Hoje
vou comentar com os leitores deste blogue um incidente acontecido no passado
sábado, dia 16 de abril, num apartamento em Bourges, localidade francesa no
departamento de Cher, onde uma cozinha foi completamente destruída pelo fogo
por causa de um cão que o dono deixou sozinho em casa e que conseguiu ligar as
placas do fogão. Após a intervenção dos serviços de emergência, o animal foi
retirado do local sem qualquer lesão. Por prevenção, foi ainda levado a um
veterinário por ter inalado uma grande quantidade de fumo tóxico.
Incidentes
destes podem ser evitados e acontecem com mais frequência na casa daqueles
proprietários caninos que abominam estabelecer regras, cujos cães têm inteira
liberdade para andarem pela casa toda e do modo que lhes apetecer, o que não
deixa de ser uma verdadeira loucura de imprevisíveis consequências, chegando ao
ponto, como foi o caso em Bourges, de pôr pessoas e habitações em risco. Em abono
da segurança de todos, família, vizinhos e cães, os últimos deverão ver
interditada a sua entrada nas cozinhas, para que não accionem acidentalmente
qualquer ignição nos fogões, se acostumem a pedir comida e se transformem em
gulosos, porque um cão movido pela gula é capaz de aprontar qualquer disparate,
inclusive de saltar para cima de um fogão onde repousa uma refeição francamente
desejável ao seu olfacto.
Não
havendo a possibilidade de afastar de uma vez por todas os cães das cozinhas,
há que pelo menos tirá-los delas quando estamos a preparar, cozinhar e a
consumir refeições. Por prevenção, o comedouro dos cães não deverá ser
instalado numa cozinha devido ao convite que a proximidade dos nossos alimentos
proporciona. Gente mais descontraída, descuidada e por vezes até menos chegada
à higiene, para além de não seguir estas regras, ainda dá de comer aos cães
quando está cozinhar ou quando está a comer à mesa, tornando os animais ávidos pela
comida que não é sua e podendo com isso contribuir para sua intoxicação e morte
de forma involuntária.
Para
segurança de todos e em particular dos cães, não lhes deve ser consentido pular
sobre armários, balcões, mesas e cadeiras, porque uma vez sozinhos e tomados da
ansiedade da separação poderão transformar a casa num alvoroço e causar
incidentes de maior ou menor gravidade. Apesar do antropomorfismo presente
nas gerações actuais dominar o panorama canino, os cães permanecerão cães e
jamais serão homens, por mais desencantados que os seus donos estejam com a
humanidade. Ainda que muito nos custe, a coabitação de pessoas com cães exige
ser regrada, para que todos possam contribuir do seu modo para a desejável
harmonia doméstica.
Para se evitarem dissabores de vária ordem, alimentos, medicamentos insecticidas e materiais de limpeza não deverão estar ao alcance dos animais que passam longas horas sozinhos dentro de casa, independentemente de serem diurnas ou nocturnas. Os cães deverão comer as horas certas, sempre no local determinado para isso e em horários desencontrados com os dos seus donos. A maioria dos cães ditos gulosos são-no porque os donos transformaram-nos nisso. Deverão ser os donos a determinar o modo e aquilo a que os cães têm acesso, porque doutro modo, à imitação do que sucedeu em Bourges, os bombeiros acabarão por ser chamados de emergência.
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