a maioria dos cães vadios requer alguma forma de reabilitação antes de ser readoptada, o que entre nós, infelizmente, é pouco considerado como se não fosse necessário e exequível.

Este centro é a mais recente adição ao programa nacional para controlar a população de cães de rua em Singapura, introduzido em 2018. Sob o programa “Trap-Neuter-Release-Manage (TNRM)”, os cães vadios são capturados e castrados, antes de serem realojados num abrigo ou lar, ou devolvidos à liberdade nos seus locais habituais, onde são monitorados após serem microchipados. O programa visa esterilizar mais de 70% dos cães vadios até 2023. Desde a sua introdução, em novembro de 2018, o feedback do público sobre cães vadios diminuiu mais de 6%. Mas um dos problemas enfrentados pelo realojamento bem-sucedido são questões comportamentais, como ansiedade excessiva. Para resolver isso, o “Project Rehab”, um programa piloto de reabilitação canina, foi introduzido em 2019 para eliminar problemas comportamentais nos cães vadios e facilitar a sua coabitação com humanos. Desde a sua introdução, mais de 70 cães foram realojados com sucesso em abrigos e lares de animais.

Na cerimónia de abertura do Centro, Tan Kiat How, Ministro de Estado para o Desenvolvimento Nacional, anunciou também que o AVS fará parceria com a Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra os Animais (SPCA) para rever o processo pós-reabilitação dos cães vadios, para garantir que o progresso operado durante a reabilitação não se venha a perder quando os animais forem realojados em abrigos e lares, o que poderia ser uma experiência traumática para os cães. Aarthi Sankar, diretora executiva da SPCA, disse: "Esta parceria permite que a equipe da SPCA trabalhe lado a lado com a equipa da AVS para realojar animais e, ao mesmo tempo, dividir importantes informações e adquirir melhores práticas acerca da reabilitação destes animais", acrescentando ainda que irá ser mais fácil para quem adopta adquirir um cão já habituado aos ambientes humanos.

Este exemplo de Singapura é uma lição para nós, um projecto responsável, sério e necessário para a reintegração plena dos animais abandonados, elaborado a partir da preocupação com o seu bem-estar. Estranhamente para alguns, do Oriente também chegam excelentes novidades e meritórios projectos inovadores.

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