Segundo
a classificação do jornal diário escocês on-line “The Scotsman” as 10 raças
caninas mais teimosão são, por ordem decrescente: 1º _ Akita Inu; 2º _ Galgo
Afegão; 3º _ Bulldog Inglês; 4º _ Basset Hound; 5º _ Shiba Inu; 6º _ Chihuahua;
7º _ Jack Russell Terrier; 8º _ Weimaraner; 9º _ Dachshund e 10º _ Sharpei. Não
restam dúvidas que estamos perante raças teimosas, às quais poderíamos
acrescentar sem preocupações de ordem, o Basenji, o Cão de Água Português e o Dálmata,
muito embora teimosia canina não se possa desligar em muitos casos da tibieza e
aceitação dos seus donos, porque doutra maneira jamais certas raças
sobreviveriam perante tamanho atentado ao seu viver social, que não dispensa a
hierarquia e os seus benefícios.
É
o homem e mais ninguém, pelas suas virtudes e defeitos inatos, empenho e
desempenho (acção e inacção), apesar dos cães nascerem diferentes, quem os faz
mais ou menos obedientes, manhosos, resilientes, obstinados e até potenciais
assassinos pelo aproveitamento individual do potencial genético de cada um
deles, potencial genético que nalguns casos, perante pouca ou nenhuma oposição,
levará alguns cães à apropriação de prerrogativas que normalmente pertenceriam
aos seus donos e que poderão fundamentar-lhes tanto a teimosia como a rebeldia segundo
a potência dos seus impulsos à luta e ao poder.
Cães
que nascem com fortíssimos impulsos à luta e ao poder, que são raros, por
dispensarem a provocação e a indução, podem tornar-se extraordinariamente agressivos
e incontroláveis quando convidados para estas acções, fenómeno que
esporadicamente acontece nas companhias cinotécnicas policiais e militares, o
que obrigará à escolha criteriosa dos homens para a sua parceria. Não raramente
são vingativos, são reactivos à violência e podem morrer a lutar.
Voltando
aos cães teimosos. Não se pode chamar teimoso a um cão que morre de medo ou a
outro que manifestamente não nasceu para interagir, porque o primeiro teme a
parceria e o segundo não nasceu para ela. A esmagadora maioria dos cães
escolhidos somente pelos seus instintos resiste à interacção para além daquilo para
o que foram criados e um cão medroso tende a recear a interacção e os seus
agentes, mesmo que sejam os seus donos, pelo que não devem ser considerados
medrosos. A coacção e o medo ao castigo, ao contrário do que julgam alguns
tolos, podem gerar inibição nos cães e isso não deve ser confundido com
teimosia.
Assim, a teimosia canina, tal qual a manha, resulta normalmente da inacção humana, da ausência de uma liderança experimentada e activa, que abdica do seu papel para se comprazer com as diabruras dos animais. Mais de metade dos indicados na lista dos mais teimosos pelo jornal The Scotsman são cães de caça, por isso mesmo instintivos e tenazes no seu ofício, o que nada tem a ver com teimosia, mas com a necessária resiliência cinegética. Quanto aos outros, estamos a falar de cães que não se podem etiquetar como “cães de trabalho” também eles instintivos e de baixa capacidade de aprendizagem, onde os spitz se destacam, grupo de cães mais introspectivos do que activos, amigos de fazer a sua própria vontade. Teimoso é o meu cão quando sabe o que quero dele e finge que não me entende!
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